segunda-feira

O que me move ...


"A vontade de se tornar algo melhor a cada dia é o que faz do ser humano um sonhador. Ele projeta ideias e desejos e luta para transformar o que um dia foi um simples pensamento em uma situação real. Nunca desistir de algo que se deseja muito e que se almeja, deve fazer parte da vida. O ser humano sonha ... mas se ele apenas sonhasse nunca saberia do que é capaz. É preciso conquistar os sonhos." (autor desconhecido)

domingo

Publicação da Monografia

A razão que motivou a escolha do tema de minha monografia, trabalho de término de graduação,foi a falta de literatura no Brasil feita por uma fã (em primeira pessoa) e que enfocasse as razões socioculturais do fenômeno Beatles e sua expressão musical. Cresci ouvindo-os e adorando-os e quis transmitir aos seus admiradores e não admiradores,toda minha experiência e concepção desses "fab-four": John LennonPaul McCartney, George HarrisonRingo Starr.

sexta-feira

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Faculdade de Filosofia, Letras e Educação
Curso de Letras



Maria Lúcia Rico Koseki




A BEATLEMANIA NA CONCEPÇÃO DE UMA JOVEM PAULISTANA CONTEMPORÂNEA
Influência dos Beatles na Juventude Brasileira



São Paulo
2003







Trabalho de Graduação Interdisciplinar apresentado ao Curso de Letras da Universidade Mackenzie para obtenção do grau de Bacharel em Letras.




Orientadora: Profa.  MS. Vera Lúcia Harabagi Hanna





AGRADECIMENTOS

A meu marido Edson, meus filhos Marcel e Marcos e à Luiza, minha colaboradora de muitos anos,  por estarem a meu lado nessa caminhada com alguns espinhos mas com muitas flores.

Ao meu pai Diogo e minha mãe Dolores, que já não está conosco há muito tempo, mas que tenho certeza estaria muito orgulhosa se pudesse me ver hoje; aos meus irmãos e cunhados, em especial à Gê e ao Pedrinho que me ajudaram com suas lembranças.

À Maria Ângela Gomes Morethzsohn que sempre me incentivou,  mostrando que eu poderia conseguir tudo que eu quisesse mas eu teria que tentar.

A todos os professores, pois todos foram responsáveis pela minha formação, pelo meu crescimento como ser humano e  como cidadã.

Aos professores, em especial:  Elaine, que foi a primeira a sugerir os Beatles como tema de meu TGI; Camilo e Rose que me incentivaram no tema escolhido;  Ronaldo Batista pela sua atenção, sempre que eu tinha alguma dúvida gramatical e  professor Hugo que também sempre foi muito prestativo quando eu pedia ajuda na interpretação das músicas.

Aos meus colegas de classe Marta, Vanessa, Beatriz,  Juliana,  Joelisa,  Fernanda Carolina, Andréa e Edson que sempre me trataram com o maior carinho e paciência. Em especial, quero agradecer à Fernanda Gama Bezerra  que sempre me apoiou, inclusive em uma época que eu não estava bem de saúde e achava que não daria mais para continuar com a faculdade; ela sempre me incentivava e dizia para eu não desistir que tudo daria certo ... e deu!

Aos fãs dos Beatles que gentilmente responderam às perguntas da Pesquisa Brasil 2003 do Capítulo III, sobre influência e atemporalidade dos “quatro fabulosos”. Fãs como Roger do grupo “Ultrage a Rigor” e Lilian Knapp do “Leno e Lilian” (Jovem Guarda) que foram muito atenciosos.
Ao José Paulo de Andrade do programa Pulo do Gato da Rádio Bandeirantes que gentilmente forneceu-me informações sobre a música dos anos 60.

Ao Rubens Ewald Filho, crítico de cinema, pelas informações preciosas que forneceu em constantes trocas de e-mails.

À professora MS. Vera Lúcia Harabagi Hanna, minha orientadora, pelo apoio e compreensão.




SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 
Capítulo I – CONTEXTO SOCIOCULTURAL
1. Guerras Mundiais
1.1. Conseqüências das Guerras
2. Revolução Cultural dos anos 60
3. Brasil – O Golpe Militar e a Censura
Capítulo II – CONTEXTO MUSICAL DOS BEATLES
1. Breve História – da Música Popular ao “Rock”
1.1. Raízes e Evolução do “Rock and Roll”
2. Os Beatles: de Liverpool à América
2.1. Do “Skiffle” ao Ié-Ié-Ié
3. A Música Jovem no Brasil
Capítulo III – A BEATLEMANIA NO BRASIL
1.      A influência dos Beatles na Juventude Brasileira
1.1. Evolução Musical dos “Fab-four”e Evolução da Música Jovem do Brasil
1.2. A Atemporalidade  dos Beatles – Pesquisa Brasil 2003
CONCLUSÃO 
ANEXOS 
BIBLIOGRAFIA 




“A vontade de se tornar algo melhor
 a cada dia
 é o que faz do ser humano um sonhador.
 Ele projeta idéias e desejos
 e luta para transformar o que um dia
 foi um simples pensamento em uma situação real.
 Nunca desistir de algo que se
 deseja muito e que se almeja
 devem fazer parte da vida.
 O ser humano sonha!
 Mas se ele apenas sonhasse
 nunca saberia do que é capaz.
 É preciso conquistar os sonhos.”
                                                                             (autor desconhecido)



Dedico esta monografia  a todos aqueles que acreditam que nunca é tarde para realizar seus sonhos.


RESUMO
Este trabalho de graduação foi elaborado a partir do contexto em que a Beatlemania  surgiu, analisando a situação sociocultural que a criou. A influência musical e cultural dos Beatles no mundo e especificamente no Brasil foi enfocada sob o ponto de vista de uma fã que se valeu de recursos científicos e emocionais. Paralelamente,  foi abordada a evolução musical dos “quatro rapazes de Liverpool” desde o “rock and roll” até o “rock” – a partir de músicas com letras e acompanhamentos simples até aquelas músicas com letras mais bem trabalhadas e arranjos mais complicados. A atemporalidade foi evidenciada pela mídia e através de  entrevistas a fãs dos 14 aos 59 anos, mostrando que os Beatles ainda estão  muito presentes nos dias de  hoje.

                           


INTRODUÇÃO

           A década de 60 foi marcada pela afirmação do importante papel do jovem no mundo. Os Beatles mereceram destaque especial como parte atuante e de muita influência nessa nova postura da juventude.
          Neste trabalho de graduação “A Beatlemania na concepção de uma jovem paulistana contemporânea” será abordada a influência cultural  dos Beatles, especificamente, na juventude brasileira: na música, nos cabelos, na maneira de vestir, no comportamento etc. Conseqüentemente, duas outras temáticas necessitarão ser consideradas: a  evolução musical e a atemporalidade dos “quatro rapazes de Liverpool”. Esta monografia será dividida em três capítulos, para melhor argumentar as temáticas: Capítulo I - Contexto Sociocultural e Capítulo II -Contexto Musical, nos quais será utilizada a terceira pessoa - forma impessoal,  e  Capítulo III – A Beatlemania no Brasil, no qual será utilizada a primeira pessoa do singular para melhor serem exteriorizadas as concepções “de uma jovem paulistana contemporânea”.
Para iniciar o trajeto deste trabalho interdisciplinar, no Capítulo I será enfocada a situação sociocultural da época - as Grandes Guerras, as crises econômicas e o desenvolvimento das potências mundiais -  que, enfim, contribuiram para o aparecimento do “rock and roll” e depois da Beatlemania.  A Revolução Cultural dos anos 60 também será abordada, sucintamente, desde o existencialismo de Martin Heidegger,  de grande influência no desencadeamento da revolução, até o grande acontecimento jovem que foi o Festival de Woodstock em 1969 com a presença de aproximadamente quinhentos mil participantes. Para terminar este capítulo,  será apresentada uma síntese da situação político-social na época em que a Beatlemania chegou.
            No Contexto Musical, Capítulo II, serão analisadas as circunstâncias musicais em que os Beatles se formaram.  As origens do “rock-and-roll” serão remontadas,  desde a música folclórica,  cantada pelos negros vindos da África para trabalhar na agricultura do sul dos E.U.A,  até o “rhythm and blue” última passagem para o “rock and roll”. Será contextualizada a importância do “skiffle” – música folclórica inglesa – que aliada ao “rock and roll” despertou nos Beatles o interesse pela música. A trajetória musical brasileira também será traçada, resumidamente,  desde a Era do Rádio até o final dos anos 60,  quando da influência do ié-ié-ié dos Beatles.
            Finalmente no Capítulo III – o corpus do trabalho – será analisada a influência dos Beatles na juventude brasileira e necessariamente serão analisadas a evolução musical e a atemporalidade dos Beatles. Para analisar a influência e a atemporalidade, além de pesquisa a livros, outras fontes foram utilizadas, como pesquisas a jornais, a estações de rádio, a sites da Internet, além de  entrevistas, emocionantes,  a vinte e seis fãs dos “fab-four”. Quanto à evolução musical serão comparadas músicas e letras do início, meio e fim da carreira dos quatro rapazes de Liverpool, desde o “rock and roll”, a criação do ié-ié-ié e em seguida a criação do “rock” pelos Beatles.
Como complemento,  este trabalho contará com  cinco anexos, sendo o   Anexo 1  uma  colagem que além de pretender ser um retrato da Beatlemania,  será um jogo do tipo “Onde está Wally?”. Além de mostrar os Beatles em várias fases, nessa colagem poderão  ser encontrados Lizzie Bravo - a fã brasileira que gravou com os Beatles -,  a “jovem paulistana contemporânea” aos vinte anos, seu filho Marcos aos dezessete anos e o cachorrinho “Beatle”. O anexo 2 será a Discografia Brasileira, contemporânea aos Beatles e o anexo 3 será a Discografia Inglesa que é a oficial até hoje. Como anexo 4,  será colocada a Filmografia dos “fab-four” no Brasil com as datas de lançamentos, fornecidas muito gentilmente pelo crítico de cinema Rubens Ewald Filho, com fotos e outras informações importantes.
Este Trabalho de Graduação Interdisciplinar será destinado não só aos Beatlemaníacos,  mas a  todos que apreciem as línguas portuguesa e inglesa, as culturas brasileira, americana e britânica, bons “rocks”, belos versos ...




                                                         Capítulo I

CONTEXTO SOCIOCULTURAL

 

 1. Guerras Mundiais

No início dos anos 40, quando  do nascimento dos quatro Beatles, Ringo, John, Paul e George,  a Grã-Bretanha enfrentava uma época bastante tumultuada.  Em plena II Guerra Mundial,  toda  a população européia vivia  um “inferno em vida”.

Anteriormente, o planeta já havia presenciado uma I Guerra Mundial, entre os anos de 1914 e 1918  e o motivo dessa Grande Guerra, como era chamada na época  e da II Guerra, com enfoques diferenciados, era  o mesmo:  a ganância das grandes potências por mais poder e dinheiro.  Segundo contextualiza Cotrim (1991, p. 188): “As ambições imperialistas associadas ao nacionalismo fomentavam todo um clima internacional de tensões e agressividade.”

Dessa forma, no final do século XIX, a Grã-Bretanha  era a maior potência capitalista no mundo graças à industrialização - com a chamada Revolução Industrial a partir da segunda metade do século XVIII -   e às conquistas territoriais e a Alemanha almejava superá-la e dispunha de  condições. Com esse objetivo e para se proteger do Império Russo1, que era uma ameaça ao domínio de suas fronteiras,  a Alemanha juntou-se   à Áustria-Hungria e à Itália, que também se sentiam ameaçadas,  formando a Tríplice Aliança.

Por outro lado, a França  sentia-se prejudicada desde a guerra franco-prussiana de 1871,  quando teve que entregar  à Alemanha os ricos territórios da Alsácia e de Lorena e pagar uma pesada indenização. Assim, o crescente poder  alemão aproximou a França  à Grã-Bretanha e  ao Império Russo, que firmaram a Tríplice Entente no início do século XX.

Em continuidade Cotrim  relata que em agosto de 1914, com o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando da Áustria-Hungria,  a Alemanha  teve a oportunidade que estava esperando para, juntamente com a Tríplice Aliança,  decretar guerra aos países da Tríplice Entente.

Então,  com a Europa em combate,  os E.U.A  desenvolveram sua economia: exportavam para os europeus  e ampliavam sua participação  nos mercados industriais mundiais.  Mais tarde, em 1917,  entraram  para a guerra quando tiveram sua rota mercante ameaçada e o submarino “Lusitânia” destruído.

            Abram-se aqui parênteses para  se observar  que a União Soviética,   ao mesmo tempo que combatia na guerra para defender seus domínios, enfrentava uma revolução liderada por Josef Stalin, que implantava o socialismo, rompendo com a ordem econômica capitalista, segundo Cotrim.

Continuando,  em 1918   a Tríplice Aliança foi derrotada e assinou o Tratado de Versalhes, que responsabilizou a Alemanha por todas as perdas e danos. Esta recebeu duras penalidades, tais como, devolução de diversos territórios conquistados e renúncia a possessões coloniais.

Dando continuidade ao relato sobre as guerras, segundo Cotrim, aproximadamente duas décadas após o término da I Guerra Mundial, quando a Europa e os E.U.A mal haviam se recuperado, eclodiu a II Guerra Mundial que foi, sobretudo, uma revanche da Alemanha. Hitler do partido Nazista, no poder desde 1934,   dizia-se humilhado pelo Tratado de Versalhes firmado após a guerra  e culpava os judeus e comunistas por todos os males da nação alemã. Sustentava a superioridade da raça “ariana - alemães louros e de olhos azuis”.  Impôs rapidamente  uma ditadura totalitária.
Uma vez que  Hitler estava decidido a conquistar a Europa  invadiu a Polônia em 1939, depois de anexar a Áustria,   em um golpe de estado,  e  quase toda a Tchecoslováquia a seus domínios. Dois dias depois  a Grã-Bretanha e a França reagiram declarando guerra à Alemanha.
Entretanto, a contra-ofensiva foi arrasadora e Londres foi duramente atingida por seguidos bombardeios dos aviões alemães que duraram três dias consecutivos.  Winston Churchill, nessa ocasião,  era o responsável pela defesa da Grã-Bretanha na guerra e passou a ser o primeiro ministro inglês.
Nesta fase, após intensos combates,  a Alemanha dominou a França.  O general  Charles De Gaulle,  líder do grupo “franceses livres” fez apelo na rádio BBC de Londres para que as tropas francesas resistissem à ocupação nazista.
Em 1941, com a França ocupada pelos alemães, os E.U.A aderiram à guerra depois que os japoneses destruíram “Pearl Harbor” no Havaí. Nesse mesmo ano, guiados pela ambição de domínio e poder, os alemães invadiram  a União Soviética que aderiu à guerra.
Juntando-se à guerra com o intuito de ajudar os E.U.A, o Brasil enviou um destacamento de aproximadamente vinte e cinco mil homens  da Força Expedicionária Brasileira (FEB)   para desalojar forças alemãs da Itália  de Benito Mussolini2  que havia se rendido.
Um acontecimento de extrema importância  nessa guerra  foi o  chamado “dia D”,  em 06 de junho de 1944, quando os E.U.A e a Grã-Bretanha invadiram a Normandia e recuperaram a França dos nazistas.  Dias depois, com o suicídio de Hitler e de sua esposa Eva Braun, efetivou-se a rendição alemã, em 9 de maio de 1945.
Por outro lado, conforme Cotrim escreve, a guerra continuou até agosto,  quando os E.U.A,  para dar uma mostra de sua força militar ao mundo,  explodiram duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki,  coagindo a rendição do Japão; foi o maior extermínio humano de todos os tempos -  aproximadamente cento e cinqüenta e duas mil pessoas morreram e outras cento e cinqüenta mil ficaram feridas e com gravíssimas seqüelas.

1.1. Conseqüências das Guerras
Com relação ao pós-primeira guerra, de acordo com Cotrim, os países europeus, que se encontravam devastados, voltaram a organizar sua estrutura produtiva e reduziram suas importações dos E.U.A.  A produção americana continuou a crescer,  surgindo assim uma crise de superprodução, isto é, havia muita mercadoria para poucos com condições de compra. Fábricas fecharam e milhões de pessoas ficaram desempregadas. O marco dessa grande crise foi a queda das ações da Bolsa de Nova Iorque, a chamada Grande Depressão de 29.  O mundo inteiro sofreu os seus reflexos.
Desse modo, a Grã-Bretanha, assim como toda a Europa,  que já vinha de crises causadas pela guerra, também foi grandemente afetada pela depressão de 1929. De 1930 a 1933, três milhões de trabalhadores ingleses ficaram desempregados e as áreas mais afetadas foram aquelas nas quais tinha havido a Revolução Industrial: Clydeside, Belfast, o Norte industrial da Inglaterra e o sudeste do País de Gales (McDOWALL, David, 1989, p. 164-165, tradução nossa)3. 
Segundo Neves (2003), o Brasil também sofreu os efeitos da grande depressão, porém,   de forma indireta, pois o processo de industrialização ainda não começara. Como ninguém comprava dos E.U.A, estes também não podiam comprar, assim diminuíram e muito a importação do café, nosso principal produto de exportação, o que causou uma queda internacional de preços. Para que os preços voltassem a subir houve queima do produto. Essa queda na economia  foi um  dos itens  responsáveis pela  eclosão da Revolução de 1930, quando tomou posse da presidência  Getúlio Vargas.
Como já mencionado,  a queda da bolsa de Nova Iorque de 29 trouxe uma enorme crise financeira nos E.U.A e em 1933, conforme  Cotrim (1991) escreve, Franklin Roosevelt,  do partido democrata,  assumiu a presidência dos E.U.A e implantou  o “Novo Contrato” – plano econômico para restabelecer a situação do país. Consistia em conciliar as  iniciativas privadas com a intervenção do Estado na economia. Durou apenas cinco anos, porém, seu impacto na vida  americana  foi muito duradouro. Quase todos os  aspectos da vida econômica, social e política das décadas que se seguiram levaram a marca da liderança de Roosevelt. A recuperação econômica foi  modesta, porém Roosevelt foi  a força psicológica que o povo americano necessitava para suportar e sobreviver durante a Grande Depressão.
Dessa maneira, por volta de 1937, os E.U.A puderam ajudar financeiramente a Grã-Bretanha que  necessitava  reconstruir as forças armadas,  investindo na indústria pesada com a produção de armas, aeronaves e equipamentos de guerra (McDOWALL, David, 1989, p. 165, tradução nossa)4.
Cotrim relata que como conseqüência política da crise capitalista e o medo da expansão socialista dos russos,  surgiu  um clima favorável para o avanço de regimes totalitários no mundo, apoiado pelos E.U.A:  na Itália o fascismo de Mussolini, na Alemanha o nazismo de Hitler  e os de inspiração nazi-fascista  na Espanha, liderada por Francisco Franco e em Portugal por Antonio Salazar.   Simultaneamente, no Brasil,  a ideologia nazi-fascista era representada pela Ação Integralista Brasileira de Plínio Salgado  que,  mais tarde,  ajudou Getúlio Vargas a implantar a ditadura do Estado Novo.
Quanto às conseqüências da II Guerra Mundial, deve-se ressaltar o enorme avanço tecnológico e  a criação de um importante órgão mundial em 1945 que foi a O.N.U. - Organização das Nações Unidas - organização internacional com o objetivo de unificar a comunidade mundial de estados na busca da paz e da cooperação econômica, social e cultural. Uma das primeiras decisões relevantes da O N.U foi a divisão da Palestina entre árabes e judeus com a criação do Estado de Israel. Porém, atualmente, nesse ano 2003, após a guerra dos E.U.A contra o Iraque tem-se uma O N.U enfraquecida de seus poderes pela paz mundial,  mas que tenta retomar sua posição original.
Durante a II Guerra Mundial,  os  E.U.A  lideravam os países da Europa Ocidental e a União Soviética os países da Europa Oriental,  assim, com o fim da guerra, aqueles tornaram-se líderes do bloco dos países capitalistas e estes últimos  do bloco dos países socialistas. A  Alemanha, por sua vez,   foi dividida em duas – República Federal da Alemanha, sob influência dos Estados Unidos e República Democrática Alemã, sob a influência da União Soviética.
É preciso observar que, segundo Cotrim,  além da O.N.U,  muitos órgãos governamentais foram criados no pós-guerra. Assim, em 1947 foi criada a C.I.A, Agência Central de Inteligência, órgão destinado a dirigir as atividades de espionagem, contra-espionagem e ação encoberta em países estrangeiros. Nos dois anos seguintes, respectivamente, foram criadas a O.E.A, Organização dos Estados Americanos e a O.T.A.N., Organização do Tratado do Atlântico Norte, este último, declaradamente, para proteger os países da Europa Ocidental de qualquer agressão russa.
Como mencionado anteriormente, após a I Guerra os governo totalitários foram incentivados pelos países capitalistas em decorrência do  temor à expansão comunista. Então, para complicar ainda mais, no pós-segunda guerra a escassez na Europa  estava trazendo descontentamentos e crescente aumento do voto comunista. Então, o presidente americano, Harry Truman, anunciou o Plano Marshall, um apoio econômico e militar a todos os países ameaçados pelo comunismo.
Se por um lado a União Soviética formava uma “cortina de ferro” no Leste Europeu, como acusou Winston Churchill, ex-primeiro ministro da Grã-Bretanha, os E.U.A também tomavam suas atitudes de defesa,  já mencionadas.  Iniciava-se então,  a chamada “guerra fria”, isto é,  um conturbado relacionamento entre os E.U.A e a União Soviética que durou até a primeira metade dos anos 90, com a queda do governo socialista-burocrata regido nesta última.
Portanto, a “guerra fria” foi, principalmente,  uma disputa pelas possessões e pelas supremacias organizacionais e tecnológicas. Se os E.U.A possuíam a C.I.A, a União Soviética possuía a K.G.B. (Comitê de Segurança do Estado – objetivos idênticos aos da C.I.A). Porém, um fato era real, ambos,  constantemente, tomavam atitudes desprovidas de conceitos como moral e ética.
De acordo com Divine (1990), no plano político-social os E.U.A, temerosos da invasão comunista em seus territórios, realizaram de 1950 a 1954, uma verdadeira “caça às bruxas”, liderada pelo Senador republicano Joseph R. McCarthy, que  perseguiu e prendeu culpados e inocentes, acusados de comunistas. Foi o chamado “Macarthismo”.
Note-se que a “guerra fria” teve seu momento de maior tensão quando os soviéticos proibiram a livre circulação de pessoas entre o lado ocidental e oriental de Berlim – capital da Alemanha Oriental, conforme narra Divine. Para aumentar a crise, a União Soviética e os países do bloco comunista assinaram o Pacto de Varsóvia, uma comunidade de defesa em reação à OTAN, em 1955.
A Grã-Bretanha, assim como outros países da Europa no pós-guerra, tornou-se dependente economicamente dos E.U.A, devido ao empréstimo do Plano Marshall, conforme já relatado. Entretanto, na década de 50 ainda era considerada um poder mundial que foi reforçado graças ao desenvolvimento tecnológico que a fez crescer militarmente e ficar mais próxima política e economicamente dos E.U.A (McDOWALL, David, 1989, p.168-170, tradução nossa)5.
Outro acontecimento importante do pós-segunda guerra, conforme relata Cotrim (1991),  foram as lutas pela independência política dos países africanos e asiáticos dominados pelo imperialismo. Essas lutas tornaram-se mais acessíveis, pois os países, dentre eles a Grã-Bretanha,  já não auferiam, economicamente,  manter essas colônias, que ao tornarem-se independentes,  deram origem ao chamado Terceiro Mundo. Até hoje, esses países convivem com sérios problemas sócio-econômicos e  continuam submetidos aos interesses das grandes potências.


2. Revolução Cultural dos anos 60

O século XX iniciou-se dentro da crença no homem e na ciência, era o chamado Otimismo Filosófico. Porém,  esse otimismo logo foi substituído pelo pessimismo,  inicialmente com a eclosão da I Guerra Mundial e poucos anos mais tarde com a II Guerra Mundial. Uma filosofia típica do pós-guerra adveio então na tentativa de reconstruir o homem em função da sua tragédia. Surgia a filosofia “existencialista”6 que buscava saber o que havia de errado com o homem,  uma vez que ele constitui-se no mais importante ser do planeta terra. Dessa forma, o mundo começava a reorganizar-se e vivenciar o cotidiano.
Então, os anos 50 trouxeram  novas expectativas de vida,  apesar de serem conhecidos como a “era do conformismo”. Sobretudo, o jovem americano e europeu ao ganhar  espaço de trabalho nas indústrias, pôde emancipar-se economicamente e passar a explorar novos horizontes.
Note-se que a tensão causada, principalmente,  pela “guerra fria”, pelas lutas de independência dos países africanos,  asiáticos e pela luta armada nos países latinos eram uma constante ameaça à paz mundial.  Então, o não-conformismo e a insurgência diante dos padrões de comportamento e diante dos acontecimentos mundiais levaram o jovem a ansiar uma transformação e se manifestar.
Segundo Gonzaga (2003), os  anos 60 chegaram,  então,  com uma palavra de ordem, uma palavra símbolo que foi a mestra em textos, panfletos, manifestos e no dia-a-dia da juventude que ansiava por mudanças – revolução foi a palavra.  Foi uma rebelião contra os costumes, “o formalismo e a rigidez de uma sociedade  autoritária e repressiva”.
Continuando o autor diz que essa revolução cultural foi liderada, principalmente, pela juventude norte-americana que se baseava na aversão pelos valores de seus pais e nas teorias “de uma nova esquerda” do filósofo da contracultura o alemão Herbert Marcuse7,  nas quais criticava tanto o capitalismo quanto o comunismo.
            Em poucos anos, novos padrões de vida foram se impondo, muitos tabus morais caíram e muitos valores foram questionados. O entendimento entre pais e filhos tornava-se difícil e os conflitos entre as gerações eram inevitáveis. O mundo lá fora era uma promessa de liberdade, paz, amor e sexo; o jovem questionava a vida em família e ponderava o ato de morar sozinho.
Remotamente, o prenúncio da emancipação feminina veio com o ingresso das mulheres no mercado de trabalho durante a Revolução Industrial na Grã-Bretanha, século XVIII e mais tarde durante as duas grandes guerras quando o homem deixou seu trabalho para ir para os combates. O progresso da condição feminina foi  elemento importantíssimo  para a revolução dos costumes nos anos 60.
É preciso também chamar a atenção para a importância da primeira pílula anticoncepcional, chamada Enovid, que  chegou às farmácias britânicas em 1961 e  constituiu-se em um lançamento essencial para a liberdade sexual da mulher depois do “baby boom”8 dos anos 50.
Segundo Gonzaga,  dois anos depois, em 1963, a feminista Beth Friedan, publicou o livro “The Feminine Mystique” e iniciou  esforços para despertar a consciência feminina. Sustentava que as donas de casa não possuíam amor próprio, nem sentimento de identidade  e que o lar americano era um “campo de concentração confortável” para as mulheres. O domínio patriarcal - primeiro do pai e depois do marido - tinha seus dias contados.
Nesse mesmo ano, configurou-se também um importante movimento em favor da igualdade racial. Com a Marcha sobre Washington, o líder negro Martin Luther King9 e milhares de pessoas exigiam igualdade de direitos para os negros e rejeitavam toda e qualquer espécie de discriminação.
Em 1964, a Beatlemania invadiu e escandalizou o mundo.  Os Beatles, com seus cabelos compridos e seu “ié-ié-ié”,  fizeram muitos  pais perderem o sono. Os rapazes deixavam os cabelos crescer e as garotas com seus gritos e suspiros “eróticos” eram uma afronta aos bons modos femininos.
Nessa época, o estilista americano Rudi Gernreich lançou o “topless” e deixou o mundo chocado. Após dois anos,  em 1966,   a inglesa Mary Quant  lançou a minissaia que foi popularizada pela modelo Twiggy.  Essa vestimenta, assim como o vestido em linha reta – chamado “tubinho” - e as botas agitaram a moda e mudaram os hábitos.
Além da publicação acima citada, Beth Friedan, em 1966,  fundou a “National Organization for Women – NOW” de liderança moderada; logo surgiram outras organizações mais extremistas.
Continuando, Gonzaga  acrescenta à grande rebelião  dos costumes dos anos 60,  a assimilação de ideologias ligadas às  revoluções políticas. Ernesto Che-Guevara, revolucionário argentino,  caracterizou a grande influência e o grande símbolo guerrilheiro que seduzia os estudantes do Terceiro Mundo, assim como  a ideologia  pacifista atraia jovens americanos envolvidos com a guerra do Vietnã deflagrada em 1965.
Da mesma forma,   uma revolução política foi feita dentro do regime comunista da China, em abril de 1966 e movimentou todo o povo. O líder Mao Tse-tung lançou a revolução cultural chinesa e levou às  ruas de Pequim milhares de jovens que empunham o livro vermelho do  governo reformulado.
Deve-se, em tempo,  enfatizar,  que o movimento estudantil representou a vanguarda nos protestos por todo o mundo. Conforme relata Gonzaga, em maio de 1968, estudantes franceses revoltaram-se contra a estrutura ultrapassada do ensino e criaram grandes  lemas, tais como,  “É proibido proibir” e “Sejamos realistas, que se peça o impossível”.  Tais lemas apesar do sentido imediato do “nada dizer” nada tiveram de irracionais.  Caetano Veloso, nesse mesmo ano, fazendo uso do lema,  lançou no Brasil a música “É proibido proibir”,  como um protesto ao excesso de regras estabelecidas.
Com relação às artes, a “alta cultura” (artes plásticas, literatura e música erudita) cedeu espaço para a contracultura. Emergia uma cultura contestadora e pouco requintada, dirigida às grandes massas,  cuja principal expressão era a música pop, representada pelo rock gritante dos Beatles, anteriormente mencionados,  e pela música de protesto que teve como principal representante Bob Dylan. Andy Warhold10, grande mestre da pop arte, criticou a avidez do consumismo no mundo, marcado pela produção em grande escala.
Para Miranda (1990)  a contracultura foi,  então,  um veículo de exaltação à liberdade e de apologia à utopia (- o sonho começou11 -), exigências da rebeldia da nova geração. Os “hippies” eram os  representantes de todo o movimento de contracultura e a bandeira levantada era a do “flower power”: cabelos compridos, liberação sexual, drogas, gíria e rock and roll. O grande guru dos hippies foi Timothy Leary12   e o lema “hippie”:   “paz e amor”.
Como um dos últimos e  maiores  eventos musicais da década da revolução cultural,  foi realizado o Festival de Woodstock, de 15 a 18 de agosto de 1969, em uma fazenda no estado de Nova Iorque. Reuniu cerca de  quinhentos mil jovens que conviveram  em clima de paz e harmonia, no auge da pregação em torno do sexo, drogas (para quem quisesse) e “rock'n'roll”. A mensagem dos jovens norte-americanos, simbolizada por Woodstock,  criticava o capitalismo sem apoiar o autoritarismo dos regimes socialistas. Condenava a guerra do Vietnã, mas desaprovava também a luta armada pela conquista do poder, preconizada pelos comunistas. Foi o evento mais significativo do movimento da contracultura dos “hippies”.

 3. Brasil – O Golpe Militar e a Censura

          Segundo Gonzaga (2003), enquanto o mundo passava por uma revolução sociocultural, o Brasil vivia um regime militar que se convertia no principal inimigo dos estudantes. Combatendo o regime militar o jovem também combatia a família tradicional e conservadora, uma vez que no país não houve uma rebelião contra os costumes como estava acontecendo nos Estados Unidos e na Europa. 
Em janeiro de 1956, segundo Neves (2003), com a posse do presidente eleito pelo povo, Juscelino Kubitschek, inaugurou-se no Brasil um período de muito otimismo. O novo governante tomou diversas medidas para comprovar seu compromisso com os princípios democráticos, sendo uma delas, a de colocar um fim  à censura à imprensa. Utilizando-se da base construída pelo (ex) presidente, Getúlio Vargas,  queria realizar "50 anos de progresso  em 5 de trabalho". Com o Plano de Metas criou  novas estradas, barragens,  siderúrgicas e atraiu novos capitais estrangeiros para a indústria automobilística.
          Juscelino possuía a convicção de que alavancaria o desenvolvimento industrial do Brasil. Tal certeza advinha do estado favorável da conjuntura econômica internacional, pois a Europa e o Japão, ávidos por oportunidades de investimentos rentáveis, estavam  recuperados dos prejuízos causados pela II Guerra,  em função da aplicação do Plano Marshall à primeira e das facilidades concedidas pelos E.U.A ao segundo.
Porém, de acordo com Neves, a dependência do capital externo criou um déficit  galopante e a dívida externa cresceu “escandalosamente” no Brasil. A inflação desvalorizou os salários,  aumentando o custo de vida. A classe pobre ficou mais pobre.   A situação do povo nordestino agravou-se devido à seca e aumentou a emigração  em busca de melhores condições no centro-sul, piorando a situação nas periferias dos centros urbanos. A oposição ganhava corpo e forma mas Juscelino não se  preocupou: transferiu a solução dos problemas por ele criados para o seu sucessor.
Em continuidade, Neves  ainda escreve que após o cumprimento do mandato de Juscelino,  o Brasil elegeu o novo presidente, Jânio da Silva Quadros,   em 03 de outubro de 1960.  Com um governo controverso, queria combinar política interna conservadora, deflacionista e antipopular com uma política externa arrogante para atrair a simpatia da esquerda. Acabou por atrair a desconfiança da burguesia e a ira dos militares e acusado de possuir intenções golpistas aproveitou a acusação para tentar uma manobra. Menos de sete meses da posse,  renunciou com a esperança de voltar fortalecido, porém sua renúncia foi aceita e seus planos falharam.  Assim, assumiu o vice João Goulart.
Observe-se que o governo de João Goulart foi marcado por  forte tensão, segundo escreve Neves.  Tanto a esquerda13 quanto a direita, na luta a favor ou contra as reformas de base propostas (reforma sindical, educacional, bancária, constitucional, eleitoral, tributária,  reforma agrária e outras), confrontavam-se todo o tempo, sem que o governo  conseguisse exercer qualquer controle sobre a situação.  Em 1º de abril de 1964,  um golpe militar depôs João Goulart, que foi exilado do Brasil.
           Então, assumiu o governo provisório o presidente da Câmara de Deputados Ranieri Mazzili. O  Comando Supremo Revolucionário promulgou o “Ato Institucional nº 1”, o qual dentre outras medidas radicais,  determinava que o poder passasse a ser monopolizado pelos militares.
Segundo Neves, em 15 de abril, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, eleito pelo Congresso,  assumiu a presidência.  Era divulgada uma lista de  setenta e dois nomes de cassados, entre os quais estavam parlamentares e oficiais do exército. As organizações trabalhistas14, a instituição universitária (mediante a punição de professores e alunos), assim como os partidos de esquerda15, foram perseguidos e fortemente reprimidos.  A União Nacional dos Estudantes (UNE) chegou a ser dissolvida.
Castelo Branco, com  um governo repressor e menos de um ano na presidência, morreu em  1965, vítima de um acidente aéreo. Assumiu a presidência do Brasil o marechal Costa e Silva,  eleito também pelo Congresso.
Dando continuidade aos relatos de  Neves  sobre  a ditadura militar, o novo presidente Costa e Silva,  promulgou a Constituição de 67   e  alterou a Carta Liberal de 1946.  Criou uma rígida Lei de Imprensa e decretou uma severa Lei de Segurança Nacional que contrariou todos os princípios de liberdades civis.
Observe-se que a ação revolucionária de Che Guevara, a revolução cultural chinesa e a guerra do Vietnã constituíram as grandes referências para a resistência armada ao regime dos grupos de esquerda no Brasil. Foram formados mais de quarenta grupos diferentes16, reunindo, no entanto, um contingente pouco numeroso de agentes revolucionários.
Por outro lado, os Destacamentos de Operações de Informações – Dentro de Operações de Defesa Interna – os DOI-CODI, atuando com grande margem de autonomia face às Forças Armadas,  perseguiram, prenderam e torturaram  indivíduos da oposição.  Foi uma verdadeira   “caça às bruxas” como o foi,  o chamado “macarthismo” nos E.U.A  no início dos  anos 50.
Para complicar a situação no país, conforme  Neves, no ano de 1968, o governo militar brasileiro decretou o fim das eleições  diretas, que ainda restavam, para prefeitos,  nas sessenta e oito cidades de segurança nacional. As manifestações de descontentamento contra o regime militar no Brasil, inaugurado em 1964,  se alastraram, atingindo até setores que haviam dado seu aval ao golpe. Utilizaram-se  táticas de comícios-relâmpagos e na medida  em que estes  eram bem sucedidos, o entusiasmo foi aumentando e logo deram lugar a grandes passeatas que passaram a ser severamente reprimidas.  A imprensa – jornais, revistas, rádio e televisão – era proibida de noticiar qualquer informação a respeito dos protestos.
Segundo Gonzaga (2003), um nacionalismo musical,  que via na música pop uma espécie de agente do imperialismo cultural inglês e norte-americano,  seduziu o público universitário. Era a chamada Música Popular Brasileira – MPB que, além de temas nostálgicos e amorosos, constituía-se de canções de protesto, entre outras, contra o regime militar, porém, através de mensagens poéticas “aurora”, “amanhã”, “carnaval” que simbolizavam  uma ordem contra a ditadura.   Integraram essa corrente, além de outros, Chico Buarque de Holanda, Geraldo Vandré, Sérgio Ricardo e Edu Lobo.
Existiu também, um movimento paralelo, sem engajamento político, com temáticas voltadas para um público mais jovem e menos sofisticado, que traduzia singelicamente,  em termos nacionais,  a explosão musical dos Beatles,  Rolling Stones, Jimmy Hendrix, Janes Joplin e outros. A guitarra elétrica que para os músicos da MPB era um instrumento imperialista,  para eles era a maneira de reproduzir o som que gostavam. Dentre os mais famosos tivemos:  Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléia.
O Tropicalismo foi a mais polêmica manifestação artística da época, conforme escreve Gonzaga. Esse movimento apareceu na música popular entre 1967 e 1968, representando uma espécie de síntese entre vários movimentos artísticos dos anos 60 e a irreverência vanguardista de 22. O tropicalismo significou uma rebelião contra os padrões musicais e ideológicos vigentes na chamada MPB. Em oposição a ela, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Capinam, Torquato Neto, e outros, compunham versos irônicos e às vezes até debochados, onde misturavam aspectos do Brasil primitivo com imagens do Brasil moderno. Assim, se colocavam à parte da ingenuidade dos compositores da esquerda que acreditavam poder mudar o país através de suas músicas. Como tudo que era novo e irreverente assustava o governo militar, este passou a perseguir, também, os tropicalistas.
Segundo Miranda (1990), no Rio de Janeiro em março de 1968, conflitos com a polícia militar levaram à morte o estudante Edson Luís de Lima Souto. Em julho, o Comando de Caça aos Comunistas – CCC – organização terrorista de extrema direita, destruiu o Teatro Galpão, onde era encenada a peça “Roda Viva” de Chico Buarque de Holanda e espancou vários artistas. Em outubro, centenas de estudantes que participaram do Congresso da UNE em Ibiúna foram presos. A música do III Festival Internacional da Canção “Caminhando – Prá não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré tornou-se hino estudantil nas passeatas de protestos contra as arbitrariedades da ditadura.
Continuando, Miranda  escreve que em dezembro, o ministro da justiça, Luiz Antonio da Gama,   anunciou em cadeia nacional a edição do Ato Institucional nº 5 (AI5) e do Ato Complementar nº 38 que decretava o recesso do Congresso Nacional, cassava mandatos e censurava ainda mais a imprensa que nada podia informar sobre os protestos contra a ditadura militar, conforme já citado. Dessa maneira, o governo passava a ter poderes absolutos sobre toda a nação.
Segundo Gonzaga, com a promulgação do AI5, o teatro, que passava por momentos fascinantes, teve muitas de suas peças proibidas. Além do Galpão, já citado, dois grupos se destacaram: Arena e Oficina. Suas encenações inovadoras de conteúdo político (simbólico, explícito) mobilizaram multidões de jovens universitários. As peças eram de forte apelo ideológico e levavam os espectadores a reforçar seus próprios ideais contestadores. Às vezes no final do espetáculo, como por exemplo - “Os pequenos burgueses” do Oficina -  o público cantava o hino nacional.
            Da mesma forma, muitos cineastas também foram perseguidos pela ditadura. Glauber Rocha, dentre outros, com o Cinema Novo propunha-se a fazer filmes baratos voltados para os problemas sociais e culturais brasileiros. Terra em transe, 1967, apresentava críticas ao populismo e ao paternalismo na política brasileira. A partir de 1968, surgia o Cinema Marginal, que denunciava a miséria do Terceiro Mundo.
Por outro lado, segundo Neves (2003), com o crescimento da oposição, em 1978, o processo de abertura ganhou força. Ao assumir a presidência em 15 de março de 1979, o general João Baptista de Figueiredo teve a tarefa de garantir a transição do regime ditatorial para o democrático.  Em 1985, após vinte e um anos de ditadura, Tancredo Neves foi eleito o primeiro presidente civil, porém ainda com eleições indiretas.
Uma vez que,  desde 1960 não havia eleições diretas no Brasil, em 1990, após muitos comícios e passeatas que reivindicavam “diretas já”,  Fernando Collor de Melo assumiu o primeiro governo civil eleito por voto direto.  Finalmente a democracia estava de volta.





Notas

[1] Império Russo (regime monárquico) foi assim denominado  até 1917 com a revolução comunista. Passou então a ser chamado U.R.S.S – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas  até 1990 com a queda do governo socialista-burocrata (regime comunista), quando houve o desmembramento dos países e a maior parte territorial que sobrou (região leste) passou  a ser chamada de Federação Russa, oficialmente, ou Rússia. Aqui a nação foi  nomeada como era chamada em cada época.

2 (1883-1945), chefe de governo da Itália (1922-1943) e fundador do fascismo italiano - regime político nacionalista de caráter totalitário que surgiu na Europa no entreguerras (1919-1939).

3  “(...) a serious economic crisis, known as ‘the depression’, was taking place. It affected Britain most severely from 1930 to 1933, when over three million workers were unemployed. (...)The areas most affected by the depression were those which had created Britain’s industrial revolution, including Clydeside, Belfast, the industrial north of England and southeast Wales.”

4 “The government suddenly had to rebuild its armed forces, and this meant investing a large amount of money in heavy industry.  By 1937 British industry was producing weapons, aircraft and equipment for war, with the help of money, from the United States.”

5 “Britain still considered itself to be a world power and this confidence was strengthened by three important technical developments in the 1950s which increased its military strength. (...) All these military and scientific developments drew more closely to the United States, both for political and financial reasons. (...) Like much of post-war Europe, Britain had become economically dependent on the Unitet States. Thanks to the US Marshall Aid Programme (...)”

6  Martin Heidberg (1889-1976) – Filosófo alemão; um dos fundadores do existencialismo.  

7 (1898-1979). Filósofo americano, nascido na Alemanha. Suas idéias sobre a emancipação sexual e a crise da sociedade tecnológica tiveram grande influência na rebelião estudantil dos anos 60.

8 Nome dado ao alto índice de natalidade após a II Guerra, depois da volta ao lar  das mulheres, quando da troca da sua mão-de-obra  pela dos homens.

9 (1929-1968) - Pastor Protestante e líder do movimento pela igualdade entre negros e brancos. Morreu assassinado em Memphis.

10 Suas maiores obras foram: “Lata de sopa Campbell de 19 cents” e  “Marilyn Monroe”.

[1]1 Nos anos 70, John Lennon, ao ser questionado sobre a separação dos Beatles, havia declarado  que “o sonho acabou” em referência aos anos 60,  nos quais os jovens clamavam pela  utopia, pelos sonhos, por isso o “slogan” o “sonho começou”.  John acrescentava, ainda, que os discos permaneceriam para quem quisesse ouvi-los. Toda ideologia contemporânea de John, contida nessa  expressão, pode ser apreendida na música “God” do mesmo ano.

12 (1920-1996). Psicólogo americano, muito influente no meio artístico e pesquisador de substâncias psicotrópicas. Escreveu o livro “A Psicologia do Prazer”em 1969.

13 Esquerda: termo político que designa os indivíduos  que defendem idéias ou posições progressistas em relação aos  que preferem manter  a situacão vigente, isto é,  aos de Direita.

14 O Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) e as organizações vinculadas às Ligas Camponesas no Nordeste sobretudo.

15 Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partido Comunista do Brasil (PC do B) e a Organização Revolucionária Marxista-política Operária – ORM-POLOP.

16 A Aliança Libertadora Nacional (ALN), o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8), o Comando de Libertação Nacional (COLINA), a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), a Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares (VAR – Palmares) e o Movimento Revolucionário Tiradentes, dentre os mais conhecidos.





     Capítulo II
     CONTEXTO MUSICAL DOS BEATLES
1. Breve História - da Música Popular ao  “Rock”

1.1. Raízes e Evolução do “Rock and Roll”

Segundo Frith  (2002),  a música,  através dos tempos,  sempre foi a maneira mais espontânea  e intensa das pessoas expressarem suas emoções. Assim,  o “rock and roll” estabeleceu-se como uma manifestação de troca e de integração entre os jovens dos anos 50,  que começavam a usufruir a autonomia financeira proporcionada pelos novos padrões econômicos da época.  O “rock and roll” foi o resultado  da fusão de  elementos de três estilos musicais:   música pop,  “hillbilly” – tipo de música “country”  - que foram as heranças brancas e do “rhythm and blues” – a herança negra.

Inicialmente, a música popular, a chamada música folclórica – do povo -  era  engajada nos rituais privados e públicos.  Nos últimos cem anos, ela  foi deixando de ser composta pelas pessoas dos próprios grupos e passou a depender de pessoas de outros grupos que a compusessem e foi se tornando  mais abrangente,  originando  assim a música  pop – “uma mercadoria para ser vendida”.

Apesar do “rock and roll” ser dominado por brancos, sua origem foi a música folclórica dos escravos trazidos da África para trabalhar nas plantações de algodão no sul dos Estados Unidos. Mais tarde, no início do século XX, os cantos melancólicos dos negros, entoados durante o trabalho, deram origem ao “blues”, focado no vocal e acompanhado, geralmente,  por violão. Nos anos 40, foi trazido para as cidades americanas do norte, pelos trabalhadores rurais que saíam de suas casas para, segundo Frith (2000; p. 8): “tirar proveito da guerra e dos problemas econômicos posteriores.”

 Durante o período de entreguerras, o cenário da música pop era a música dançante: das “big-bands”, das orquestras de “swing” – que adaptavam idéias e sons do “jazz” (baseado na improvisação) e do “blues” - e  teatral tirada dos musicais da Broadway. Pode-se destacar: as orquestras de Paul Mauriat, Ray Connif e os cantores Frank Sinatra, Matt Monro, Andy Williams e Eddie Fisher.

 Nessa integração, ao desenvolvimento do microfone elétrico e das técnicas de amplificação dos anos 30,  vieram juntar-se a invenção  da gravação em fita e da alta-fidelidade nos anos 50  que configuraram grandes melhorias nas  performances em geral.

          No início da década de 50, de acordo com Frith, para servir aos pequenos mercados musicais, surgiram disc-jóqueis – DJs – como Alan Freed de Cleveland, Ohio e um crescente número de pequenos selos independentes como a Atlantic,  a Chess e a Sun. Essas gravadoras produziam música negra – “blues” - e música inspirada no “hillbilly-country” dos brancos do sul, que tiveram suas origens nas experiências rurais, nas igrejas, no trabalho, nas danças e nas festividades.
 A partir de então, a música dançante entrou em declínio devido, principalmente, às vendas dos discos produzidos. A programação de rádio passava a ser feita em torno desses discos – mais do que em torno de apresentações de bailes ao vivo, o que foi tornando as “big bands” e as orquestras economicamente inviáveis.
O aparecimento da televisão levou aqueles cantores de música “hillbilly-country”, e do “blues” - de melodias cativantes e letras sentimentais - para dentro das casas das pessoas, reforçando o impacto desse estilo pessoal  e fazendo de suas músicas, conforme Frith escreve:  “mais um veículo de exposição das personalidades  do que objeto do processo musical em si.”   
Por outro lado, com o desenvolvimento da guitarra elétrica, os músicos criaram um som para competir com o barulho do tráfego e das multidões urbanas. A música então, tornou-se o “som da cidade” - mais alta e mais agressiva. O “blues” rural transformou-se no “blues” urbano e este se converteu no “rhythm and blues”.
Conseqüentemente, a guitarra, o baixo e a harmônica microfonada substituíram os metais e sopros do “jazz” - uma evolução do “blues” -, enquanto que o piano e o saxofone transformaram-se em instrumentos rítmicos. Nascia então  o “rock and roll”.
Assim, segundo Frith, o “rock and roll”, como um produto da música pop, do “hillbilly-country” e do “rhythm and blues”,   foi um  impacto sobre a indústria musical e sobre a cultura popular em geral e foi   fruto de  fatores sócio-econômicos mais do que musicais. Em outras palavras, a demanda de trabalho para o jovem americano e o desenvolvimento da televisão possibilitaram a “explosão” desse estilo emergente – “o rock and roll” – mais do que o próprio “rock and roll”.
Essa ascensão socioeconômica do jovem deu-se após a II Guerra Mundial quando os E.U.A sobressaíam-se como grande potência mundial.  Como já mencionado no capítulo I, devido à astúcia do governo americano, que se aproveitando da escassez nos países europeus, criou o Plano Marshall. Através desse Plano, os E.U.A emprestavam dinheiro para a Europa que importava produtos americanos para reconstrução dos seus países devastados; esse dinheiro do empréstimo, então,  voltava para os cofres americanos. Com o crescimento das indústrias e exportações dos E.U.A as ofertas de empregos  e os salários aumentavam,  elevando o poder aquisitivo dos jovens operários americanos.
Com a difusão da televisão, o rádio, a música pop, o cinema e até mesmo a literatura precisavam de uma nova motivação que trouxesse de volta  o grande público. Encontrou-se a solução no “rock and roll”, que juntamente com filmes como, “O Selvagem” (1954) com Marlon Brando, “Juventude Transviada” (1955) com James Dean e “No Balanço das Horas” (1955), cuja canção tema “Rock Around the Clock” era de “Bill Haley e seus Cometas” e livros como “O Apanhador no Campo de Centeio”  de J. D. Salinger (1951) refletiam a rebeldia da juventude, contrária aos antigos costumes e que  começava a ganhar voz na sociedade.
Vale observar que, de acordo com Frith, o estilo “rock and roll” (gíria para designar “relação sexual”) foi divulgado, pela primeira vez, em 1951, no programa criado por Alan Freed “Moon dog's Rock and Roll Party” da Rádio WJW de Cleveland, Ohio e a repercussão nacional aconteceu em 1955, com a música “Rock Around the Clock”, de Bill Haley e Seus Cometas.
Inicialmente, o “rock and roll” possuía roqueiros de sucesso não tão jovens, como os do Fats Domino ou mesmo do Bill Haley e necessitava assim de uma força nova. A meta era descobrir astros que fossem aceitos pelos adolescentes e garantissem músicas com temas que enfocassem, por exemplo, os problemas do primeiro amor, de paquera e de pais inconformados.
          Surgiu então, em 1956, Elvis,  “The Pelvis” - pelo sensual chacoalhar de seus quadris -  com “Heartbreaker Hotel”, o disco (compacto) mais vendido do país. Apesar das letras ingênuas, o “rock and roll” converteu-se em sinônimo de rebeldia. Nessa fase, destacaram-se Chuck Berry (1926-) com “Johnny B.Goode” e Little Richard (1932-) com “Long Tall Sally” - esses dois ”rock and rolls” foram mais tarde regravados pelos Beatles1 -  e “Tutti Frutti” entre outros.
          Note-se que, segundo Frith, o declínio do “rock and roll” como dança resultou no surgimento de novos tipos dançantes de som pop, muito parecidos com ele. Apesar de passageiros são chamados de “estilos”: o “twist” e o “hully-gully” e tiveram como principal representante o americano Chubby  Check.
          O início dos anos 60 foi marcado pelo aparecimento de grupos vocais nos E.U.A. O som criado em estúdio de gravação, com a produção de Phil Spector para The Crystals e The Ronettes, foi emparelhado pelo som surfista dos Beach Boys e pelo som mais complexo, tanto em termos vocais quanto rítmicos de grupos do “Motown Sound” como The Supremes, The Miracles, The Marvelettes e The Four Tops.
          Simultaneamente, na Grã-Bretanha - onde a música pop sempre chegava com atraso -  surpreendiam nas paradas as  bandas tradicionais de “jazz” e o “skiffle” – gênero nacional, uma mistura de “jazz” e “folk music” (música folclórica) -  que usava,  além de bateria e guitarras, instrumentos excêntricos, improvisados e adaptados, como,   esfregadores de roupa e caixas de chá. Porém, não havia uma indústria voltada para o adolescente que buscassem sua própria música, e experiências de fundo de quintal com o “skiffle” rapidamente se transformaram em experiência de “rock and roll” doméstico.
           Precursores da música instrumental – baixo, guitarras solo e rítmica e bateria - os “Shadows” inspiraram músicos do país inteiro. Assim, o som britânico - jovem - foi uma mistura da formação dos “Shadows” com todos os elementos do pop americano – e não apenas do “rock and roll” e do “rhythm and blue” - e também dos grupos do “Motown Sound”.
          Desse modo, os conjuntos2 começaram a inovar, os vocais eram individualizados para que houvesse distinção entre um grupo e outro. Surgiram então os Beatles, que transformaram o  “rock and roll”,  dando a ele uma nova configuração. Partindo dessa origem, “o rock and roll”,   John, Paul, George e Ringo criaram  o  estilo ié-ié-ié  e   produziram mais tarde um novo estilo  chamado  simplesmente “rock”.


2. Os Beatles: de Liverpool à América

2.1. Do “Skiffle” ao Ié-ié-ié




                       
                                                                          Foto 1 – The Beatles  (1964)

           No início dos anos 60, a Beatlemania invadiu a Grã-Bretanha e em pouco tempo tomou conta do mundo inteiro. As apresentações ao vivo e os filmes dos Beatles provocavam nos adolescentes uma gritaria, uma explosão de lágrimas, que mal se podia ouvir as performances do conjunto. Conforme escreve Davies (1968, p.210): “É impossível exagerar a Beatlemania, porque ela já era o próprio exagero.”
           John  Winston Lennon,  James Paul McCartney,  George Harrison e Richard Starkey – Ringo Starr -  nasceram em Liverpool,  quando as bombas da II Guerra Mundial explodiam e arrasavam toda a Europa.
           Berço dos “fab-four”3, Liverpool, cidade portuária do noroeste da Inglaterra, às margens do Rio Mersey, antiga vila de pescadores,  começou a crescer, em 1207,  graças ao Rei John que   mandou projetar e erguer o povoado. No século XVIII, expandiu-se com rapidez graças ao lucrativo comércio com as colônias americanas. Apesar de ser uma cidade das grandes inovações - primeira ferrovia de passageiros (1830), primeiros transatlânticos (1840) – ainda hoje possui a aparência do século dezenove, do reinado da rainha Vitória, com seus edifícios públicos do centro e aspecto de grandeza clássica tão admirada pelos vitorianos. Embora Liverpool seja uma cidade muito conservadora, principalmente em sua arquitetura, foi o lugar de origem e crescimento dos quatro Beatles, britânicos irreverentes que quebraram tabus e escandalizaram, inicialmente, a tradicional Grã-Bretanha e depois o mundo.
           John,   Paul, George e Ringo,   além da cidade natal, possuíam muitas outras coisas em comum. Na infância, nenhum deles mostrou interesse em aprender música. Voltaram-se para ela na adolescência, com a popularização do “skiffle”,  por Lonnie Donegan.


John


           Segundo o próprio John, ele nasceu “de uma garrafa de uísque em uma noite de sábado (...)” (apud ROYALANCE et al., 2001).  Veio ao mundo, durante um grande ataque aéreo, no dia 9 de outubro de 1940, na Maternidade do Hospital da Rua Oxford. Seu sangue já estava contaminado pelo vírus da música, nas veias de seu avô paterno,  Jack Lennon, membro de um dos primeiros grupos de Kentucky Ministrels (apresentações de brancos pintados de negros, cantando música negra) na América, no início do século XX.  Alfred Lennon, seu pai, era marinheiro e sua mãe, Julia Stanley, filha mais nova de cinco irmãs, já havia cantado  em “pubs” e lugares do gênero, mas não profissionalmente.
          De acordo com Davies (1968), os pais de John se separaram quando ele tinha 4 anos e ele  mudou-se de Penny Lane para Woolton, para morar com sua tia Mary “Mimi” Elizabeth, que  o educou como se fosse seu filho. Perto da casa deles havia um orfanato do Exército da Salvação o Strawberry Fields (mais tarde John compôs uma música com esse nome) que todo ano dava uma grande festa infantil, na qual ele costumava ir.  Júlia, sua mãe, casou-se mais duas vezes e teve  três filhas.
          Nas escolas por onde John passou ele sempre queria ser o líder da turma. Queria que todos brincassem do que ele queria, que lessem o que ele lia, gostava de ser o chefe.  Ivan Vaughan e Pete Shotton, seus maiores amigos, diziam que ele parecia estar sempre brigando. Jonh dizia que se não tivesse força física para vencer o adversário o faria por meios psicológicos, isto é, ameaçava-os em um tom tão forte que eles acabavam acreditando que ele poderia surrá-los. Seus boletins continham observações como: “é o palhaço da classe”, “sem esperança’, “ele está só prejudicando o tempo dos outros alunos”.
          Apesar de não ir bem na escola gostava de escrever e fez seu primeiro livro aos sete anos de idade. Continha histórias em série, piadas, caricaturas, desenhos, fotografias e recortes de estrelas de cinema e jogadores de futebol colados em suas páginas. Era apaixonado por Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll e desenhava todos os personagens.
          Observe-se que, segundo Davies,  John nunca deixava transparecer  seus reais sentimentos e emoções, os quais registrava em suas escritas. Na adolescência, quando fazia qualquer poema sério, fazia-o numa grafia de garranchos para que Mimi não pudesse lê-los: “Precisava ter uma alma mole sob um exterior duro.”
           Em 1953, George, marido de Mimi, morreu de hemorragia cerebral e por essa época John se  apegou demais à sua mãe e passou a visitá-la  com freqüência. Ela identificava-se demais com a adolescência de John e seus amigos e ria com eles dos professores, dos pais e de todos. Uma vez, ao visitá-la, eles a encontraram com um par de calções a cobrir-lhe a cabeça, como se fosse um lenço. Eles rolaram de rir e ela fingia não saber por que, provocando-os mais ainda.

 


O Começo de tudo


            Conforme já mencionado, a música pop vinha dos E.U.A - grande potência mundial - para a Europa, destruída pelas guerras,  e não tinha qualquer conexão com a realidade européia.
           Porém, três acontecimentos foram muito importantes para a música jovem na Europa e para o surgimento dos Beatles: a invasão, em 1955, do “rock and roll” de Bill Haley e seus Cometas com “Rock Around the Clock”, canção-tema do filme “No Balanço das Horas”;  em janeiro de 1956,  do “skiffle”  “Rock Island Line”  de Lonnie Donegan e o terceiro acontecimento também em 1956 foi o  “rock and roll” de Elvis Presley, a pessoa mais influente na música pop até a vinda dos Beatles.
           Desse modo, o ”skiffle” e depois o “rock and roll” foram músicas que excitaram os adolescentes britânicos e Elvis em especial cativou John. A mãe de John, Júlia, ensinou-o a tocar banjo e uma das primeiras músicas que aprendeu foi “That’ll be the day”. Em casa tocava e cantava baixinho pois Mimi não aprovava e dizia (apud Davies, s.d., p.33): “Uma guitarra está muito bem, John,  mas jamais você ganhará a vida com ela.”
          Contudo, John formou seu grupo de “skiffle” e passou a tocar em festas e casamentos. Usavam roupas de “teddy boy”4, topetes nos cabelos como os de Elvis e se intitulavam “Quarrymen”, originado do nome da escola que estudavam “Quarry School”.

          No dia 6 de julho de 1957, na Paróquia da Igreja de Woolton, Ivan Vaugham apresentou John a outro colega: Paul McCartney. Paul tocou e cantou “Twenty Flight Rock” entre outras e John ficou muito impressionado com o conhecimento dele e o convidou para fazer parte do “Quarrymen” (foto 2). Após aquela festa Paul mostrou a John algumas composições suas e este para não ficar para atrás,  começou também a compor. Eram composições muito simples mas que tiveram o grande trunfo de incentivar ambos a escreverem cada vez mais.

                                                                            Foto 2  - “Quarrymen” 5 

Paul

           Segundo ele narra no livro autobiográfico dos Beatles (ROYALANCE et al, 2001),   na sua infância os sinais de guerra estavam por toda parte. Os locais bombardeados eram “playgrounds”, aos quais ele e as  crianças da vizinhança nunca  associavam a bombardeios destruidores.  Costumavam dizer que iam brincar nos “bombies”.
          Conforme Davies (1968), Paul nasceu no Hospital Walton, no dia 18 de junho de 1942. Filho de Mary Patricia, parteira e Jim McCartney, vendedor de algodão e músico amador nas horas vagas,  ambos eram descendentes de irlandeses.
          Por causa da profissão de sua mãe, vivia mudando-se e por todas as escolas  em que passava foi  bom aluno e muito determinado para fazer o que se propunha. Suas redações sempre eram muito bem feitas e em 1953, no “Liverpool Institute”,   ganhou um prêmio – o “Special Coronation Prize”.
          Com a morte de sua mãe, aos 14 anos, Paul teve sua vida completamente transformada. Pediu uma guitarra a seu pai e não mais se separou dela. Inicialmente, não conseguia tirar uma nota da guitarra; depois percebeu sua dificuldade: ele era canhoto e teve de trocar as cordas de posição. Seu pai, possuía alguma experiência como músico. Em 1919, aos 19 anos, fundou um conjunto de “ragtime” (estilo formador do “jazz”)  para tocar nas festas de trabalhadores. Com o advento da II Guerra, Jim desfez a banda.
Dessa maneira, desde os doze anos Paul se interessava pela música popular e costumava assistir Lonnie Donegan com seu “skiffle”. Como John, Paul também se viu influenciado pelo “rock and roll” de Bill Haley e completamente arrebatado por Elvis.  Começou a vestir-se como um “teddy boy”, sendo que demorava horas para produzir seu topete “a la Elvis”. Conheceu George no “Liverpool Institute” e costumavam encontrar-se no ônibus.  Com a fase do “skiffle”, ambos possuíam guitarra e tornaram-se amigos. Paul freqüentava a casa de George, onde passavam horas aprendendo novos acordes no manual da guitarra de George.
          Em 1958, George foi apresentado a John no segundo andar de um ônibus, tarde da noite, quando voltavam para casa.  Paul, então, pediu a John  que o ouvisse e George tocou “Raunchy”.  John adorou e disse que ele poderia entrar para o grupo e confessou, mais tarde, que convidou George a entrar para o conjunto pois ele conhecia bem mais acordes que ele e Paul e que isso era muito importante e quando conheciam um acorde novo logo procuravam fazer uma música nova.
Assim, começaram a passar as tardes na casa de George tocando e cantando.  Este, tempos depois, confessou-se bastante impressionado com John; adorava suas “blue jeans”, camisas lilás e suas costeletas. Porém, achava-o  muito sarcático, mas não se importava pois sempre lhe “dava o troco”.

George

Davies relata que, George Harrison foi um verdadeiro “teddy boy” na adolescência. Muito conhecido pelo jeito diferente de vestir-se faziam parte de sua revelia: roupas apertadas de cores berrantes e os cabelos que já eram compridos naquela época.  Nasceu no dia 25 de fevereiro em 1943, na Rua Arnold Grove, 12, Wavertree, mais moço dos quatro filhos de Harold e Louise Harrison. Seu pai era motorista de ônibus e membro de sindicato. George conta que sempre procurava ajustar-se e ser bom aluno mas, como John e Paul, na adolescência,  começou a desinteressar-se pelos estudos. Era muito independente e procurava manter-se longe das confusões.
            Deve-se observar, que o primeiro astro de música a agradar George foi Lonnie Donegan com seu “skiffle”.  Começou a tentar tocar sozinho, com uma guitarra usada que comprara. Porém, diante das dificuldades – normais de um principiante – dizia para sua mãe que nunca iria conseguir tocar e ela sempre o incentivava, respondendo-lhe que era claro que ele iria conseguir.
George formou seu primeiro grupo de “skiffle” com seu irmão Peter, seu amigo Arthur Kelly e arranjou mais dois rapazes, um para tocar caixa de chá e outro gaita. Não levava muito a sério até que entrou para o “Quarrymen”.


Dos “Quarrymen” aos Beatles

Segundo Davies, a era do “skiffle” estava acabando. O “Quarrymen” possuía membros que iam e vinham; porém, John, Paul e George se mantinham unidos e tinham preferência pelo “rock and roll” que eles queriam copiar, ouvindo os novos discos no rádio. John, como líder, arranjava os compromissos e agora eles tinham duas casas para os ensaios: a de George e a de Paul quando seu pai  não estivesse em casa.
No “Art College” John conheceu Stu Sutcliffe e nessa ocasião, ele estava cada vez mais próximo de sua mãe.  Porém, no dia 15 de julho de 1958, aconteceu o acidente: Júlia foi atropelada fatalmente. John, como sempre fazia, não deixou transparecer seus verdadeiros sentimentos, mas colegas do “Art College” diziam que a morte da mãe o tornou mais cruel em seu humor.
Desse modo, John ficou mais apegado a Paul  e a seu novo amigo Stu no qual admirava o talento  pela arte. Este admirava demais a banda de John desde que a vira tocar no “Art College” na hora do almoço.  Ao que tudo indica, Paul e George tinham muito ciúmes da amizade de John com Stu. John, com seu humor cruel, às vezes chegava a magoar Stu e Paul levado pelo ciúmes, aproveitava a deixa e também o chateava, embora fosse muito interessado por arte e sempre aprender muito com Stu.
Em fins de 59, o conjunto abandonou o nome “Quarrymen” e passou, a partir daí, por vários nomes. Tocou em clubes operários e igrejas, mas dinheiro mesmo ganhava apenas nos concursos de “skiffle”. Arrumou alguns amplificadores velhos e criou ritmos melhores do que as suaves repetições do “skiffle”. Os compositores do grupo criaram muito e a cada composição costumavam escrever “outro original por John Lennon e Paul McCartney”.
Continuamente, graças às suas observações aos grandes astros da televisão, aperfeiçoavam-se na guitarra. Observando Cliff Richards e os “Shadows” aprenderam a florear a introdução de suas músicas.  Por essa ocasião, participaram de todos os concursos e apareciam com o nome de “Johnny and the Moondogs”. John, George e Paul eram os únicos participantes constantes da banda, não possuíam um baixista nem um baterista fixo.
Por sua vez, Stu, embora muito interessado em arte, passava a maior parte do tempo com John e com o conjunto e tinha muita vontade de tocar um instrumento. John o entusiasmou a comprar uma guitarra-baixo e fazer parte do conjunto. Foi o que fez, porém não sabia tocar e os rapazes tiveram que ensiná-lo. Para não dar muito na vista, Stu frequentemente permanecia no palco de costas.
Dessa forma, começaram a fazer turnês, quando conseguiram duas apresentações em Liverpool, no “Cavern Club” na Rua Mathew (foto 3),  apesar dele ser um clube estritamente de “jazz”. Apresentavam seus números como se fossem de “jazz” e brincavam com o público dizendo tratar-se de uma canção de autoria de “Fats Duke Ellington Leadbelly”.

                                                                              Foto 3 - Cavern Club (1962)

         Outro clube onde cantavam era o “Cashbah”, que tinha sido inaugurado em fins de agosto de 1959.  Por essa época, com o nome de “Silver Beatles” foram para a Escócia e na volta continuaram a tocar, ocasionalmente, no “Casbah” e no “Jackaranda”. Um ano depois, Peter Best, filho da dona do “Casbah” foi convidado a fazer parte do conjunto como baterista e viajar em excursão para Hamburgo na Alemanha.
          Conforme Davies observa, os “Silver Beatles” já possuíam seus próprios fãs e  Hamburgo era uma cidade muito parecida com Liverpool, mas muito mais extensa.  Cidade portuária de clima úmido e muito vento, possuía muitas boates de “strip tease”. Era conceituada como a cidade do crime e do sexo. Contratados por Alan Williams, agora eles eram profissionais e adotaram o nome “The Beatles”. Traziam com eles suas primeiras roupas de palco, embora continuassem a usar seus topetes “a la Elvis” e suas roupas de “teddy boy”.  Apresentaram-se no “Indra” e depois no “Kaiserkeller”.
           Basicamente, seus shows duravam em média doze horas, revezando-se a cada hora com o conjunto “Rory Storm and the Hurricanes” também de Liverpool. Era um trabalho muito cansativo e eles conseguiam manter-se acordados a custa de comprimidos.  O baterista dos “Rory Storm and the Hurricanes”, Ringo Starr, passava grande parte de seus intervalos assistindo aos Beatles e pedindo que tocassem as músicas de sua preferência.
           Por outro lado, Klaus Voorman (que mais tarde além de desenhar a capa do LP “Revolver” participaria de vários eventos Beatles) e Astrid Kirchner, intelectuais alemães,  poderiam ter sido fãs  comuns não fosse a importância que desempenharam na vida dos Beatles.  Astrid apaixonou-se à primeira vista por Stu e ofereceu-se para tirar algumas fotos do conjunto. Tornaram-se grandes amigos, levando-os sempre a lugares diferentes para as fotos.  
           Porém, no fim de 1960, foram obrigados a voltar de Hamburgo, pois a polícia havia descoberto que George era menor de idade.  Em Liverpool cada um foi para seu lado: Paul pressionado pelo pai teve que trabalhar como operário, George e John ficaram isolados em suas casas e Pete voltou a trabalhar com a mãe no “Casbah”.  Stu ficara em Hamburgo com Astrid.
          Após esse período longe dos palcos, o primeiro compromisso dos Beatles  foi no “Casbah”. Eles haviam melhorado tremendamente e seus admiradores se multiplicavam. Um outro compromisso muito importante para a carreira deles ocorreu no dia 27 de dezembro de 1960, no “Litherland Town Hall”.  Foi uma apresentação espetacular, onde todo o desenvolvimento e toda a harmonia do conjunto pareceu irradiar Liverpool.  Foram anunciados para aquela apresentação como “os Beatles diretamente de Hamburgo”.
          Por outro lado, a grande sensação no país, eram os “Shadows”, com seu disco instrumental “Apache”. Eram quatro rapazes muito elegantes, em seus ternos cinzas e  passinhos de dança que davam três passos numa direção,  três na outra enquanto tocavam. Os Beatles, ao contrário, possuíam um estilo barulhento, um estilo “rock and roll” que parecia estar perdendo a força, entretanto,  estavam criando seu próprio estilo.
           Conforme Davies ressalta,  o “Cavern Club” era a principal boate de música ao vivo no centro de Liverpool e aos poucos foi deixando de ser clube exclusivo de “jazz” e foi sendo invadido pelos grupos de “rock and roll”. A partir de janeiro de 1961, os Beatles começaram a se apresentar regularmente no Cavern.  Dessa data até fevereiro de 1962, fizeram 292 apresentações. Seus seguidores tornavam-se mais fanáticos.
            Em abril de 1961, voltaram para Hamburgo para tocar na boate “Top Ten”.  Encontraram-se com Astrid na estação de trem. O ritmo do trabalho era exaustivo,  como da primeira vez: doze horas – a cada hora intervalo de quinze minutos. Suas acomodações, porém, eram mais confortáveis do que no “Kaiserkeller”.
            Davies enfatiza também  a importância de Astrid Kirchner, que muito influenciou os modos e a forma de se vestir dos Beatles:  ternos com paletós sem golas e  calças mais justas,  dentre outros modelos,  e os cabelos “a la Francesa”. Esse corte aconteceu um dia quando Astrid penteou os cabelos de Stu para frente e cortou as pontas; mais tarde quando seus companheiros o viram,  rolaram de rir, mas apesar disso,  começaram a copiá-lo naquilo que veio a ser a grande marca, a grande rebeldia dos Beatles.
           Nessa segunda excursão, gravaram seu primeiro disco, como acompanhantes de Tony Sheridan em “My Bonnie”.  Stu, então, abandonou o grupo  e como, nem John,  nem George  queriam tocar baixo, então,  Paul assumiu esse instrumento. Ao contrário do que se esperava, essa saída tornou-os mais amigos e em julho de 1961, os Beatles regressaram a Liverpool.
           Apresentavam-se no “Cavern” na hora do almoço e à noite e no resto do tempo perambulavam pelos bares ou lojas de discos ouvindo-os – de graça! Por essa ocasião, o aparecimento do jornal Mersey Beat foi muito importante para a carreira dos Beatles. Era dedicado ao movimento musical dos conjuntos e sua primeira edição saiu em 6 de julho de 1961.
           Entretanto, os Beatles estavam ficando desanimados pela falta de progresso e de maiores oportunidades. Os pais de Paul e de John, ao contrário da mãe de George, insistiam para que eles desistissem que isso nunca os levaria a nada.
Porém, em meados de 61, Brian Epstein da “Nems” em Whitechapel, Liverpool, recebeu alguns pedidos do  disco “My Bonnie” gravado por um conjunto chamado “The Beatles”. O dono da loja lamentou-se e disse que nunca tinha ouvido falar naquele disco ou naquele conjunto mas ficou bastante intrigado e resolveu investigar de quem se tratava.

 


                                      Beatles & Brian Epstein


           Segundo Davies, Brian Epstein era de família judia, da classe média de Liverpool. Nasceu no dia 19 de setembro de 1934.  Sempre se interessara pela música, especialmente a clássica. Possuía duas lojas de discos “Nems” e escrevia uma coluna de novidades fonográficas no “Mersey Beat”.  Apesar da boa condição financeira  e de ser uma pessoa muito culta,  Brian não se sentia  realizado;  era muito solitário e vivia sempre em busca de algo que o fizesse feliz.  No lado afetivo,  tinha trauma de seus casos,  “nunca se encontrando sexualmente”.
Assim, pelo outono de 1961, o sentimento de tédio e descontentamento estavam tomando conta de Brian, por achar que não havia mais nada a explorar em “Merseyside” no seu ramo.  Entretanto, aqueles jovens que pediram pelo disco dos Beatles trouxeram novas expectativas para a vida dele.  Perguntando aqui e ali, ele descobriu que o grupo era de Liverpool mesmo e que várias vezes tinham estado em sua loja.  Como homem de negócios, resolveu ir pessoalmente ao “Cavern” conhecê-los.
           Para tanto, no dia 9 de novembro de 1961, lá estava ele, naquele lugar escuro, úmido e malcheiroso. Amplificadores reproduziam os sucessos preferencialmente americanos; o barulho era ensurdecedor. Quando eles entraram, notou que não eram muito asseados e arrumados; fumavam, comiam, falavam e fingiam brigar entre si. Davam as costas para o público e riam de suas próprias piadas. Porém, irradiavam um magnetismo pessoal intenso e Brian ficou bastante impressionado.
           Desse modo, Brian tornou-se freqüentador assíduo do “Cavern”. Encomendou à gravadora alemã duzentas cópias de “My Bonnie” e começou a especular o que seria gerenciar um conjunto. No dia 3 de dezembro de 1961, Brian chamou-os ao seu escritório para conversar e foi aceito pelo grupo.
             Desde o início, conforme escreve Davies, Brian trabalhou muito para melhorar a aparência, o jeito e a organização dos Beatles. Costumava entregar suas instruções datilografadas e acrescentava pequenos sermões a respeito da aparência, de como usar as roupas corretamente e não fumar, comer ou mastigar chicletes durante as apresentações. Esse procedimento, anos mais tarde, foi muito criticado por John que dizia que eles não continuaram sendo eles mesmos.

          Assim, Brian  contatou a Decca que marcou uma audição para o dia primeiro de janeiro de 1962 em Londres, mas foram rejeitados. A terceira excursão para Hamburgo foi apoiada por Brian e foi realizada em abril de 1962. Porém lá chegando, outra má notícia os abalaria, Stu,  o grande amigo, havia morrido depois de uma hemorragia cerebral. Como um conforto, conseguiram tocar no “Star Club” (fotos 4 e 5) a maior boate de Hamburgo no gênero.

                                                             Foto 4 - Fachada do “Star Club”
                                                                   Foto 5 – Paul, George, John e Stu (1962)

             Enquanto isso, Brian  fazia seus contatos na Inglaterra  e levava fitas gravadas a todas as gravadoras possíveis.  Em maio de 1962, através de  uma grande loja de discos a “HMV Record-Centre” na Rua Oxford,  Brian  contatou e mostrou sua fitas a  George Martin da Parlophone, subsidiária da EMI,  que  pediu uma sessão de gravação  com os Beatles que ainda estavam em Hamburgo e foram,  imediatamente,  chamados de volta.
          No dia 6 de junho de 62, John, Paul, George e Pete deram uma audição para George Martin. Tocaram “Love me do”, “P.S. I love you”, “Ask me why”,  “Besame Mucho”, entre outras.  George simpatizava muito com eles e gostou de ouvi-los pessoalmente depois de ter ouvido Brian falar tão bem.  Ficou combinado porém, sem data prévia, que se encontrariam novamente. Os Beatles continuaram a fazer seus espetáculos diários, na época arranjados e organizados por Brian.
          Continuando, de acordo com Davies, no fim de julho,  Brian entrou em contato com George Martin que lhe disse que queria que os Beatles assinassem um contrato com a Parlophone e estava selecionando as músicas que queria que eles gravassem.  George, Paul e Jonh,  assim como Brian,  ficaram radiantes com a notícias,  porém nada informaram a Pete Best pois não mais o queriam no grupo – já que nunca tiveram muitas afinidades – e  convidaram Ringo Starr do “Rory Storm” para se juntar a eles. Pete foi comunicado do fato e houve  manifestações por parte de seus fãs,  mas de nada valeram.


Ringo


          Segundo Ringo6, na autobiografia dos Beatles (apud ROYALANCE et al. 2001),  sua mãe Elzie Gleave costumava dizer que a II Guerra Mundial havia sido declarada pois ele estava para nascer. Assim, em 7 de julho de 1940, as bombas explodiam e  Ringo Starr nascia no número 9 da Rua Madryn em Dingle.  Teve uma infância muito difícil com crises de apendicite e peritonite, fazendo-o permanecer muito tempo hospitalizado. Porém, apesar de tudo e segundo ele mesmo, foi uma boa infância. Foi o último integrante a  entrar para os Beatles.
          Uma vez que sua mãe havia se separado de seu pai, Richard Starkey, quando Ringo era muito pequeno,  ele guardou  muito boas recordações de Harry,  seu padrasto,   e conta que além de tudo,  com ele  aprendeu a ser generoso e que na vida  nunca havia necessidade de se agir com violência.
           Nessa integração com a vida, aos dezesseis anos, quando trabalhava como aprendiz de ajustador, Ringo começou a se interessar pelo “skiffle”. Teve seu próprio conjunto “The Eddie Clayton Skiffle”, que tocava para os demais operários na hora do almoço. Ganhou sua primeira bateria, usada,  de Harry.  Mais tarde, já com vinte anos e uma bateria nova, Ringo começou a tocar no “Rory Storm and the Hurricane” o “mais importante conjunto de Liverpool”.  Ringo após várias viagens com o “Rory Storm” para Hamburgo, em certa ocasião, voltou para acompanhar Tony Sheridan. Depois de um tempo, voltou para tocar com o “Rory” em Liverpool e por essa ocasião, foi convidado para tocar com os Beatles.

                  George Martin &  Beatles – Primeiros Lançamentos


             Segundo Davies (1968), George Martin, uma figura importante que entrava na vida dos Beatles, nasceu no dia 03 de janeiro de 1926 em Holloway, no norte de Londres e, como os Beatles, quando menino não teve o menor interesse por música. Porém, quando entrou na adolescência aprendeu a tocar piano, de ouvido, e aos dezesseis anos tinha um conjunto de danças na escola.
          Em fins de 1950, começou a trabalhar como assistente de artistas e repertório na Parlophone, uma das companhias subsidiárias da EMI. Lá começou a produzir uma série de discos humorísticos, como por exemplo, de Peter Sellers.  Quando Brian o procurou, a Parlophone estava esperando alguma coisa boa aparecer, assim como já havia acontecido com várias outras gravadoras.  George não se entusiasmou muito mas achou que os Beatles faziam uma música interessante   e resolveu dar-lhes  uma oportunidade.
          Assim, chamou-os a Londres para a gravação de seu primeiro  disco – um compacto simples7,  no dia 11 de setembro de 1962. A gaita de John em “Love me do” foi algo que chamou a atenção de George Martin para essa música e para o potencial dos Beatles.
          Anteriormente, porém,  ao saber da substituição  do baterista, George não quis arriscar e contratou um músico experiente para as gravações chamado Andy White. Ringo gravou o primeiro “take”8 de “Love me do”,   depois foi gravada novamente por Andy e o lado B,    “P.S. I love you” com  Andy  na bateria  e Ringo no tamborim. Ringo ficou muito chateado e ainda “continua”  mesmo depois de dezenas de desculpas de George.
          Em 04 de outubro de 1962, foi lançado o primeiro compacto simples “Love me do” (versão Andy White) e os Beatles já estavam em Liverpool tocando em festas e clubes novamente.  A primeira estação de rádio a tocá-la foi a Rádio Luxemburgo.  Conseguiram com esse disco a primeira apresentação na TV no programa “Peoples and Places” da TV Granada de Manchester.
          Seguiram então para sua quarta turnê a Hamburgo para tocar no “Star Club”. Seu disco continuava a subir nas paradas e seu ponto mais alto atingiu o décimo sétimo lugar. George Martin estava satisfeito com a repercussão do disco e o problema “agora” seria arranjar novas músicas para gravação.
          Dessa forma, George ficou indignado com a recepção, pelos Beatles,  de uma música que ele lhes mandara,   disse então que eles produzissem algo melhor se fossem capazes.  Produziram, assim, “Please, please me”, com a qual muito surpreenderam George e a  gravaram em 26 de novembro de 1962.  Voltaram de Hamburgo para as gravações e depois para lá retornaram. Foi a sua quinta e última temporada nas boates de Hamburgo e durou apenas duas semanas.
          No início de 1963, os Beatles já possuíam um disco nas paradas e outro próximo de ser lançado; o que eles necessitavam era um pouco de publicidade.  Então Brian procurou Tony Barrow e pediu-lhe conselhos de como conseguir contato com a imprensa especializada. A partir daí, ele tornou-se agente de imprensa dos Beatles.
          “Please please me” foi lançado em 12 de janeiro e em 16 de fevereiro  alcançou o primeiro lugar nas paradas  de sucesso inglesa.  O primeiro e único jornal em seis meses a publicar um artigo sobre os Beatles foi o “London Evening Standard”, em fevereiro de 1963, assinado por Maureen Cleave.
          Observe-se porém, conforme Davies relata,  que apesar de ignorados em âmbito nacional,  os Beatles conseguiram uma boa cobertura em Liverpool, principalmente através do “Liverpool Echo” do xará de George Harrison.  Antes do lançamento do segundo disco, fizeram sua primeira apresentação no “Embassy Theatre”, fora do “Merseyside”, que foi um fracasso.
          Porém, é certo que após suas excursões,  começaram a ficar conhecidos no mundo da música popular. A apresentação no programa de TV “Thank Your Lucky Stars” fez com que aumentassem as vendas de seus discos. Começava a ser freqüente solicitarem-lhes composições para serem gravadas por outros cantores.
          Vale também observar que a partir do início de 1963, o termo “Liverpool Sound” passava a ser corriqueiro, tal era a quantidade de cantores e conjuntos de lá originários.  Em abril, era lançado o LP9 “Please, Please me” (com “Love me do”-versão Ringo Starr); nesse mesmo mês saía o terceiro compacto simples “From me to you”, chegando ao primeiro lugar e ganhando disco de prata.
           Durante sua terceira turnê, em maio de 1963, os Beatles começaram a causar tumultos como os que arrumavam no “Cavern” em Liverpool.  Embora Brian não gostasse, alguns vezes ainda, faziam suas piadas ou introduziam alguma música de maneira engraçada:  “E agora uma canção daquele ‘Red Hot Gospel singing Mama, Victor Silvester’”.     
           Nos intervalos entre as turnês pelo país, John, Paul, George e Ringo apresentavam-se nos clubes do Merseyside.  Fizeram sua última apresentação no “Cavern”, no dia 23 de agosto de 1963. Afinal suas excursões pelo país estavam começando a ter a devida atenção nacional.
           De volta a Londres, John, Paul, George e Ringo  gravaram seu quarto disco “She Loves you” que marcou o início de sua fama nacional. Com os Beatles,  manifestava-se uma nova forma de expressão artística, uma nova explosão  do “rock and roll” adolescente, que  trazia novas possibilidades para a música pop; assim, do “rock and roll”  surgiu o ié-ié-ié que então invadia novas fronteiras.


O Ié-ié-ié e a  Beatlemania

            Segundo Davies, a grande explosão do ié-ié-ié deu-se com a música “She loves you”, que chegou ao primeiro lugar ganhando disco de ouro e seguindo o caminho dos discos anteriores. Os pedidos de discos começavam a antecipar os seus lançamentos.  Em setembro, eram os campeões em vendas com o LP “Please, please me” e com o “extended play”9  “Twist and Shout”.
             O dia 13 de outubro de 1963 foi a referência para o início  da Beatlemania (veja Colagem, anexo 1),  com a apresentação no programa “Sunday Night”  no  “London Palladium”. Os Beatles tornaram-se primeira página de todos os jornais do país. Durante o dia os fãs invadiram a rua do teatro. A polícia, tomada de surpresa, foi incapaz de controlar a situação.  A estratégia usada para a saída dos Beatles  de nada adiantou. Eles tiveram de correr cerca de trinta metros até o carro e quase foram “pegos” no trajeto pelo entusiasmo juvenil de centenas de fãs.
          Desse modo, conta Tony Barrow, o agente de imprensa dos Beatles, que não precisava mais ir atrás dos jornalistas para publicidade, eles agora o procuravam,  insistentemente,  para marcar entrevistas. As excursões dos Beatles agora eram feitas por toda a Europa e as vendas aumentavam dia a dia, fato inédito com músicos populares ingleses.
          No dia 04 de novembro de 1963, apresentaram-se no “Royal Variety Performance” no “Prince of Wales Theatre” em Londres.  Era uma festa de caridade,  com uma platéia um pouco mais comportada,  lá comparecendo a Rainha mãe, a princesa Margaret e seu marido Lord Snowdown.  Paul arrancou risadas com suas piadas e John apresentou um de seus números pedindo que (apud DAVIES; 1963, p.214): “Os  dos lugares baratos batam palmas” e falando em direção ao camarote real continuou “e o resto pode sacudir as jóias.”
           Os jovens britânicos, em geral, passaram a adotar uma nova performance: cabelos compridos, calças apertadas, botas de bico fino, mãos cheias de anéis etc. Surgiam então,  conjuntos musicais influenciados pelos Beatles ou que procuravam imitá-los tanto visualmente como musicalmente.  Fabricantes começaram as disputas para conseguir a concessão da marca Beatles em seus artigos, além da produção de produtos específicos com estampas dos quatro rapazes de Liverpool: camisetas, mochilas, bonés, chaveiros,  cadernos etc.
           Em fins de 1963, foi lançado mais um ié-ié-ié, o quinto disco simples,  “I want to hold  your hand”, que antes de seu lançamento já havia atingido um milhão de cópias vendidas.  Pouco  antes  desse compacto, o segundo LP “With The Beatles” havia sido lançado.
           Configurava-se a Beatlemania e diariamente todos os jornais traziam alguma nota sobre os Beatles; segundo Davies,  o Sunday Times apresentou um artigo onde dizia o quanto eles haviam ampliado a língua inglesa trazendo de Liverpool palavras como ‘gear’ – significando “bom” ou “genial” – para a linguagem de uso geral.
          Muitos buscavam uma explicação para o sucesso dos Beatles.  Alguns acreditavam na significação social deles, que simbolizavam de acordo com Davies (p.230):  “todas as frustrações e ambições dos novos adolescentes emergentes, criados à sombra da bomba, sem classes, não materialistas e sem falsidades.”
Nesse sentido, Tony Barrow fez o seguinte comentário sobre o sucesso dos Beatles,  em defesa de Brian, referindo-se aos que falavam que ele os criara e os promovera (apud DAVIES, s/d, p.219):

Em todos os nossos comunicados e em todos os nossos contatos com a imprensa Brian apenas acentuava o que havia de bom neles. Ele nunca criou pontos inexistentes. Os Beatles eram quatro rapazes da vizinhança, a espécie de rapaz que você poderia ter encontrado na igreja local. Essa era  a essência de sua comunicação pessoal com o público. As pessoas se identificavam com eles imediatamente. Brian percebeu isso e nunca buscou disfarçar ou esconder.

          Assim, a invasão do fenômeno Beatles nos E.U.A,  e depois em toda a   América, deu-se no início de 1964.  Os primeiros lançamentos, por dois selos diferentes, tinham sido um fracasso. Depois de percorrer diversas gravadoras, Brian conseguiu que a Capitol lançasse os quatro rapazes.
          Em janeiro de 1964, na segunda semana de lançamento “I want to hold your hand” obteve o octogésimo terceiro lugar nas paradas americanas. Os Beatles estavam em turnê em Paris, quando souberam que tinham atingido o primeiro lugar e decidiram que “agora” poderiam ir para a América!  Era o ié-ié-ié invadindo o continente americano.
          A propósito, abram-se aqui parênteses, para um fato que sempre chamou atenção de todos: a irreverência dos Beatles. Em uma entrevista coletiva aos jornalistas, quando da chegada deles aos E.U.A,  essa irreverência ficou bastante evidente, que Davies transcreveu (1964, p. 229):

-          Você pode cantar alguma coisa para nós?
-          Primeiro precisamos de dinheiro,  respondeu John.
-          Como é que vocês explicam seu sucesso?
-          Para isso temos um encarregado de imprensa.
-          Qual é a ambição de vocês?
-          Chegar aos Estados Unidos.
-          Vocês esperam cortar o cabelo?
-          Ontem mesmo nós o cortamos.
-          Vocês esperam levar alguma coisa para casa?
-          Sim,  o Rockefeller Center.
-          Vocês fazem parte da rebelião social contra as gerações mais velhas?
-          Esse é um tipo de mentira suja.
-          Que acham desse movimento  em Detroit para acabar com os Beatles?
-          Nós temos um movimento para acabar com Detroit.
-          Que acham de Beethoven?
-          Adoramos, respondeu Ringo. – Especialmente seus poemas.


Já nos E.U.A,  apresentaram-se duas vezes no programa “Ed Sullivan Show”, no “Carnegie Hall” de Nova Iorque e no “Coliseum” de Washington.  Na primeira exibição em Nova Iorque, em 9 de fevereiro,   os Beatles tiveram uma audição inédita – mais de setenta e três milhões de espectadores.  Em todo o país não houve um só registro policial de importância durante a apresentação.


3. A Música Jovem no Brasil

            A população brasileira, em 1956, estava mais esperançosa do que nunca sob o ponto de vista político-social e econômico.  Segundo Neves (2003), eleito pelo povo, Juscelino Kubitschek colocou um fim ao estado de sítio,  à censura à imprensa e deu início ao seu Plano de Metas que consistia em realizar "50 anos em 5", conforme já comentado no item 3 do capítulo I.
          Naquele clima de otimismo, a música era parte integrante na vida do brasileiro em geral. Então, conforme aponta  Fróes (2000), o “rock and roll”,  em especial,   chegou,  principalmente com as versões das músicas que não eram aqui lançadas. Cantores românticos, de baladas e guarânias aderiam ao novo gênero.
          De acordo com Tinhorão (1998), por essa época, na zona sul do Rio de Janeiro nascia  a primeira geração da Bossa Nova. Filhos de famílias de boa condição financeira reuniam-se, freqüentemente, para cantar, como amadores;  dentre eles estavam Nara Leão e João Gilberto, sendo que este último foi o  criador da nova batida  - a  bossa nova -  que configurava o samba  em estilo de “jazz”.
          Segundo Fróes (2000), em 1957, Cauby Peixoto, último astro masculino da era do rádio, notável por seus registros de “jazz”, samba-canção e bolero, gravava pela RCA Victor, com o pseudônimo de Coby Dijon, o que talvez tenha sido a primeira composição brasileira em ritmo de “rock and roll”: ”Rock and Roll em Copacabana” de Miguel Gustavo. Gravou outros do gênero, mas sem aderir  ao estilo.
          Nesse mesmo ano, Carlos Gonzaga, do selo RCA, gravou em 78 rpm11 uma versão de Haroldo Barbosa para “The Great Pretender” dos “Platters” com o nome de “Meu Fingimento”  e em seguida gravou outra versão assinada por Fred Jorge - “Diana”  de Paul Anka.
          No início de 1959, a Odeon, ao mesmo tempo que contratava os irmãos Celly  e Tony Campello para gravar versões de “rock and roll”, lançava no Brasil  discos de Little Richard, Chuck Berry, Fats Domino e Gene Vincent.
          Conseqüentemente, em março, Cely Campello estourou nas paradas brasileiras com uma versão de Fred Jorge, “Estúpido Cúpido”, sucesso original de Neil Sedaka.  Cely então passou a comandar na TV Record o programa “Crush em Hi-Fi”,  para divulgação do “rock and roll”.
          Por outro lado, Sérgio Murilo, provavelmente o maior expoente da primeira fase do “rock and roll” brasileiro, conforme conta Fróes, foi lançado pelo cinema nacional com o filme “Alegria de Viver”.  Seu grande sucesso “Marcianita” abriu caminho para o álbum em fevereiro de 1960 e vendeu tanto quanto  “Celestial” de Johnny Mathis, o grande astro internacional da  gravadora Colúmbia.
          Em abril de 1960, Celly Campello lançava seu LP Broto Certinho, que continha uma gravação “Banho de Lua” e uma gravação em inglês de  “Over the Rainbow”. Tem-se então que nessa fase inicial do “rock and roll” brasileiro, logo após a onda de orquestras e bandas de jazz que animavam bailes - sons da entreguerra nos Estados Unidos e  que no Brasil chegavam com atraso-, o mercado nacional foi invadido por grupos intrumentais.  Esses grupos foram muito influenciados pelo grupo inglês “The Shadows” e pelo americano “The Ventures”, quando estes deixaram de ser acompanhantes e entraram no mercado com seus próprios discos. Vários conjuntos apareceram no Brasil, dentre eles os: “Jordans”, “The Fellows”, “The Jet Black’s”, “The Rebels” e “The Fevers”.
          Por essa ocasião, na música vocalizada também se destacou Ronnie Cord, filho do compositor Hervê Cordovil, emplacando nacionalmente versões de Neil Sedaka: “Biquininho de Bolinha” e “Oh Carol”, além de regravar, em um inglês impecável, músicas de Elvis Presley e de Roy Orbison.
          Por outro lado, Sérgio Murilo lançava então seu segundo álbum, puxado pela música “Broto Legal”, também gravada por Cely Campello. Ele aparecia, pela segunda vez, em um filme nacional “Matemática 0, Amor 10”,  cantando “Rock da Morte” do maestro e compositor Lyrio Panicalli. Era uma fase em que muito se divulgava a música nacional nos filmes cinematográficos.
          O capixaba Carlos Imperial, “agitador cultural”, estabelecido no Rio de Janeiro, criou na Tv Continental o programa  “Clube do Rock”, para promover  e reunir os apaixonados do “rock and roll”. Em São Paulo dois dos mais importantes programas dedicados à divulgação do “rock and roll” eram “Os Brotos Comandam” de Sérgio Galvão  e o “Festival de Brotos” apresentado por Enzo de Almeida Passos na Rádio Bandeirantes.
          Não tardou para que o “rock and roll” se transformasse em algo consumível pela sociedade brasileira, porém,   com a aproximação do término do governo Kubitschek, no final de 1961, o futuro presidente da República Jânio Quadros começou uma perseguição preconceituosa aos jovens fãs do “rock and roll” que  eram considerados “playboys” - “indivíduos ricos que só buscam o prazer”.
        Apesar de tudo, o “rock and roll”  nacional  continuava no auge em 1963,  ainda que invadido pelas baladas, com o surgimento de duas facções – ou estilos:  o twist e o hully-gully,    além do ié-ié-ié britânico que aqui chegou com o lançamento do primeiro compacto simples dos Beatles no mês de dezembro.
         Em 1964, apesar do Golpe Militar e da censura por ele determinado, conforme já tratado no item 3 do capítulo I,  os cantores de música jovem foram pouco ou nada perseguidos, uma vez que suas músicas, influenciadas pelo “rock and roll” tratavam de temas singelos de amor e desamor.
         Um outro lado da música jovem no Brasil, conforme escreve Fróes,  foi a música italiana. O grupo “The Fevers”, no final de 64, abriu caminho no Brasil para a italiana Rita Pavone e seus contemporâneos, gravando seus sucessos: “Datemi un Martello” e “Sul Cuccuzzolo. Jerry Adriani ficou conhecido como um de seus maiores intérpretes brasileiros das canções da Itália.  Entre suas regravações estavam “Sapore de Sale”, “Oh Mio Signore”, “Una Lacrima Sul Viso”.
          Nessa  época,  com Roberto Carlos começava a segunda fase do “rock and roll” brasileiro,  quando  gravou seu álbum pela CBS “É proibido Fumar”, com versões e músicas de sua autoria e de Erasmo Carlos,  entre elas:  “Desamarre meu coração”, “Nasci para Chorar”, etc. O sucesso era crescente e em fins de 64, Roberto Carlos, já com suas roupas e  cabelos “a la Beatles”, tornou-se um grande ídolo brasileiro, sendo muito requisitado para os programas de rádio e TV.
         Conforme observa Fróes, além de possuir seus sucessos, os grupos de então também faziam acompanhamentos dos cantores. O conjunto preferido para acompanhamento dos discos da juventude paulistana era o “Jet Blacks” e da carioca era o  “Renato e seus Blue Caps”. Este último era contratado pela CBS e tornara-se o principal intérprete das versões das músicas dos Beatles.
          Continuando os relatos, a gravadora Copacabana relançou, nessa época,  Wanderley Cardoso, que ainda adolescente fizera sucesso  com “A Canção do Jornaleiro”. Seu novo disco “Preste Atenção”  também vendeu muito.
          Nas palavras de Fróes, deve-se ressaltar a importância dos “Golden Boys” e do “Trio Esperança” que eram os conjuntos vocais de maior destaque na época. No início de 65, os primeiros estouraram com as versões “Michael” (“Michelle”) dos Beatles e “Erva Venenosa”.  O Trio Esperança depois de muito sucesso com as versão “Meu Bem Lollipop”, retornou ao sucesso com a “Festa do Bolinha” e “Não me Abandones”. Regravar canções do “rock and roll” britânico era a grande pedida nessa segunda fase do “rock and roll” no Brasil.
          Em julho de 1965, Roberto Carlos lançava o disco simples “Não quero ver você tão triste assim”. Por essa ocasião, Erasmo Carlos, seu parceiro nas autorias das músicas, também começava a ser reconhecido artisticamente e lançava então seu compacto simples “Minha Fama de Mau”.
          Iniciou-se então a terceira fase do “rock and roll” nacional, ou fase do ié-ié-ié nacional, com a estréia do programa semanal “Jovem Guarda”, no dia 22 de agosto de 1965, uma tarde de domingo.  Apresentado por Roberto Carlos, com sua gíria que bem representava o jovem da época: “é uma brasa mora”, “boa pinta”, “bonita ‘paca’” e etc. Participavam do espetáculo diversos cantores e conjuntos que se revezavam: Erasmo Carlos, Wanderléia, Leno&Lililian, “Incríveis” (ex-Clevers),  “Vips”, Rosemary,  “The Jets Black’s”,  Prini Lores e outros. Depois de cada programa Roberto Carlos para deixar o teatro era obrigado a despistar as fãs  que queriam chegar perto do seu ídolo.
          É importante observar que o ié-ié-ié britânico já estava muito desenvolvido,  quando a Jovem Guarda começou a explorá-lo. Às vésperas da estréia do programa,   “Renato e seus Blue Caps” estava no auge com seu “Menina Linda” versão de “I Should Have Known Better” dos Beatles.
          Acrescente-se que no final de 65, os cantores jovens Lilian  (do Leno)  e Renato (dos “...Blue Caps”) registraram a geração ié-ié-ié que surgia no Brasil ao aparecer em uma cena do filme “Rio, Verão e Amor” de Watson Macedo.  Como já observado, mais uma vez  a música jovem estava representada na cinematografia.
          De acordo com Gonzaga (2003), conforme já mencionado no item 3 do capítulo I, no final de 65,  concorrendo com o  estilo nacional  da Jovem Guarda ou do ié-ié-ié de Roberto Carlos, surgiu a segunda geração da bossa nova, por sinal já bastante diferente da primeira, a então chamada MPB, Música Popular Brasileira. Esta última era o estilo de música eleito pela classe universitária e a dos “privilegiados” em contraste com o ié-ié-ié preferido pelos jovens de menor poder aquisitivo. Músicas como “Caminhando - pra não dizer que não falei das flores”, “Disparada”, “A Banda” e outras vinham ao encontro dos anseios de protesto da alta classe média contra o rigor  do regime militar instalado no país em 1964. Destacaram-se, então, dentre compositores e intérpretes:  Edu Lobo, Geraldo Vandré,  Chico Buarque de Holanda e  Elis Regina. Os representantes da Jovem Guarda, em geral,  mantinham-se afastados das questões político-sociais, como já mencionado.
          Voltando aos escritos de Fróes (2000), vale observar que a música “Quero que vá tudo pro inferno”,  composta por Erasmo Carlos e Roberto Carlos, na voz deste último estourou nacionalmente em 1966,  sendo que foi lançada em compacto duplo e compacto simples, monopolizando as paradas de sucessos e tornando-se o  hino do movimento jovem no Brasil da época. Registre-se que atualmente (2003), por motivos religiosos,  Roberto Carlos não canta mais essa música.
          No final de 1967, surgia o Tropicalismo  que foi um movimento contra os padrões musicais e ideológicos da MPB-Música Popular Brasileira. Misturavam pela primeira vez à música brasileira, o psicodelismo do rock dos Beatles, a contracultura dos hippies e a irreverência vanguardista de 22, como mencionado no item 3 do capítulo I.  Em oposição à MPB, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Capinam, Torquato Neto, e outros, compunham versos irônicos  e às vezes até debochados, onde misturavam aspectos do Brasil primitivo com imagens do Brasil moderno. Além dos tropicalistas já relacionados, destacou-se também o conjunto paulista “Mutantes” que foi o primeiro no país a merecer o “status” de original.
          Para tristeza “geral da nação” jovem, o musical Jovem Guarda parou de ser exibido em 1968 e de  acordo com a afirmação de Fróes  (p.13):

‘Momento’ musical brasileiro,  mais do que movimento ou programa de televisão, a Jovem Guarda foi uma das nossas mais férteis vertentes musicais dos anos 60.


          O “rock and roll” foi o ponto de partida  da era dos jovens. Desde então, o mundo inteiro tem se curvado ao poder dessa juventude; um poder não pela força mas pela alegria e otimismo contagiantes do ser jovem. A partir dos anos 50 a juventude vem conseguindo ganhar “Voz”. Os Beatles com seu ié-ié-ié  foram um grito mais alto, um grito “ritmado”  de contentamento e de esperança. Ainda mais, os “fab-four” com seus “escandalosos” cabelos compridos e ternos “sensuais”,   quebraram  barreiras em todo o mundo e porque não dizer,  foram um dos focos de  origem da  revolução sociocultural dos anos 60   e criaram um mundo muito mais musical, mais ousado e porque não dizer mais afetuoso.


Notas

1 “Johnny B. Goode” - composto por Chuck Berry, oficialmente foi lançado no Brasil em 1994 no CD duplo “Live at the BBC”; “Long Tall Sally”- composto por Johnson Penniman&Blackwell – lançado no Brasil em junho de 1964, juntamente com “I call your name”.  (veja Discografia Brasileira, anexo 2).

2 Na época era o termo mais utilizado. Hoje usa-se banda, grupo,  etc.

3 fab-four” – “quatro fabulosos” (“fab”- abreviação de “fabulous”) – termo originado da música de George Harrison “When we was fab” do álbum “Cloud Nine” lançado em outubro de 1987.

4  Jovem dos anos 50 da Grã-Bretanha,  que acompanhava a moda: topete “a la Elvis”, calças apertadas, jaqueta, sapato de couro com bico fino. Eram vistos como rebeldes e algumas vezes envolviam-se em violências; eram  associados ao “rock and roll”.

5 Foto 2:  primeira apresentação de Paul com os  “Quarrymen” (Paul segundo à esquerda/John quarto à esquerda).

6 Assim chamado – Ringo – pois usava (e ainda usa)  muitos anéis nos dedos (“ring” – anel).

7 Disco em vinil com 33 rotações por minuto – RPM, com duas músicas, uma de cada lado.

8  Gravação, versão.

9  “Long-play” – disco em vinil, maior que o compacto simples,  com 33 rotações por minuto-RPM, em média com 12 músicas.

10 Disco em vinil com 33 rotações por minuto-RPM,  com quatro músicas, duas de cada.

11 Disco em vinil com 78 rotações por minuto – RPM -, que trazia uma música de cada lado.

  





Capítulo III

      A BEATLEMANIA NO BRASIL



1.     Influência dos Beatles na Juventude Brasileira

1.1. Evolução Musical dos “Fab-four” e Evolução da Música Jovem no Brasil

O lançamento dos Beatles no Brasil ocorreu no final de 1963, mas a ascensão à fama aconteceu gradualmente. Por essa ocasião, o “rock and roll” nacional encontrava-se no final da primeira fase e ídolos como Sérgio Murilo, Ronnie Cord,  Cely Campelo, Trio Esperança, The Fevers e os internacionais The Shadows, Elvis Presley, Chubby Check,  entre  outros,  não detinham o fascínio  que os “fab-four” despertariam nos beatlemaníacos.
Assim, de descendência espanhola, nasci (leia-se fui gerada!) Beatlemaníaca “em potencial”, ao mesmo tempo  que nascia o “rock and roll”, em 1951, na Vila Maria,  um bairro periférico da cidade de São Paulo. Mais de meio século atrás, meu bairro, assim como outros da periferia, assemelhava-se a uma cidadezinha do interior (de hoje), onde o asfalto ainda não havia chegado e se podia livremente brincar com barro depois das chuvas e  se podia ser feliz.
No final dos anos 50, o som internacional que se ouvia nas rádios brasileiras era o de orquestras e cantores  europeus, além de jazz, foxtrotes e  “blues” americanos e  uma mistura de ritmos latinos dançantes: rumbas, mambos,  boleros, calipsos e cha-cha-chás lançados por filmes e gravadoras americanas dentro da Política Americana da Boa Vizinhança1.  No cenário nacional ouviam-se boleros e sambas-canções dos ídolos nacionais remanescentes da Era do Rádio2: Cauby Peixoto, Angela Maria e outros.
O “rock and roll” então foi invadindo os lares brasileiros – com um certo atraso - mas de uma maneira bastante envolvente. Ele foi dominando as estações de rádio, canais de televisão (em casa ainda não tínhamos uma) e os bailes. Minha mãe e meus irmãos gostavam de ouvir os cantores da primeira fase do “rock and roll” nacional e do “rock and roll”  internacional.
No início dos anos 60, o “rock and roll” estava no auge e eu começava a incorporar a música à minha vida.  Aos sábados e domingos pela manhã fazíamos um verdadeiro baile em casa, dançando boleros, rumbas e “rock and rolls”. Porém, naquela época ainda o que  mais me empolgava eram os filmes - “enlatados” - americanos da televisão, tipo,  Rota 66, Bonanza e outros.
Por esse ocasião, houve  uma música internacional que me chamou muito a atenção. Estava sendo  muito tocada nas estações de rádio e cantada nas escolas   e se chamava “My Bonnie” (veja Discografia Brasileira, anexo 2). Era muito agradável, com uma letra simples,  embora eu mal conhecia uma palavra em inglês. Mais tarde, eu soube que os Beatles acompanhavam Tony Sheridan fazendo o coro desse “rock and roll”.
Em abril de 1964, um golpe de estado, já tratado no capítulo II, levou o Brasil a uma ditadura militar que iniciou uma velada censura à imprensa e gerou a partir de então um clima de terror. Assim, o teatro, o cinema, o rádio, a televisão, os jornais e revistas passavam pela órgão de censura governamental antes de qualquer coisa.
Dessa forma, a população não era informada dos movimentos de protesto ou de qualquer ato contra a ditadura. Qualquer peça teatral, filme, reportagem e qualquer outro meio de comunicação com supeita de ir contra o governo ditatorial era barrado como já mencionei no capítulo II.
No final de 64 o que me cabia era ajudar minha mãe nas atividades domésticas e ouvir o rádio. O ano transcorrera e eu passara sem estudar pois havia perdido a chance de prestar exames de  segunda época para ingressar no ( antigo) ginásio3 . Isso porém não me preocupava, nenhuma das minhas irmãs havia estudado, apenas meu irmão havia concluído  o técnico de contabilidade.
Há algum tempo eu vinha ouvindo no rádio um som  diferente do que ouvira até então,  mas nunca prestava muita atenção, sabia que o conjunto era chamado “The Beatles” e diziam que era um fenômeno na Europa e E.U.A .
Iniciou-se mais um ano, 1965, e no mês de fevereiro estreou nos cinemas brasileiros o filme  Os Reis do Ié, Ié, IéA Hard Day’s Night (veja Filmografia, anexo 4). Minhas irmãs, como autênticas fãs de filmes musicais - adoravam os de Elvis-, logo foram assistir os  “The Beatles” e eu na época falei que “não iria ver aqueles cabeludos...”. Perdi a oportunidade ... (vim a assistir A Hard Day’s Night no cinema apenas no relançamento em 2001!!!!).
O entusiasmo com que elas voltaram do cinema foi contagiante. Logo trataram de comprar um compacto simples com músicas do filme. Porém, como não entendiam nada de inglês, preferiram optar pela versão de “I Should Have Known Better”4  gravada pelo Renato e seus Blue Caps -  “Menina Linda”5. Para tristeza delas (e felicidade minha), Messias um amigo nosso, não encontrando o disco que elas queriam   trouxe o compacto dos Beatles.
Logo aquele disco foi esquecido por elas. Eu passei a ouvi-lo e ficar mais atenta ao  rádio.  “Rock and rolls” como “Long Tall Sally” e “Twist and Shout”, ié-ié-iés como “Please, Please me”, “She Loves you”, baladas como “And I Love her”   e “If I Fell” eram o máximo surgido até então. Entretanto a música que mais mexeu comigo foi “I Want to Hold your Hand”, um “ié-ié-ié” incrivelmente dinâmico e expressivo; nele os falsetes, os gritos de ‘yeah, yeah, yeah, yeah”6  e os solos de guitarra inovavam meus ouvidos e me levavam por “caminhos nunca de antes trafegados”7. Cantada por John e Paul, ela foi responsável pelo surgimento da Beatlemania na América, veja a letra abaixo (CASSINELLI, 2000, p. 44):

                                                       I Want to Hold your Hand
                                                              (Lennon&McCartney)

Oh yeh, I'll tell you something
I think you'll understand
then I’ll say that something
I wanna hold your hand
 
Oh please say to me
you'll let me be your man
and please say to me
you'll let me hold your hand
Now, let me hold your hand
I wanna hold your hand

And when I touch you
I feel happy inside
It's such a feeling that my love
I can't hide, I can't hide, I can't hide

Yeah, you got that something
I think you'll understand
When I feel that something
I wanna hold your hand.

“Caminhando pela estrada dos Beatles” fui então envolvida completamente. Fiquei mais alerta aos programas do rádio, que tocavam muitas músicas de discos importados dos “fab-four”,  já que a discografia nacional era diferente da inglesa (Discografia Inglesa, anexo 3)  e comecei a freqüentar os jornaleiros à procura de notícia, fotos e letras das músicas.  Quando ouvia uma música corria para pegar a letra e tentar acompanhá-la. Então, minha mãe, Dolores, me comprou um dicionário Inglês-Português e passei a traduzir as músicas e copiar as letras em um caderno onde colocava fotos e todas as minhas emoções – coisas de adolescente!
Os Beatles, então, eram um fenômeno mundial e talvez uma das características responsáveis pelo sucesso deles foi o carisma pessoal de cada um em paralelo aos acordes e arranjos musicais com os quais os jovens logo se identificavam. As letras eram muito singelas, de fácil assimilação e em sua maioria, compostas por John Lennon e Paul McCartney, fato raríssimo em uma época em que existiam editoras de composições que vendiam suas músicas. Bem, essas músicas possuíam versos que tratavam exatamente do sentido próprio das palavras, sem metáforas ou qualquer outra  figura de linguagem.
As músicas dos “fab-four” tratavam geralmente de relacionamentos amorosos, partindo de uma idéia principal:   amor sem interesse financeiro ( “Can’t Buy me love”), do amor depois de um dia cansativo (“A Hard Day’s Night”), da separação física entre dois jovens que se amavam (“All my loving”), da declaração de uma grande amor (And I love her”),  de rejeição  (“Anna”), de declaração de amor em segredo (Do you want to know a secret?”), do amor durante oito dias na semana (Eight Days a week), da sensação de viver um grande amor (“I feel fine”).
Para exemplificar,  transcrevo os versos da  primeira música gravada pelos Beatles “Love me do” com  solo de gaita de John Lennon  e vocal de Paul McCartney. Composta por Lennon&McCartney,  possui apenas  duas estrofes: a primeira com quatro versos, repetida quatro vezes  e a segunda com dois versos. Refere-se a uma desilusão amorosa que remete o eu-lírico a  um novo amor e que pede a amada que o ame já que ela sabe que ele  a ama e precisa  de “alguém para amar”, “alguém novo” (CASSINELLI, 2000, p. 23):

                                                           Love me do                                   

Love, love me do
You know I love you
I’ll always be true
So please  Love me do who ho love me do

Love, love me do
You know I love you
I’ll always be true
So please Love me do who ho love me do

Someone to love, somebody new
Someone to love, someone like you


Em maio, passando por uma loja de discos vi que já estava à venda o “long-play” Beatles 65.  A foto da capa trazia os “fab-four”  no teatro Coliseum de Washington na primeira visita dos “fab” aos E.U.A e algumas das músicas eu já tivera a oportunidade de ouvir no rádio. Essas gravações receberam influência do estilo “folk rock” de Bob Dylan8, assim como o próprio cantor americano diz ter recebido influência dos Beatles em suas canções. Músicas como “Rock and Roll Music”, “No Reply”, “Mr. Moonlight”, “I’ll Follow the Sun”, “Eight Days a Week” me deixaram embasbacada. Não comprei o disco, mas corri para casa e fiquei aguardando que tocassem no rádio.
Até os Beatles surgirem na minha vida, considero que o meu mundo era muito pequeno; aos quase treze anos de idade eu havia feito o primário e só. Meus pais não tinham condições de me mostrar um universo maior. Os Beatles me deram a chance da abertura desse universo com novas perspectivas de felicidade.
Por essa ocasião, eu fazia parte da “cruzada”9 da Igreja da Candelária no meu bairro e em certa oportunidade em uma apresentação, de cunho beneficente, no teatro  da Casa Dom Macário de freiras, um anexo da igreja,  três colegas e eu nos juntamos e fizemos a dublagem dos Beatles  em “I want to hold your hand” (de Lennon&McCartney). Fabricamos guitarras e bateria com madeira e cartolina; eu era o Paul McCartney, meu ídolo, e nos divertímos para valer.
A juventude brasileira nessa época estava toda tomada pela moda Beatle. A grande pedida daquele momento  eram os cabelos compridos “a la Beatles”, calças apertadas  e as botas de salto e bico fino para os rapazes e as garotas usavam os  cabelos longos  com  franjas a cobrir os olhos e já  começavam a encurtar as saias.
Nessa época, a música jovem no Brasil  apresentava uma performance muito parecida com a música dos “fab-four”, sendo que muitos “covers” surgiram e muitas versões10 foram feitas no embalo de “Menina Linda” do Renato e seus Blue Caps,  com muito sucesso de vendas.
Iniciava-se então a terceira fase do “rock and roll” nacional, com a estréia em 22 de agosto de 1965, nas tardes de domingos, do Programa Jovem Guarda apresentado por Roberto Carlos. Artistas revezavam-se a cada fim de semana: Erasmo Carlos, Wanderléa, Bob de Carlo,
Jerry Adriani, os Jet Blacks, Renato e seus Blue Caps, Leno & Lilian dentre outros.

                       
                                 Foto 1 – Roberto Carlos, Wanderleá e Erasmo Carlos

No ano anterior, Erasmo Carlos,  ainda na onda do topete ”a la Elvis”, havia gravado,  uma música muito bem humorada, de sua composição  e de Renato Barros,  “Beatlemania”,  na qual ele expressava o ciúme de um jovem em relação à paixão da namorada pelos Beatles, porém na verdade demonstrava o ciúme geral dos rapazes pelos “fab-four”:

Beatlemania

                                            (Erasmo Carlos&Renato Barros)

Vou acabar com a Beatlemania
Que atacou o meu bem
É a ordem do dia
Cabelo comprido
Nunca foi prova de ser mau
Se eu não puder na mão
Eu brigo até de pau
Podem vir todos os quatro
Que eu não temo ninguém
Só não quero que fiquem
Alucinando o meu bem
Tenha calma amigos
A paz vai voltar
Pois com a beatlemania
Eu prometo acabar


Enquanto no Brasil iniciava-se a fase ié-ié-ié nacional, estourava nas paradas de sucessos da Europa e E.U.A,  com a música “Satisfaction”, o conjunto inglês “The Rolling Stones” de Manchester e depois de alguns meses fizeram muito sucesso por aqui também.  Houve alvoroço geral, pois a cada novo conjunto que surgia a imprensa falava em substitutos dos Beatles. É interessante notar que talvez essas “previsões” devam ter partido dos E.U.A que nunca perdoaram os Beatles por lhes ter tirado a hegemonia do “ranking” musical!
Vale observar que os Rolling Stones, originalmente formados por Mick Jagger, vocal, Keith Richards e Brian Jones, guitarras/vocais e por Charles Watts, bateria, após a morte de Keith em 69 e a saída de Brian, continuam na ativa, com outros integrantes, até hoje (2003), após quarenta anos de sucessos.
Continuando, em meados de 65, a Revista Intervalo da Editora Abril, semanário que trazia programação de TV e novidades sobre o ié-ié-ié,  publicou uma lista dos reis da juventude, sendo que os Beatles estavam entre os primeiros e  apareceram ao lado de Roberto Carlos, Rita Pavone (ié-ié-ié italiano) Elvis Presley, Wanderléa, Bob Solo (música romântica italiana), Ronnie Cord, Demétrius  etc.
O ano de 1965 estava terminando quando a Odeon,  representante  dos Beatles no Brasil,  lançou o LP Help com  a trilha sonora do filme. A partir das músicas desse “long-play” o estilo dos Beatles começou a mudar. Elas já não tinham aqueles acordes rápidos como os dos estilos “rock and roll” e ié-ié-ié ou mesmo das músicas mais lentas dos discos anteriores, a batida já não era a mesma. Apresentavam os primeiros indícios das experimentações dos próximos discos.
A partir de Help, todas as composições eram dos próprios Beatles, em sua maioria de Paul e John – Lennon&McCartney, de George Harrrison e algumas poucas de Richard Starkey – o Ringo. Novos instrumentos e sons  foram incorporados, como por exemplo, a flauta em “You’ve Got to Hide your Love Away”, o solo  de guitarra por Paul McCartney em Ticket to Ride e outras incrementações.  Os Beatles, então, marcaram o início de um novo estilo, denominado  simplesmente  “rock”,  embora Paul, George e Ringo muito modestamente,  tanto no livro como no filme autobiográfico Antologia se refiram a todas as composições dos “fab-four” como “rock and roll”.
Através da imprensa eu procurava acompanhar os passos dos Beatles, porém as notícias demoravam para chegar ao Brasil e infelizmente a Internet ainda não existia. Assim, sempre eu me perguntava, quando os Beatles viriam ao Brasil e isso tornou-se um sonho que nunca se realizou.
Porém, se eles não vinham pessoalmente eu tinha que me conformar com os filmes que eram um deslumbre. Quatro meses após o lançamento do LP  começou a ser exibido no Brasil em abril de 1966 o longa metragem Help e como em Os Reis do ié-ié-ié  houve depredações nos cinemas, pois os jovens ficavam por demais exaltados. Nesse mesmo ano, os Beatles ganharam o Festival de Cinema do Rio de Janeiro.
A propósito, eu e minha amiga Maureen (por uma grande coincidência ela tem o mesmo nome da primeira esposa do Ringo) assistimos Help oito vezes. Quatro no Cine Centenário na Vila Maria Baixa e quatro em um cinema da Penha. Naquele tempo, as sessões de cinema na periferia compunham-se de dois filmes e nos intervalos eram colocadas músicas ambientes (orquestradas), porém na época de Help foram abertas exceções e eles o exibiram isoladamente.
            Por essa ocasião, eu conhecia algumas palavras em inglês, então, o desejo de aprender esse idioma (naquela época acreditava que do ginásio eu sairia “expert” em inglês!) e incentivada principalmente pela minha mãe, fui fazer um curso de admissão,  durante aquele ano,  para prestar vestibulinho e entrar no (antigo) ginásio.
O ano de 1966 não teve um bom começo para os Beatles. Em turnê à Manila nas Filipinas foram tratados como prisioneiros pelos guardas incumbidos da segurança deles até o aeroporto.  John, Paul, George e Ringo foram empurrados e pressionados, enfim criaram um clima de tensão em cima deles, por causa de um mal-entendido. Imelda, a primeira dama na época (esposa do presidente Marcos), realizou um jantar no qual esperava os Beatles que não compareceram. Segundo Brian, ele havia comunicado que os Beatles não poderiam comparecer ao jantar, o que não se sabe é por que Imelda ficou aguardando os Beatles – será que foi por orgulho ou mal-entendido?
Um outro acontecimento catastrófico para os Beatles foram as declarações de John Lennon sobre os Beatles serem “mais famosos que Jesus Cristo”. Essa declaração provocou  reações radicais e violentas, principalmente nos E.U.A,  pouco antes do início da quarta excursão àquele país.  Além do boicote em algumas estações de rádio, discos foram quebrados em praça pública  e revistas foram rasgadas e queimadas. Acontece que essa entrevista tinha sido dada por John Lennon à jornalista Maureen Cleave,  três meses antes e John falava em sucesso e  em popularidade dos Beatles comparados com Jesus Cristo e não em valores ou importância. Essa situação foi muito esquisitida e na minha opinião foi mais uma expressão americana contra os ingleses que haviam arrancado deles o “monopólio” musical.   
Enfim, após tantos incidentes, que talvez tenham sido o “pingo d’água” que estivesse faltando para que em agosto de 66 os Beatles encerrassem as turnês sem comunicar a ninguém. Como nas performances não conseguiam fazer boa música, pois em meio aos gritos das fãs não conseguiam ouvir a si  próprios,  o bom senso “Beatle” falou mais alto e a última apresentação ao vivo foi realizada no Candlestick Park em São Francisco, E.U.A .
Após essa última excursão, os “fab-four” saíram para  longas férias.  John aproveitou e a pedido de Richard Lester, o mesmo diretor de A Hard Day’s Night e Help foi para a Espanha participar das filmagens da comédia surreal How I won de War, um trabalho isolado sem muita repercussão. George, por sua vez foi para a Índia, uma singular viagem que foi relevante para a evolução musical dos Beatles. Paul, juntamente com George Martin, fez a trilha sonora para o filme The Family Way e Ringo passou algum tempo na Espanha com John e aproveitou para descansar do jeito que ele gostava, ao lado de amigos.
Vale ressaltar mais uma vez que os lançamentos dos Beatles no Brasil sempre aconteceram com muito atraso, em média quatro meses e isso implicou na evolução do ié-ié-ié nacional que, no final de 65, continuava explorando os primeiros discos dos Beatles, enquanto o ié-ié-ié dos “quatro cavaleiros do império Britânico”11 haviam já progredido para o rock. Na Grã-Bretanha com o lançamento do “long-play” Rubber Soul eles davam os primeiros passos da fase progressista, avançando ainda mais  em agosto de 66,  com o LP Revolver, usando  instrumentos exóticos,  como a cítara, a tabla – instrumentos indus-, e o harmonium em arranjos mais complexos.
Configurava-se uma popularidade cada vez mais crescente no Brasil de John, Paul, George e Ringo. No ié-ié-ié nacional muitos conjuntos e cantores surgiram ou trocaram de  estilo e de nome influenciados pelos “fab-four”, como por exemplo os cariocas, Brazilian Bitles, os paulistas The Beatniks,  The Brasilian Beetles, Os Quatro Loucos de João Pessoa no qual faziam parte Zé Ramalho12 e o conjunto gaúcho Liverpool.  
Não há nenhum registro da existência de fã-clube beatlemaníaco no Brasil até o final da década de 60. Ao que tudo indica, o primeiro fã-clube no Brasil foi criado seis anos após a dissolução dos Beatles, em 1976, pelos fãs Luiz Antonio da Silva – hoje presidente do fã clube Cavern Club – e Marco Antonio Mallagolli – hoje presidente do fã clube Revolution.
Nessa época, existiam os disk-jóqueis fanáticos que traziam novidades e tocavam discos importados, sendo que um dos mais famosos  foi o “Big-Boy”- Newton Duarte que apresentava  o programa de rádio Beatles Cavern Club. Outros programas divulgavam o ié-ié-ié nacional e os Beatles e eu os ouvia diariamente. Os principais eram o programa do radialista Barros de Alencar na Rádio Tupi AM e o programa Brasa, Balanço e Bossa apresentado por José Paulo de Andrade, na época,  na Rádio América AM (hoje ele apresenta programa de utilidade pública na Rádio Bandeirantes AM).
Também, a extinta TV Tupi de São Paulo passou a exibir aos sábados às 18h, um “cartoon” dos Beatles para deleite de todos os fãs. Os episódios que eram originalmente coloridos,foram transmitidos em preto e branco, uma vez que a TV em cores só chegaria ao Brasil por volta de 1972. As estórias eram dubladas em português e baseadas nas músicas dos Beatles e todo final trazia a música tema do desenho. Os personagens John, Paul, George e Ringo foram inspirados neles mesmos. Assim John deveria parecer o intelectual, Paul o mais charmoso e elegante, George, com seu humor inglês, um pouco curvado e com pernas longas e finas e Ringo o brincalhão desajeitado. 
Dessa maneira, vendo e ouvindo os Beatles em “Yesterday”, “It’s only love”, “In my life”,   “Girl”, “If I need someone” e tantas outras maravilhas ao lado dos estudos no curso de admissão, aos quatorze anos, confesso que o ano de 66 foi um dos melhores anos da minha vida,  principalmente,  na segunda metade. No início, com o incidente nas Filipinas pelos Beatles cheguei a chorar quando o radialista, é claro que com um certo sensacionalismo,  transmitiu a notícia. Depois com a repercussão da entrevista de John, com a qual fiquei muito brava, uma vez que até os menos fanáticos entenderam muito bem a intenção dele, que realmente não foi a de ofender Cristo nem mesmo a religião.
Enfim, após as longas férias “os Beatles e eu” teríamos um ano de muito trabalho. Após prestar o vestibulinho 66 consegui vaga para cursar o ginásio na escola estadual mais requisitada do meu bairro, o Colégio Estadual Senador Paulo Egídio de Oliveira Carvalho.
Os “fab-four” iniciaram o ano de 67  com outro visual, cabelos levemente mais longos, costeletas, bigodes e roupas coloridas – chamadas psicodélicas. Sem as excursões enfrentaram um novo desafio musical  nos estúdios de gravação da Abbey Road, na região oeste de Londres (veja foto 2)


                                             Foto 2 - Ringo, John, George e Paul nos Estúdios da Apple (1967)

Assim, em junho de 1967, os Beatles lançaram na Grã-Bretanha o LP mais revolucionário em termos de música jovem. Ocupando quase quatro meses de estúdio Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band  foi um trabalho  ousado, pretensioso e sem propósito comercial,  um verdadeiro “trabalho de arte”, de acordo com   a crítica.  Com esse LP, os Beatles
foram considerados os precursores do rock progressivo, baseados na experimentação, no ineditismo e dando início à fase psicodélica13.
Foi o primeiro LP conceitual na história da música pop em geral e tudo girava em torno da “antiga” banda Sgt. Pepper e de seu líder Billy Shears - Ringo Starr  - que era apresentado ao público na primeira faixa do LP e “iniciava o show”. A banda do Sgt. Pepper, ou melhor, os Beatles, mais uma vez surpreendiam pelas idéias, sofisticação dos arranjos, com instrumentos indianos como  “tambura”,  “surmandal” e “adilruba” e outros como  harmonium, pianete, orgão Lowry e violinos e pela produção das letras mais bem elaboradas que tratava de um universo maior e com o uso de diversas metáforas. 
Cada uma das treze músicas interligadas de Sgt. Pepper’s traziam questões como saudade,  amizade, prazer, satisfação pessoal, crises existencialistas,  solidão, lazer, além de  reflexões  sobre a vida, sobre a impotência diante de certos fatos, questões sobre o futuro com “som” do passado (como em “When I’m Sixty Four” – um “ragtime”14).
Para exemplificar mais detalhadamente a evolução musical dos Beatles nesse LP reproduzo a letra de uma das canções mais bonitas “She’s Leaving Home”. O arranjo dessa música consta de harpa, contrabaixo, quatro violinos, duas violas e dois  celos,   além dos instrumentos convencionais. O eu-lírico conta a história de uma jovem solitária que insatisfeita abandona sua casa para fugir com o namorado, deixando seu pais desolados (CASSELLI,  2002, p. 137 ):

She’s Leaving Home
                            (Lennon&McCartney)

Wednesday morning at five o'clock
as the day begins
Silently closing her bedroom door
Leaving the note that she hoped would say more
She goes downstairs to the kitchen
clutching her handkerchief
Quietly turning the back door key
Stepping outside she is free

She (we gave her most of our lives)
is leaving (sacrificed most of our lives)
home (we gave her everything money could buy)
She's leaving home after living alone for
so many years (bye bye)

Father snores as his wife gets into her dressing gown
Picks up the letter that's lying there
Standing alone at the top of the stairs
She breaks down and cries to her husband
Daddy our baby's gone
Why would she treat us so thoughtlessly
How could she do this to me
She (We never thought of ourselves)
is leaving (never a thought for ourselves)
home (we struggled hard all our lives to get by)
She's leaving home after living alone for
so many years (bye bye)

Friday morning at nine o'clock she is far away
Waiting to keep the appointment she made
Meeting a man from the motor trade

She (what did we do that was wrong)
is having (we didn't know it was wrong)
fun (fun is the one thing that money can't buy)
Something inside that was always denied for
so many years (bye bye)
She's leaving home (bye bye)


No Brasil “Sgt Pepper...” foi lançado em agosto de 1967 e eu o ganhei como presente de aniversário de quinze anos. Confesso que  de início fiquei muito surpresa com o novo som, na época não entendia muito bem o que significava evoluir musicalmente e amadurecer nas composições. Eu preferia mesmo era um “rock and roll” ou um ié-ié-ié. Enfim, ouvindo meus discos antigos e o novo pude apreender o progresso musical de John, Paul, George e Ringo e percebi que era também o que eu deveria buscar. Comecei então a desfrutar dessa evolução.
Porém, o início do fim dos Beatles estava predestinado naquele 27 de agosto de 1967 com a morte de Brian Epstein, o empresário. Como um pai ele deixou os Beatles totalmente desamparados. Não musicalmente mas psicologicamente e eles ficaram sem saber o que fazer na parte burocrática já que era um trabalho totalmente assumido por Brian. Eu acredito que foi o começo do fim para os “fab-four”.
Dessa forma, os Beatles continuaram sua vida profissional,  mas no final de 67 notícias de um primeiro fracasso chegaram ao Brasil. Sob a direção de Paul McCartney o filme, feito para TV com lançamento da trilha sonora,  Magical Mystery Tour foi um fracasso de crítica e de público. Feito em cores, foi transmitido pela televisão inglesa em preto e branco na noite de natal daquele ano. Sua mensagem na época não foi muito bem entendida, porém hoje (2003) é tido como um filme clássico na história da música.
Como já mencionei anteriormente, o ié-ié-ié nacional pouco progrediu. Entretanto, sob a influência da fase psicodélica dos Beatles, surgiu no Brasil,  no final de 67,  um movimento jovem de revelia à Música Popular Brasileira, comandado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, paralelo ao movimento da Jovem Guarda,  comentado no item 3 do capítulo II.
Dessa maneira, na moda, os Beatles  continuaram a comandar e os rapazes para imitá-los passaram a usar os cabelos  mais longos, bigodes e costeletas e as vestimentas da moda que eram bem coloridas. A “farda” usada pelos “fab-four”,  como personagens do Sgt. Peppers, foi muito copiada. Até eu tive uma feita por minha mãe: rosa  como a do Ringo.
O ano de 1968 se iniciava trazendo uma grande alegria para uma brasileira e uma tremenda inveja para milhares de outras.  Lizzie Bravo, como eu, era uma fã que colecionava cada fotografia, cada recorte de jornal e tudo o que se imaginar relacionado a John, Paul, George e Ringo. Seu sonho era conhecer Londres e durante as férias de janeiro, aos 16 anos, seu sonho foi realizado.  Logo Lizzie misturou-se aos fãs que ficavam dia e noite à porta dos estúdios da Abbey Road.  Assim, conseguia ver os Beatles todos os dias e já era até conhecida por eles que como bons ingleses cumprimentavam os admiradores.
Naquele dia, caia uma chuva fina em Londres – fato normal -, quando Paul foi até os fãs e perguntou se alguém era capaz de emitir um som agudo. Lizzie e sua amiga Gayleen Pease se prontificaram a tirar aquele som. O resultado saiu em um dos “takes” da música “Across the Universe”. Essa versão aparece no LP beneficente “No One’s Gonna Change Our World” (lançado na Grã-Bretanha no final de 69) e no “Past Master volume 2” de coletâneas dos Beatles.
Os negócios para os Beatles iam muito mal e com isso o relacionamento entre eles  já não era o mesmo. John havia se divorciado de Cynthia e na época estava morando com uma artista de vanguarda Yoko Ono. Paul, que todos aguardavam seu casamento com a atriz Jane Asher também, sem mais nem menos, trocara de parceira, a fotógrafa Linda Eastman. Por aqui os comentários da separação dos Beatles começavam a chegar e os desmentidos também.  
A verdade é que os Beatles já não eram aqueles roqueiros inconseqüentes. Suas músicas haviam evoluído e eles também estavam mais maduros. Começaram os conflitos de idéias e os objetivos de cada um começaram a divergir, principalmente os de John Lennon e de George Harrison com os de Paul McCartney e de Ringo Starr.
Porém, a criatividade dos quatro rapazes continuava a todo vapor e em maio de 68 entraram novamente no estúdio para gravar o famoso Álbum Branco que por aqui seria lançado em fevereiro de 1969.  Esses dois  LPs foram o resultado de todo o trabalho dos Beatles desde 1957. Nele, todos os recursos eletrônicos, colagens de sons, arranjos orquestrais e influências orientais e mesmo eruditas foram utilizados. Foi o primeiro trabalho em que vários títulos foram gravados sem a presença simultânea dos quatro Beatles, mas a genialidade deles eu encontrei em todas as músicas, como por exemplo: “While My Guitar Gently Weeps”, “Ob-la-di,Ob-la-da”, “Mother Nature’s Son”, “I’m so Tired”, “Piggies”, “Blackbird”, “Julia” e “Helter Skelter” -  tida como precursora do estilo “hard rock”15.
Quero destacar também Happiness is a Warm Gun”, com sensacional vocal de John,  cuja letra, muito bem construída,  é muito polêmica. Muito se comenta da relação dessa música com drogas, mas prefiro interpretá-la como uma canção de muito erotismo através de metáforas e símbolos. Ela trata do adultério entre um artista que trabalha com “espelhos multicores” e uma garota - “Mother superior” - que inicialmente o observa pela janela. Como por exemplo; “jump the gun” é uma frase onde “gun” podemos apreender que simboliza o órgão sexual masculino, então é a própria metáfora de um ato sexual – “Mother superior “jump the gun” – Madre superiora (para dar um sentido antagônico ao sexo de puro ou mesmo de proibido) dispara o revólver – ela o excita com um gesto. O próprio título traz uma metáfora que remete ao sentido de todo a canção: A felicidade é uma arma quente - a felicidade é sexo ardente.
 Para exemplificar melhor a mensagem da canção, transcrevo a letra original (CASSINELLI, 2000, p.166) e uma tradução feita pelo grande poeta Carlos Drummond de Andrade16:
           
               Happiness is a Warm Gun               A Felicidade é um Revólver Quente
                              (Lennon&McCartney)                                (Carlos Drummond de Andrade)

She’s not a girl who misses much                      Até que essa garota não era muito
Do, do, do, do, do do yeah                                  Oi, oi, oi,  oi,  oi
She’s well acquainted with the touch               Acostumou-se ao roçar da mão de veludo
Of velvet hand                                                                                  
Like a lizard on a window pane                          Como lagartixa na vidraça
The man in the crowd with the                          O cara na multidão, com espelhos
Multicoloured mirrors                                          multicores
On his hobnail boots                                           Sobre seus sapatões ferrados,
Lying with his eyes while his hands                 Descansa  os olhos enquanto as mãos se
are busy                                                                 ocupam
Working overtime                                                 No trabalho de horas extraordinárias
A soap impression of his wife which                Com a saponácea impressão de sua mulher
he ate and donated to the National                   Que ele papou e doou ao Depósito Público
Trust
            Solo
I need a fix  ‘cause I’m going down                   Preciso de justa causa porque vou rolando para baixo
                Down to the bits that I left uptown                   Para baixo, para os pedaços que deixei na  cidade alta
Mother Superior jump the gun                           Madre Superiora dispara o revolver
Mother Superior jump the gun                           Madre Superiora dispara o revolver
Mother Superior jump the gun                           Madre Superiora dispara o revolver
Mother Superior jump the gun                           Madre Superiora dispara o revolver
Mother Superior jump the gun                           Madre Superiora dispara o revolver
Mother Superior jump the gun                           Madre Superiora dispara o revolver
Happiness is a warm gun                                    A felicidade é um revólver quente
Happiness is a warm gun                                    A felicidade é um revólver quente
When I hold you you in my arms                      Quando te pego nos braços
And I feel my finger on your trigger                  E meus dedos sinto em teu gatilho,
I know nobody can do me no harm                    Ninguém mais pode com a gente,
Because Hapiness is a warm gun                        Pois a felicidade  é um revólver quente
Yes it is                                                                    Sim ela é
Happiness is a warm gun                                     A felicidade é um revólver quente
Yes it is – gun                                                         Sim ela é – revólver
Happiness                                                                Felicidade
Happiness is a warm gun mama                          A felicidade é um revólver quente mama
Is a warm gun yeah                                                É um revólver quente


Continuando a falar sobre a evolução e ousadia musical dos “fab-four”, em junho  de 68 os “fab-four” lançaram o compacto simples “Lady Madonna” no lado A,  onde Paul fez o vocal e tocou piano em um arranjo complicado mas extremamente bom e uma música de George Harrison no lado B “The Inner Light”.  Essa música do George, o Beatle que mais sofreu influência da Índia, tem o acompanhamento de quatorze instrumentos indianos tocados por amigos seus: “sarod” por Ashish Khan, “tabla” e “pakawaj” por Mahapurush Misra, “shehnai” por Sharad Jadev, Hanuman Jadev e Vinayak Vohra, cítara por Shankar Ghosh, “surbahar”  por Chandra Shakher, “santur” por Shiv Kumar Sharmar,  “bansuri” por S.R.Kenkare e Hari Prasad Chaurasia, “dholak”, harmonium e “tabla”  por Rijram Desad.
Em julho desse mesmo ano, estreou nos cinemas o desenho animado “Yellow Submarine”.  Como no “cartoon” da TV,  outros artistas fizeram a dublagem das vozes de John, Paul, George e Ringo. Nesse filme os mocinhos só apareciam no final dando uma conclusão à trama.
            Fazia, aproximadamente, seis meses que os Beatles não se encontravam e os comentários sobre a separação deles acentuavam-se cada vez mais. Finalmente voltaram a se juntar no início de 69, nos estúdios da Apple na “Abbey Road”. Reuniram-se para fazer um novo LP somente com o básico: guitarras, baixo e bateria e pelo desejo de Paul fariam uma grande apresentação ao vivo para o lançamento. Resolveram que gravariam tudo: os ensaios, as gravações e depois editariam um filme.
Porém, o relacionamento entre eles já não estava bom e durante as filmagens as divergências agravaram-se. George queria lançar mais músicas suas e andava insatisfeito com seu espaço nos Beatles. John tinha outros projetos ao lado de Yoko. Paul, como sempre muito ligado ao trabalho, comandava e por isso não era bem visto por John e George. Ringo era uma exceção, sempre muito bonachão, para ele estava tudo sempre muito bem.
De qualquer forma, a produção do disco e do filme se realizou, mas ficou esquecida. A imensa vontade de Paul em voltar a fazer apresentações ao vivo restringiu-se a uma performance de improviso no teto do prédio da gravadora Apple no fim de janeiro de 69. Houve um tumulto geral, até a polícia londrina apareceu para preservar o direito ao silêncio dos vizinhos. É claro que os Beatlemaníacos das redondezas adoraram e agradeceram aos Beatles pelo “show” gratuito.         
Continuando, no ano de 1969, iniciei o terceiro ano do ginásio e começaram minhas aulas de inglês do (antigo) ginásio. Na verdade com o acompanhamento das músicas dos Beatles posso dizer que fui uma autodidata do inglês básico. Tudo, ou quase tudo, que a professora dava em aula eu já sabia. Assim, me matriculei na Escola Roosevelt, no centro de São Paulo,  para fazer um curso,  mas lá fiquei apenas dois meses e desisti, na verdade não acreditava que um dia eu pudesse dominar o idioma.
No ginásio eu estava me saindo muito bem, mas o relacionamento de John, Paul, George e Ringo não estava nada bem e tomaram uma derradeira decisão.  Em meados de 69, Paul ligou para George Martin, o produtor da maioria dos discos dos “fab four” e o convidou para a produção de um último disco. Incrédulo, George quis saber se todos estavam de acordo inclusive John. Assim, com todos sabendo que aquele seria o último trabalho, se reuniram para a execução daquele que seria o “canto do cisne”17 dos Beatles.          Desse modo, crítica e fãs concordaram que os Beatles nunca haviam tocado ou cantado tão brilhantemente como eles o fizeram em Abbey Road. A harmonia vocal nunca havia sido tão inventiva e precisa quanto nesse último disco com diversos momentos de pura beleza. “Something” (George Harrison), “Oh! Darling” (Lennon&McCartney), “Octopus’s Garden” (Richard Starkey), “Because” (Lennon&McCartney) e “Her Majestic” (Lennon&McCartney) escondida nos últimos sulcos do disco  são algumas “delícias” só para mencionar algumas. Sem falar no “medley”18 (todas de Lennon&McCartney) que finaliza o disco. São oito canções inacabas que os “quatro fabulosos” gravaram como um todo sem intervalos: “You Never Give me Your Money”, “Sun King”, “Mean Mr. Mustard”, “Polythene Pam”, “She Came in Through The Bathroom Window”, “Golden Slumbers”, “Carry that Weight” e o clímax que se dá no sentido mais literal da palavra “The End”.
Transcrevo aqui parte do “medley”: a primeira música “You never Give me your Money” e as três últimas “Golden Slumbers”, “Carry that Weight” e “The End”:

You never Give me Your Money

You never give me your money
you only give me your funny paper
And in the middle of negotiation you break down

I never give you my number
I only give you my situation
And in the middle of investigation I break down

Out of college money spent
See no future, pay no rent
All the money's gone, nowhere to go
Any jobber got the sack
Monday morning turning back
Yellow lorry slow, nowhere to go

But oh, that magic feeling
Nowhere to go
Oh, that magic feeling
nowhere to go
nowhere to go
Ah, Ooo, Ah, Ooo, Ah

One sweet dream
Pick up the bags and get in the limousine
Soon we'll be away from here
Step on the gas and wipe that tear away
One sweet dream
Came true today
Came true today
Came true today

One two three four five six seven
All good children go to heaven

..................................................................

Golden Slumbers

Once there was a way to get back
homeward
Once there was a way to get back home
Sleep pretty darling do not cry
And I will sing a lullaby

Golden slumbers fill your eyes
Smiles awake you when you rise
Sleep pretty darling do not cry
And I will sing a lullaby

Once there was a way to get back homeward
Once there was a way to get back home
Sleep pretty darling do not cry
And I will sing a lullaby


Carry that Weight

Boy, you're gonna carry that weight
Carry that weight a long time
Boy, you're gonna carry that weight
Carry that weight a long time

I never give you my pillow
I only send you my invitation
And in the middle of the celebrations
I break down

Boy, you're gonna carry that weight
Carry that weight a long time
Boy, you're gonna carry that weight
Carry that weight a long time

Oh yeah, all right
Are you gonna be in my dreams tonight

Love you, love you
love you, love you...

The End
           
  And in the end,
  the love you take is equal to the love you make Ah

Essas músicas expressam sentimentos muito profundos de disputas, encontros, desencontros, inseguranças, despedidas. É como se os Beatles estivessem acertando as diferenças, “lavando a roupa suja”.  A ironia em “You never give me your money” quando refere-se a dinheiro/papéis contratuais, número/situação mostram a disputa entre eles. Através de metáforas o eu-lírico fala da rotina que traz sentimentos bons e ruins, um “yellow lorry slow”, um caminhão amarelo lento” mesmo porque não há lugar para ir e “magic feelings”, ‘sentimentos mágicos”,  tornam o sonho realidade e uma limousine o leva chorando,  para bem longe e um sonho bom se concretiza nesse dia. Essa parte do medley tem como desfecho um clichê irônico, como em uma brincadeira de “amarelinha19”:  “One, two, three, four, five, six, seven... All good children go to the heaven” - todas as crianças boas vão para o céu – como se estivessem  se perguntando “e nós,  fomos bons? ultrapassamos as barreiras? iremos para o céu?”
Continuando, em “Golden Slumbers” o eu-lírico está procurando o caminho de volta para casa ao lado da amada e se oferece para cantar uma canção de ninar para que ela tenha “sonhos dourados”(bons sonhos). Na verdade é uma metáfora das inseguranças que nos acercam pela vida, quando parecemos perdidos; mas se há alguém que nos ajude, que nos apoie tudo fica mais fácil e nossos sonhos podem ser mais tranquilos.
Em continuidade, em “Carry that Weight” o eu-lírico fala do peso que o rapaz (“boy”) carrega, um peso como os Beatles carregaram durante tanto tempo – peso por ter que fazer boas músicas, de dizer palavras  bonitas, de carregar bandeiras. Aqui cruza-se a primeira música do “medley” “You never give me your money” em “I never give you my pillow I only send you my invitation”, o eu-lírico canta nunca ter oferecido sua intimidade mas convidou o “endereçado” para fazer parte dela. Para concluir, em uma exaltante “orquestra de guitarras” em “Carry That Weight”, precedendo “The End”, que é como um simulacro de uma “tampa em uma panela em ebulição”. Lá estão os três guitarristas, John, Paul e George, solando juntos em uma esplêndida interação com o perfeito solo da bateria de Ringo, lançando “The End” que fala no amor que eles nos deram e no amor que nós lhes demos:  “E no fim, o amor que você recebe é igual ao amor que você dá”, como um agradecimento a essa troca de amor entre eles e nós fãs. Na página seguinte, há uma foto do último encontro fotográfico dos Beatles, em agosto de 1969.
Em fevereiro de 1970, a imprensa começou a especular que os Beatles não estavam mais gravando pois,  pelos indícios deixados nos discos desde “Rubber Soul”,   Paul McCartney teria morrido e no lugar dele um sósia David Campbell teria assumido.
Aproveitando essa onda,  a TV Bandeirantes de São Paulo requisitou fotos aos fãs para que se verificasse a veracidade da notícia. Minha amiga do ginásio Leonor e eu fomos até o edifício Bandeirantes e levamos várias fotografias. Fomos entrevistadas no programa Brasa, Balanço e Bossa do José Paulo de Andrade (que na época havia sido transferido para a Rádio Bandeirantes) e entregamos as fotos requisitadas.

                                        Foto 3 - Última sessão de fotos: George, Paul, John e Ringo (1969)

Continuando, o programa apresentado por Celso Teixeira e Luiz Aguiar, foi ao ar no dia 24 de fevereiro e varou a madrugada. Porém, não passou de uma brincadeira como foi a brincadeira – muito bem bolada - feita pelos Beatles nas capas dos seus discos em que apresentavam pistas da “morte” e “substituição”do Paul  (embora até hoje os “quatro fabulosos” neguem qualquer intenção).
Em tempo, é bom ressaltar o “ecletismo” dos Beatles Em oito anos de profissionalismo gravaram diversos estilos: “rock and roll”, ié-ié-ié, rock, balada, ragtime, valsa, contry, “blues”, “hard rock” (“Helther Skelter” - foram considerados os precursores), música indiana e muitos outros. Os “fab-four” sempre  procuraram o aperfeiçoamento como músicos e como pessoas e acredito que esse é um dos motivos da grande admiração pelos fãs.
             Devo dizer que aproveitei e muito o amor que os Beatles me deram. Construi dentro de mim uma vontade de crescer, de aprender mais, de ser fluente no inglês, um amor pela música e pela vida. Quando terminei o colegial (hoje Ensino Médio) não tive oportunidade de continuar os estudos. Aos quarenta anos fui incentivada a perseguir meu sonho que era conseguir fluência em inglês (antes eu não acreditava que fosse capaz) e fui estudar inglês na Cultura Inglesa. Aos quarenta e sete anos, realizei mais um sonho, entrar para uma faculdade de Letras, de onde estou saindo formada. Ainda não domino o inglês, mas chego lá e agradeço a John, Paul, George, Ringo por tanta influência benéfica em mim e em milhões de pessoas em todo o mundo.
O fim dos Beatles estava próximo e no início de 1970, o filme e a trilha sonora “Let It Be” estavam sendo preparados para o lançamento. Há muito tempo que os quatro rapazes não se viam, cada um envolvido com seus projetos pessoais. Então, o disco “Let it Be foi entregue para os trabalhos finais do produtor Phil Spector, que colocou orquestras e coros em cima do que os Beatles tinham gravado, desagradando a todos, principalmente Paul McCartney.
No dia 10 de abril de 1970, após muitas desavenças, os Beatles, mais precisamente, Paul McCartney anunciou oficialmente a separação e apesar dos protestos à edição final, “Let It Be” foi  lançado,  no Brasil em julho de 1970, juntamente com o filme,  quase um ano e meio após as gravações.

Nessa história feliz com um final triste resta o conforto das palavras do Ringo: “Havia certos momentos muito amorosos, carinhosos entre quatro pessoas (...) uma intimidade realmente espantosa. Apenas quatro caras que realmente se amavam.”21.


1.2. A Atemporalidade dos Beatles – Pesquisa Brasil 2003
Um fato é inegável, a atemporalidade dos Beatles.  Nesses trinta e três anos após a separação eles “não morreram”. Embora John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr tenham feito carreiras solos bem sucedidas, os “fab-four” não foram esquecidos. Apesar de John e George não mais estarem entre nós20, como Beatle eles serão eternos.
Hoje no Brasil há pelo menos seis fãs clubes Beatles Cavern Club, Revolution, Magical Fan Club, Get Back, The Official Beatles Fun Club e Beatles Forever Fã Clube e um Portal na Internet, http://www.thebeatles.com.br, que se ocupam em manter os fãs bem informados e em suprir todo material lançado sobre os Beatles ou mesmo das carreiras solos de John, Paul, George e Ringo. Além disso, vinte e quatro bandas “covers” foram criadas, como por exemplo,  Brazilian Beetles, na ativa desde 1966, Beatles 4Ever, The Beatles Fan Club Band, Sgt Peppers Band, The Beatles Girls,  a primeira banda feminina. Em sua maioria são formadas por jovens que levados pela paixão pela música dos Beatles criaram suas bandas para manter a  ilusão de que o tempo parou nos anos 60, que para muitos foi a década de maior expressividade na história do mundo.
Nos últimos anos, muitos filmes e documentários têm sido lançados pelo mundo afora,  seja para mostrar a Beatlemania seja  para contar  algum acontecimento, como por exemplo, “Os cinco rapazes de Liverpool-Backbeat”; “John Lennon o Mito (In his life:  The John Lennon Story)”; “Tudo entre Nós”, etc. hoje encontrados em VHS ou DVD.
Após a separação dos Beatles em 1970 e depois da morte de John e George houve especulação de muito material inédito que a pirataria tratou logo de conseguir e comercializar impedindo de certa forma que eles sejam esquecidos.
Da mesma maneira nos últimos treze anos Paul McCartney, em sua carreira solo,  tem incluído em suas turnês pelo mundo muitas músicas dos Beatles,  mantendo viva então a lembrança dos “quatro cavaleiros de Liverpool”.
Em novembro de 2003,  foi relançado o trabalho “Let It Be”,  “quase” do jeito que era intenção inicial ser lançado. “Let It Be... Naked” foi resultado do trabalho de técnicos da Apple para tentar retirar as orquestraçõe e coros das músicas, deixando apenas os instrumentos utilizados pelo conjunto; não conseguiram retirar as instrumentações em algumas músicas e o disco ficou “quase” “naked”, mas mesmo assim foi um deleite para os fãs terem mais um lançamento dos Beatles.
Com esses lançamentos de discos, filmes e documentários no cinema  ou na televisão os “fab four” são sempre lembrados. Com as lembranças acontecem as homenagens,  seja dos fãs clubes,  imprensa, fãs ou de quem quer que seja. A minha homenagem veio em 1972, quando ganhei um “vira-latinha” e coloquei,  com muito orgulho, o nome  dele de “Beatle”. Em minha colagem, Beatlemania anexo 1, coloquei um recorte de uma foto dele.
          Outra homenagem foi feita pela prefeitura de São Paulo, no bairro da Lapa,  onde há uma praça enorme, muito bonita e com muito verde,  paralela à Rua Barão de Jundiaí, que recebeu o nome de Praça John Lennon:
   





                                                                   Posição Central da Praça
 















Cruzamento no final da Praça John Lennon




            Nos dias de hoje os Beatles ainda conquistam muitos fãs. Entrevistei vinte e seis pessoas, pela Internet e pessoalmente (anexo 5). As perguntas, além da solicitação da localidade da entrevista, foram:

1)       Qual seu nome, idade de profissão?
2)       Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
3)       Os “fab-four”o influenciaram? De que maneira?


O depoimento de cada uma dessas pessoas foi uma demonstração de  amor pela música e principalmente pelos Beatles. Foram declarações que me deixaram extremamente emocionada.
As pessoas entrevistadas têm idades entre 14 e 59 anos, sendo que a maior parte está acima dos 40 anos e pouco menos da metade são contemporâneos aos Beatles. Pude entrevistar uma dona de casa, um médico, estudantes, escritores, maestros, cantores profissionais e presidentes de fãs clubes dos Beatles, dentre outros. Pessoas de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul, da Bahia, de Goiás e até do Japão. Pessoas que foram influenciadas nas suas profissões, no seu gosto musical e mesmo nas suas atitudes.
O primeiro com quem conversei foi meu filho Marcos de 17 anos. Nunca tínhamos tratado diretamente desse assunto e ele me confessou que John Lennon o influenciou muito nas suas atitudes e no desejo de cantar em uma banda. Hoje depois de participar ao mesmo tempo de três bandas (de “heavy metal”) ele está cantando apenas em uma delas.
Um acontecimento hilariante na adolescência da entrevistada Mara Gama Bezerra, 53 anos, que morava em uma fazenda em 1965.  O pai ao vê-la “ouvindo, cantando e dançando” ao som dos Beatles comentou que “(...) essa menina ‘tá’ doida. Deve ser o sol quente na cabeça”.
Tive também a oportunidade de conversar com o Roger, 46, da banda Ultrage a Rigor e com o maestro Mário Manga, 47, na Choperia do Sesc Pompéia e pela Internet entrevistei a Lilian Knapp, 58, da dupla Leno&Lilian e o maestro Beto Iannicelli, 46. Tomei também os depoimentos de Ricardo Pugialli, 43, que juntamente com Marcelo Fróes escreveu o livro Os anos da Beatlemania, do presidente do fã clube Revolution -  Marco Antonio Malagolli, 50 e do presidente do The Official Beatles Fun Club  – Zé Lennon, 59.  José Carlos, 30, webdesigner do Portal, também respondeu à pesquisa e como eu a havia endereçado para a página “Send me a postcard” ela a publicou e muitas resposta vieram através dessa publicação. Recebi resposta até do Japão da fã brasileira Kiyomi Iwasaki, 33. Todos, em geral,  hoje músicos, cantores, “web designer” etc. confessaram que os Beatles os influenciaram demais, sendo fator decisivo na escolha  da carreira deles.
Foram entrevistas comoventes e todas revelaram a mesma coisa:  a “mágica” das músicas do mito Beatles.  Fenômeno igual quem sabe (????) um dia apareça,   mas jamais será superado. Cada resposta à pesquisa foi uma declaração de amor e um “muito obrigado” aos “quatro fabulosos” John, Paul, George e Ringo e como diz sempre o maestro Iannicelli (leia a entrevista dele): “God bless the Beatles”... Eternamente ...


Notas

1 Estratégia do governo dos Estados Unidos, durante o período da II Guerra até final da década de 50, através  da utilização de músicos, cantores e ritmos latinos-americanos,  para ampliar seus mercados na América Latina.

2 Período fabuloso do rádio de 1930 até final dos anos 50.

3 Em 1964 a obrigatoriedade de estudos era para os quatro anos do chamado “primário”. Depois poderia-se fazer mais quatro anos do “Ginásio” e mais três do “Colegial”. Hoje o “primário” e o “ginásio” foram englobados pelo “Ensino Fundamental” - obrigatório e o Colegial pelo “Ensino Médio”.
 4 Composição de Lennon&McCartney

5 Versão de Renato Barros.

6 Traduzido para a língua  portuguesa como:  ié-ié-ié

7 Tomei aqui a liberdade de parafrasear Luis de Camões no terceiro verso do Canto Primeiro em Os Lusíadas:  “Por mares nunca de antes navegados“.

8 principal representante do estilo de protesto “folk rock”

9 Grupo social infanto-juvenil pertencente a igreja “católica, apóstolica e romana” nos anos 60.

10 No Brasil foram feitas mais de trezentas versões de músicas dos Beatles, em sua grande maioria das compostas por Lennon&McCartney,desde quando surgiram no Brasil até a separação deles em 1970 (Fróes, 2003).

11 No final de 1965 os Beatles receberam da rainha da Grã-Bretanha  o título  de MBE (“Members of British Empire” – Membros do Império Britânico),  por isso são chamados “cavaleiros do Império Britânico”.

12 Cantor brasileiro nordestino de música de protesto.

13 Produção intelectual sob efeito de alucinógenos ou produção que se assemelha às executadas sob efeitos alucinógenos.  

14 Estilo de música sincopada do início do século XX. Elemento formador do jazz.

15 “Rock” pesado onde guitarras e baterias são principais elementos.

16 (1902-1987) Poeta modernista brasileiro, natural do interior de Minas Gerais. Autor de No meio do Caminho, José, Balada do Amor Através das Idades e tantas outras maravilhas da nossa poesia.

17 A derradeira e magnífica obra. 

18 Partes de várias músicas.

19 Brincadeira infantil com quadrados isolados e duplos, numerados de um a dez. Se a criança conseguir, pulando, ultrapassar os dez quadrados ela chega ao céu.

20 John foi assassinado no dia 8 de dezembro de 1980 e George morreu vítima de câncer no dia 29 de novembro de 2001.

21 Citação em: ROYLANCE, 2001, contracapa.


CONCLUSÃO


A Beatlemania aconteceu trinta e nove anos atrás, mas hoje ao se olhar à volta percebe-se que ela ainda está muito presente no Brasil.
Os fãs clubes, o portal  na Internet e as dezenas de conjuntos “covers” ocupam-se em manter viva a lembrança dos Beatles. Desde a separação dos “fab-four” em 1970,  a “pirataria” tem comercializado muito material inédito. CDs, fitas VHS, DVDs e muitos filmes e documentários têm sido lançados para deleite dos fãs e para quem quiser conhecer os quatro rapazes. Paul McCartney em  turnês mundiais, ele esteve no Brasil duas vezes, apresenta em sua programação pelo menos um terço de músicas dos Beatles.
Durante todos esses anos os “quatro fabulosos” têm influenciado muitos fãs brasileiros, que passaram a se interessar pelo idioma, pela cultura britânica ou mesmo na escolha de suas carreiras, como por exemplo,  músicos, professores de inglês, etc. Na entrevista realizada entre os admiradores houve depoimentos  de pessoas que tornaram-se  músicos como é o caso do Roger – Ultrage a Rigor,  do maestro e professor Beto Iannicelli e da cantora e compositora Lílian Knapp (ex-Leno e Lílian).
A música dos Beatles além de influenciar a carreira dos beatlemaníacos foi muito mais além,  ela alterou toda a performance da música jovem brasileira - que passou a chamar-se ié-ié-ié nacional -, assim como já havia acontecido com a música na Grã-Bretanha, E.U.A e em outros países do mundo nos anos 60.
Todos esses fatos e acontecimentos confirmam o poder musical dos “fab-four” no Brasil, que  foi tão grande que mesmo em suas carreiras solos John, Paul, George e Ringo não deixaram de ser vistos sempre como um Beatle. Os fãs contemporâneos aos Beatles continuam tão fiéis quanto no auge da febre beatlemaníaca.  Apesar de John Lennon e George Harrison terem morrido tão prematuramente os “fab-four” como grupo continuam mais vivos que nunca. O mito Beatles sobrevive a tudo e a todos os músicos anteriores e posteriores a eles. Influenciaram e influenciam crianças, jovens e mesmo adultos no Brasil e em todo o mundo. O talento carismático de John, Paul, George e Ringo vem fascinando gerações até os dias atuais.  Esta monografia foi um aprendizado e espera-se seja um ensinamento hoje e no futuro.



ANEXOS





Anexo 1

COLAGEM BEATLEMANIA






Anexo 2
DISCOGRAFIA BRASILEIRA
Compactos simples (CS), Compactos Duplos (CD) e “Long-Plays” (LP)
1962 a 1970

Discografia Brasileira contemporânea aos Beatles, diferente da discografia lançada na Grã-Bretanha ou E.U.A . Atualmente é  idêntica à  Discografia Inglesa, anexo 3.


1 -  LP Twistin' (Polydor LPG 46.612 - 11/1962)
- Primeiro disco lançado no Brasil a conter músicas dos Beatles. Foi creditado a Tony Sheridan e os Beat Brothers:
Lado A: My Bonnie / Skinny Minny / Whole Lotta Shakin' Going On / I Know Baby / You Are My Sunshine / Ready Teddy
Lado B: The Saints / Hallelujah I Love Her So / Let's Twist Again / Sweet Georgia Brown / Swanee River / Top Ten Twist .


2 - CS Please Please Me / From Me To You (Odeon 7I 3044 - 12/1963)
- Primeiro compacto simples lançado no Brasil pela representante da EMI no Brasil, a Odeon.

Músicas de Lennon&McCartney



3 - CD My Bonnie / Cry For A Shadow / The Saints / Why (Polydor DCP 621.517- 02/1964).
- Com a explosão dos Beatles na Inglaterra, a Polydor brasileira correu e lançou este compacto duplo, agora creditando Tony Sheridan como um mero acompanhante.

4 - LP Beatlemania (Odeon MOFB 274 - 03/1964)
- Primeiro “long-play” lançado pela Odeon, com a mesma foto da capa do disco inglês With The Beatles, mas o conteúdo foi alterado:
Lado A: I Want To Hold Your Hand/ It Won't Be Long /All I've Got To Do / Little Child / Don't Bother Me1 / Please Mr. Postman2
Lado B: She Loves You / Roll Over Beethoven3 / You Really Got A Hold On Me4 / I Wanna Be Your Man / Devil In Her Heart5 / I Saw Her Standing There
Músicas de autoria de Lennon&McCartney  exceto 1Harrison/2Dobbin-Garret-Garman Brianbert/3Berry/4Robinson/5Drapkin.


5 - CS I Want To Hold Your Hand / She Loves You (Odeon 7I 3049 - 03/1964)
- Os dois maiores sucessos do recém-lançado LP foram utilizados neste compacto simples.
Músicas de autoria  de Lennon&McCartney.


6 - LP O Mundo Em Suas Mãos - Volume 2 (Odeon MOFB 278 - 05/1964)
- “She Loves You” voltava a figurar em lançamento da Odeon nesta coletânea de sucessos internacionais. Como atrativo para os fãs, “Twist And Shout”, ainda inédita no Brasil, assim como outras canções do primeiro LP inglês do conjunto, “Please Please Me”.


7 - CS Long Tall Sally / I Call Your Name (Odeon 7I 3074 - 06/1964)
- Originalmente lançadas na Inglaterra em um compacto-duplo, estas músicas recém-gravadas pelos Beatles chegavam ao mercado nacional.
Músicas de autoria  de Johnson-Penniman-Blackwell/Lennon&McCartney
8 - LP The Beatles Again (Odeon MOFB 287 - 07/1964)
- O segundo LP lançado pela Odeon trazia músicas dos discos ingleses Please Please Me e With The Beatles, assim como algumas músicas de compactos ingleses e o novo sucesso do conjunto.
Lado A: Please Please Me / Boys1 / Twist And Shout2 / From Me To You / Baby It's You3 / I'll Get You
Lado B: Hold Me Tight / Money (That's What I Want)4 / Do You Want To Know A Secret / All My Loving / Love Me Do / Can't Buy Me Love
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1Dixon-Farrell/2Medley-Russel/3David-Williams-Bacharach/4Bradford-Gordy.

9 - CD Twist And Shout1 / A Taste Of Honey2 / Do You Want To Know A Secret / There's a Place (Odeon 7ID 4083 - 07/1964).
- A Odeon lançava um compacto duplo idêntico ao original inglês de 1963, mas a capa é exclusiva do Brasil.
Músicas de Lennon &McCartney, exceto 1Medley-Russel/2Scott-Marlow


10 - LP Ídolos Da Juventude (Odeon MOFB 289 - 08/1964)
- Mais uma coletânea de sucessos da gravadora Odeon. Os Beatles estavam presentes com os últimos sucessos no Brasil, “Long Tall Sally” e “Can't Buy Me Love”.
11 - CD I Want To Hold Your Hand / This Boy / She Loves You / Love Me Do (Odeon 7ID 4087 - 09/1964)
- Mais um compacto-duplo, trazendo em meio aos sucessos, uma inédita de 1963.
Músicas de Lennon&McCartney.


12 - CS A Hard Day's Night / I Should Have Known Better (Odeon 7I 3083 - 12/1964)
- Com cinco meses de atraso era lançada, no Brasil, a música tema do primeiro longa metragem dos Beatles. O Lado B deste disco viria a ser  nacionalmente conhecido na versão do conjunto Renato e seus Blue Caps, "Menina Linda".
Músicas de Lennon&McCartney.


13 - LP Os Reis Do Ié, Ié, Ié (Odeon MOFB 299 - 01/1965)
- O LP com a trilha sonora do primeiro filme do conjunto, A Hard Day's Night, que recebeu este título em português, foi o responsável pelo batismo do movimento musical que começava a crescer no Brasil, a futura Jovem Guarda. A capa brasileira veio na cor vermelha, contrastando com a capa original inglesa, que era azul.
Lado A: A Hard Day's Night / I Should Have Known Better / If I Fell / I'm Happy Just To Dance With You / And I Love Her / Tell Me Why / Can't Buy Me Love
Lado B: Any Time At All / I'll Cry Instead / Things We Said Today / When I Get Home / You Can't Do That / I'll Be Back
Todas as músicas são de Lennon&McCartney.

14 - LP Juventude Em Brasa (Odeon MOFB 310 - 02/1965)
- Nesta nova coletânea de sucessos, a Odeon aproveitou para lançar as duas músicas do compacto-duplo inglês “Long Tall Sally”, que ainda estavam inéditas no Brasil: “Matchbox” e “Slow Down”.
15 - CD A Hard Day's Night / I Should Have Known Better / Can't Buy Me Love / And I Love Her (Odeon 7ID 4094 - 02/1965)
- A Odeon lançava este disco para explorar o "filão" do filme.
Músicas de Lennon&McCartney.


16 - LP O Mundo Em Suas Mãos (Odeon MOFB 316 - 03/1965)
- Mais uma coletânea de “hits” internacionais a trazer músicas dos Beatles. Desta vez, além de “A Hard Day's Night”, uma música ainda inédita no país, a novíssima “I Feel Fine”.


17 - LP The Beatles (Odeon MOFB 317 - 04/1965)
- Este disco, que ficou conhecido como o Beatles 65 brasileiro era a versão nacional do Beatles For Sale inglês, mas a capa e a ordem das músicas eram completamente diferentes.
Lado A: Rock And Roll Music1/ Kansas City2 / I'm A Loser / No Reply / Mr. Moonlight3 / I'll Follow The Sun
Lado B: Eight Days A Week / Honey Don't4 / What You're Doing / Everybody's Trying To Be My Baby 5/ I Don't Want To Spoil The Party / Words Of Love6
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1Berry /2Lieber-Stoller /3Johnson/ 4Perkins/ 5Perkins/ 6Holly.
 

18 - CS I Feel Fine / If I Fell (Odeon 7I 3102 - 04/1965)
- Mais um compacto simples exclusivo do mercado brasileiro.
Músicas de Lennon&McCartney.


19 - LP Ídolos Da Juventude - Volume 2 (Odeon MOFB 324 - 06/1965)
- Esta foi a última coletânea de sucessos da Odeon que incluiu músicas dos Beatles. Além de trazer uma das favoritas do último LP, “Eight Days A Week”, apresentava o novo sucesso do conjunto,  “Ticket To Ride”.
20 - CS Eight Days A Week / Rock And Roll Music (Odeon 7I 3119 - 07/1965)
- Os novos sucessos no Brasil eram apresentados em mais um disco exclusivo. A curiosidade era que a capa era idêntica ao do lançamento anterior.
Músicas de Lennon&McCartney e Berrry.
 

21 - CS Ticket To Ride / This Boy (Odeon 7I 3134 - 10/1965)
- Mais um compacto exclusivo, em termos de músicas e capa.
Músicas de Lennon&McCartney.


22 - CD Help! / I'm Down / Not A Second Time /1 Till There Was You (Odeon 7ID 4102 - 11/1965)
- Ao invés de lançar o novo compacto do conjunto em seu formato original, a Odeon optou por lançar as músicas neste compacto duplo, com as duas que ainda faltavam do LP inglês With The Beatles.
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1Willson.


23 - LP Help! (Odeon MOFB 333 - 12/1965)
- Este disco foi a versão brasileira da trilha sonora do novo filme dos Beatles, aqui batizado de... "Socorro". Novamente a Odeon aproveitou para tentar colocar em dia a discografia do conjunto, encaixando músicas de compactos de 1962 e 1963, ainda inéditas no Brasil.  As músicas do lado 2 do Help inglês ficaram de fora do lançamento nacional, assim como o lado B original do compacto “Ticket To Ride”. Mais um disco exclusivo dos fãs brasileiros.
Lado A: James Bond Theme / Help! / The Night Before / * I Need You / You've Got To Hide Your Love Away / You're Gonna Lose That Girl / Another Girl
Lado B: Ticket To Ride / I'm Down / I Feel Fine / Thank You Girl / Ask Me Why / P.S. I Love You
Músicas de Lennon&McCartney, exceto * de Harrison.


24 - CD You Like Me Too Much / Tell Me What You See1 / Dizzy Miss Lizzie2 / Yes It Is (Odeon 7ID 4106 - 01/1966)
- Nenhuma das músicas deste compacto duplo eram possíveis “hits”, mas a Odeon tinha que colocar a discografia em dia.
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1Harrison/2Wiliams.


25 - LP Rubber Soul (Odeon BTL 1001 - 03/1966)
- Finalmente a Odeon conseguiu lançar um LP dos Beatles exatamente como o original britânico.  O único problema é que ele chegou com três meses de atraso.
Lado A: Drive My Car / Norwegian Wood (This Bird Has Flown) / You Won't See Me / Nowhere Man / Think For Yourself1 / The Word / Michelle
Lado B: What Goes On 2/ Girl / I'm Looking Through You / In My Life / Wait / If I Needed 1Someone / Run For Your Life.
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1Harrison/2Lennon-McCartney-Starkey.


26 - CS Day Tripper / We Can Work It Out (Odeon 7BT 01 - 06/1966)
- Mais um disco lançado exatamente como o original inglês. A única diferença era que foi o primeiro compacto dos Beatles lançado no Brasil sem foto na capa e veio com seis meses de defasagem em relação ao lançamento inglês.
Músicas de Lennon&McCartney.


27 - CS Paperback Writer / Rain (Odeon 7BT 02 - 09/1966)
- Este chegou com quatro meses de atraso, e novamente sem foto na capa!
Músicas de Lennon&McCartney.

28 - CD Yesterday / Act Naturally1 / You Like Me Too Much2 / It's Only Love (Odeon 7BTD 2001 - 10/1966)
- Este disco foi mais um esforço da Odeon para colocar a discografia dos Beatles em dia. As músicas restantes do álbum Help inglês finalmente foram lançadas no Brasil, incluindo o sucesso “Yesterday”, mas chegaram com um ano de atraso!
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1Morrison-Russel/2Harrrison.


29 - LP Revolver (Odeon BTL 1002 - 10/1966)
Com apenas dois meses de atraso chegava o novo e revolucionário LP dos Beatles.
Lado A: Taxman * / Eleanor Rigby / I’m Only Sleeping/ Love You Too * / Here, There and Everywhere / Yellow Submarine / She Said She Said
Lado B: Good Day Sunshine / And Your Bird Can Sing / For no One / Doctor Robert / I Want to Tell You * / Got to Get You into My Life / Tomorrow Never Knows
Músicas de Lennon&McCartney, exceto * Harrison.


30 - CS Michelle / Yesterday (Odeon 7BT 03 - 11/1966)
-          Mais um lançamento exclusivo do mercado brasileiro. Novamente, sem capa!
Músicas de Lennon&McCartney.


31 - CS Yellow Submarine / Eleanor Rigby (Odeon 7BT 04 - 12/1966)
- Mais um disco inglês que chegou com quatro meses de atraso, e novamente sem capa!.
Músicas de Lennon&McCartney.


32 - LP A Collection Of Beatles Oldies... But Goldies (Odeon BTL 1003 - 03/1967)
- Lançamento idêntico ao inglês, com uma novidade para os fãs: a inédita “Bad Boy”, lançada apenas nos Estados Unidos em 1965. Novamente o lançamento brasileiro teve uma defasagem de quatro meses.
Lado A: She Loves You / From Me To You / We Can Work It Out / Help! / Michelle / Yesterday / I Feel Fine / Yellow Submarine
Lado B: Can't Buy Me Love / Bad Boy* / Day Tripper / A Hard Day's Night / Ticket To Ride / Paperback Writer / Eleanor Rigby / I Want To Hold Your Hand.
Músicas de Lennon&McCartney, exceto *Williams.
 

33 - CD I Saw Her Standing There / Misery / Anna (Go To Him)1 / Chains 2(Odeon 7BTD 2002 - 05/1967)
- Outro lançamento da Odeon com o objetivo de colocar em dia a discografia dos Beatles no Brasil. A ordem das músicas era a mesma do lançamento inglês de 1963, mas a capa era exclusiva do mercado brasileiro.
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1Alexander/ 2Goffin-King.


34 - CS Strawberry Fields Forever / Penny Lane (Odeon 7BT 05 - 06/1967)
 - Outro disco inglês que chegou com quatro meses de atraso e sem a belíssima capa original! .

35 - LP Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Odeon BTX 1004 - 08/1967).
- Lançado com apenas 2 meses de atraso em relação à Inglaterra, este foi o primeiro LP dos Beatles a ter uma versão em estéreo no Brasil.
Lado A: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band / With A Little Help From My Friends / Lucy In The Sky With Diamonds / Getting Better / Fixing A Hole / She's Leaving Home / Being For The Benefit Of Mr. Kite!
Lado B: Within You, Without You * / When I'm Sixty-Four / Lovely Rita / Good Morning, Good Morning / Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (reprise) / A Day In The Life / The Inner Groove
Músicas de Lennon&McCartney, exceto * Harrioson.


36 - CS All You Need Is Love / Baby You're A Rich Man (Odeon 7BT 06 - 08/1967).
- Lançado com apenas 1 mês de atraso em relação à Inglaterra, este foi mais um disco que veio sem foto na capa.
Músicas de Lennon&McCartney.


37 - CD All You Need Is Love / Baby You're A Rich Man / Penny Lane / Strawberry Fields Forever (Odeon 7BTD 2003 - 10/1967).
- Um lançamento exclusivo do Brasil, numa época em que a EMI inglesa havia notificado suas afiliadas pelo mundo para que os lançamentos fossem idênticos.


38 - CS Hello Goodbye / I Am The Walrus (Odeon 7BT 08 - 12/1967).
- Lançado um mês depois do original inglês, este foi mais um disco sem foto na capa.
Músicas de Lennon&McCartney.


39 - CD Magical Mystery Tour (Odeon MMT 01/02 - 04/1968).
- Lançado com 4 meses de atraso em relação à Inglaterra, este lançamento foi fiel ao original, incluindo o livreto de 24 páginas em  cores.
Disco 1: Magical Mystery Tour / Your Mother Should Know / I Am The Walrus
Disco 2: The Fool On The Hill / Flying1 / Blue Jay Way2
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1Lennon/McCartney/Harrison/Starkey e 2Harrison.


40 - CS Lady Madonna / The Inner Light * (Odeon 7BT 09 - 06/1968)
- Lançado com três meses de atraso, novamente um compacto dos Beatles foi lançado no Brasil, sem foto na capa.
Música de Lennon&McCartney, exceto * Harrison.

41 - CS Hey Jude / Revolution (Odeon 7BT 12 - 12/1968)
- Lançado com quatro meses de atraso, o primeiro compacto-simples do selo Apple saiu no Brasil com selo da Odeon. Somente a partir da segunda tiragem é que o disco veio com o selo correto. Mais um disco raro para os colecionadores estrangeiros. Para os brasileiros a segunda edição foi a rara, pois a primeira vendeu milhares de cópias.
Músicas de Lennon&McCartney.

42 - LP The Beatles (Apple BTX 1005/6 - 02/1969)
- O famoso "Álbum Branco", é lançado no Brasil com três meses de atraso. Como atrativo para os colecionadores, a primeira tiragem veio com a rotação da música “Revolution 1” alterada.
Lado 1: Back In The U.S.S.R. / Dear Prudence / Glass Onion / Ob-La-Di, Ob-La-Da / Wild Honey Pie / The Continuing Story Of Bungalow Bill / While My Guitar Gently Weeps1 / Hapiness Is A Warm Gun
Lado 2: Martha My Dear / I´m So Tired / Blackbird / Piggies1 / Rocky Raccoon / Don´t Pass Me By2 / Why Don´t We Do It In The Road / Julia / I Will
Lado 3: Birthday / Yer Blues / Mother´s Nature Son / Everybody´s Got Something To Hide Except Me And My Monkey / Sexy Sadie / Helter Skelter / Long Long Long1
Lado 4: Revolution 1 / Honey Pie / Savoy Truffle1 / Cry Baby Cry / Revolution 9 / Good Night
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1 Harrison e 2 Starkey.

43 - CS Ob-La-Di, Ob-La-Da / While My Guitar Gently Weeps *(Apple 7BT 16 - 03/1969)
Um disco que não foi lançado nos mercados inglês e americano, mas que fazia muito sucesso pelo mundo. Esta é a possível explicação para seu lançamento no Brasil, pela Odeon.
Música de Lennon&McCartney, exceto * Harrison.


44 - LP Yellow Submarine (Apple BTL 1007 - 04/1969)
- Lançado com três meses de atraso, a trilha sonora do desenho animado foi lançada aqui em sua versão inglesa.
Lado A: Yellow Submarine / Only A Northern Song1 / All Together Now / Hey Bulldog / It´s All Too Much 1/ All You Need Is Love
Lado B (George Martin Orchestra): Pepperland2 / Sea Of Time2 / Sea Of Holes2 / Sea Of Monsters2 / March Of The Meanies2 / Pepperland Laid Waste2 / Yellow Submarine In Pepperland
Músicas de Lennon&McCartney, exceto  1 Harrison e 2 George Martin.


45 - CS Get Back / Don´t Let Me Down (Apple 7BT 17 - 05/1969)
- O primeiro lançamento do "Projeto Get Back" é lançado no Brasil quase que simultaneamente, com menos de um mês de defasagem.
Músicas de Lennon&McCartney.

46 - CS The Ballad Of John And Yoko / Old Brown Shoe*  Apple 7BT 21 - 07/1969)
- Com quase dois meses de atraso, este foi mais um disco em que a Odeon mixava os dois canais estereofônicos das fitas que recebia, e "criava" uma versão mono.   Estes discos tornaram-se peças de colecionadores no mundo.
Música de Lennon&McCartney, exceto * Harrison.


47 - LP Abbey Road (Apple BTL 1008 - 11/1969)
- Lançado com dois meses de atraso, o último LP gravado pelos Beatles novamente tornou-se peça de colecionadores pelo mundo. O motivo era a prática da Odeon de mixar as fitas estereofônicas para criar versões mono.
 Lado A: Come Together / Something1 / Maxwell´s Silver Hammer / Oh! Darling / Octopus´s Garden2 / I Want You (She´s So Heavy)
Lado B: Here Comes The Sun1/ Because / You Never Give Me Your Money / Sun King / Mean Mr. Mustard / Polythene Pam / She Came In Through The Bathroom Window / Golden Slumbers-Carry That Weight/ TheEnd/ Her Majesty
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1 Harrison e 2 Starkey.

48 - CS Something / Come Together (Apple 7BT 26 - 12/1969)
- Mais uma vez tivemos lançado no Brasil, um compacto com falso sistema monofônico, e sem foto na capa.
Músicas de Harrison/ Lennon&McCartney.

49 - LP Hey Jude (Apple BTL 1009 - 03/1970
- Um disco americano considerado uma das melhores compilações de sucessos dos Beatles.
Lado A: Can´t Buy Me Love / I Should Have Known Better / Paperback Writer / Rain / Lady Madonna / Revolution
Lado B: Hey Jude / Old Brown Shoe* / Don´t Let Me Down / The Ballad Of John And Yoko
Músicas de Lennon&McCartney, exceto * Harrison.

50 - CS Let It Be / You Know My Name (Look Up The Number) (Apple 7BT 31 - 04/1970)
- Enquanto que, na Inglaterra, Paul McCartney anunciava nos jornais o fim dos Beatles, saía no Brasil este disco, com um mês de atraso. Era uma prévia da trilha sonora do último filme do conjunto.
Músicas de Lennon&McCartney.

51 - LP Let It Be (Apple BTL 1013 - 07/1970)
- Com dois meses de atraso chegava ao Brasil o novo (e último) lançamento dos Beatles. Não era o último gravado, pois este foi finalizado em janeiro de 1969, arquivado, e mais tarde trazido à tona, sofrendo “overdubs” e regravações.
Lado A: Two Of Us / Dig A Pony / Across The Universe / I Me Mine1/ Dig It / Let It Be / Maggie Mae2
Lado B: I´ve Got A Feeling / One After 909 / The Long And Winding Road / For You Blue1 / Get Back
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1 Harrison e 2 trad. arr.Lennon-McCartney-Harrison-Starkey.
52 - CS The Long And Winding Road / For You Blue* (Apple 7BT 37 - 08/1970)
-          Este disco americano foi o último lançamento dos Beatles no Brasil, no ano de sua separação.
Músicas de Lennon&McCartney, exceto * Harrison.


Anexo 3
DISCOGRAFIA INGLESA
Compactos Simples CS, Compactos Duplos CD e “Long-Plays” LP
1962 a 1970



Atualmente é também a Discografia Brasileira, porém em  formato de CD.


1 - CS Love Me Do / P.S. I Love You (10/62) Músicas de Lennon&McCartney.


2 - CS Please Please Me / Ask Me Why (01/63) Músicas de Lennon&McCartney.


3 - LP Please Please Me (04/63)
Lado A:
I saw her Standing There / Misery / Anna1 / Chains2 / Boys3 / Ask me Why, Please, Please me
Lado B:  Love me Do / P. S. I Love You /  Baby It’s You4 / Do You  Want to Know a Secret? / Taste of Honey5 / There’s A Place / Twist and Shout6   
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1Alexander, 2Goffin-King,  3Dixon-Farrell,  4David-Williams-Bacharach, 5Marlow-Scott,  6Russel-Medley
 
4 - CS From Me To You / Thank You Girl (04/63) Músicas de Lennon&McCartney.


5 - She Loves You / I'll Get You (08/63)Músicas de Lennon&McCartney.


6 - CD The Beatles Hits (09/63)
-
From Me To You / Thank You Girl / Please Please Me / Love Me Do
Músicas de Lennon&McCartney.


7 - LP With The Beatles (11/63)
-          Marca a época em que os Beatles começaram a entrar no mercado americano.

Lado A: It Won’t Be Long / All I’ve Got to do / All My Loving / Don’t Bother Me1 / Little Child / Till There was You2 / Please Mr. Postman3

Lado B:  / Roll Over Beethoven4 / Hold me Tight / You Really Got a Hold me5 / I Wanna Be Your Man / Devil in Her Heart6/ Not a second Time / Money7

Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1Harrison, 2Willson, 3Dobbin-Garret-Garman-Brianbert, 4 Berry, 5Robinson, 6Drapkin, 7Bradford-Gordon.


8 - CS I Want To Hold Your Hand / This Boy (11/63) Músicas de Lennon&McCartney.


9 - CD The Beatles Nº 1 (11/63)
-
I Saw Her Standing There / Misery / Anna1 / Chains2
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1Alexander e 2Goffin/King.

10 - CS Komm, Gib Mir Deine Hand/Sie Liebt Dich (01/64)
-  Versões em alemão para "I Want To Hold Your Hand" e "She Loves You", por exigência da gravadora ODEON da Alemanha.

11 - CS All My Loving (02/64)
- All My Loving / Ask Me Why / Money1 / P.S. I Love You
Músicas de Lennon&McCartney,exceto 1Gordy-Bradford.
 

12 - CS Can't Buy Me Love / You Can't Do That (03/64)
 Músicas de Lennon&McCartney.

13 - CS Long Tall Sally (06/64)
-
Long Tall Sally1 / I Call Your Name / Slow Down2 / Matchbox3
 Músicas de Lennon-McCartney, exceto 1Penniman-Johnson-Blackwell, 2Williams,    3Perkins.

14 - LP A Hard Day's Night (07/64)
Lado A: A Hard Day's Night / I Should Have Known Better / If I Fell / I’m Happy Just to Dance with You / And I Love Her
Lado B: Tell me Why /  Can't Buy Me Love / Any Time at All / I’ll Cry Instead / Things We Said Today / When I Get Home / You Can’t do That / I’ll Be Back
Músicas deLennon&McCartney.


15 - CS Things We Said Today/A Hard Day's Night (07/64)
Músicas deLennon&McCartney.


16 - CD Extracts From The Album "A Hard Day's Night" (11/64)
- Any Time At All / I'll Cry Instead / Things We Said Today /When I Get Home
 Músicas deLennon&McCartney.


17 - CS I Feel Fine/She's a Woman  (11/64)Músicas deLennon&McCartney.


18 - LP Beatles For Sale (11/64)
Lado A:
No Reply / I’m loser / Baby’s in Black / Rock and Roll Music / I’ll Follow the Sun / Mr. Moonlight / Kansas City / Hey, Hey, Hey, Hey
Lado B:  Eight Days a Week / Words of Love / Honey Don’t  / Every Little Thing / I don’t Want to Spoil The Party / What You’re Doing / Everybody’s Trying to  be my Baby


19 - CD Beatles For Sale Nº 1 (04/65)
-
No Reply / I'm A Loser / Rock And Roll Music / Eight Days A Week
Músicas de Lennon&McCartney

20 - CS Ticket To Ride/Yes It Is (04/65) Músicas de Lennon&McCartney.

21 - CD Beatles For Sale Nº 2 (06/65)
-
I'll Follow The Sun / Baby's In Black / Words Of Love / I Don't Want To Spoil The Party
Músicas de Lennon&McCartney.
22 - CS Help/I'm Down (06/65)

23 - LP Help (08/65)
Lado A: 
Help! / The Night Before / You've Got To Hide Your Love Away / I Need You 1/  Another Girl / You’re Gonna Lose that Girl /  Ticket To Ride
Lado B:  Act Naturally2/ It ‘s Only Love / You like me too much1 / Tell me What you See /  I’ve just    seen a Face / Yesterday / Dizzy  Miss Lizzy3 
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1 Harrison, 2 Russel-Vonie Harrison e  3Williams.


24 - CS Day Tripper/We Can Work It Out (12/65) Músicas de Lennon&McCartney.


25 - CD The Beatles' Million Sellers (12/65)
-
She Loves You / I Want To Hold Your Hand / Can't Buy Me Love / I Feel Fine
Músicas de Lennon&McCartney.
 26 - LP Rubber Soul (12/65)
Lado A
: Drive My Car / Norwegian Wood (This Bird Has Flown) / You Won't See Me / Nowhere Man / Think For Yourself* / The Word / Michelle
Lado B: What Goes On **/ Girl / I'm Looking Through You / In My Life / Wait / If I Needed *Someone / Run For Your Life.
Músicas de Lennon&McCartney, exceto *Harrison/**Lennon-McCartney-Starkey.


27 - CS Yesterday (03/66)
-
Yesterday/The Night Before/Act Naturally/It's Only Love
 MúsicasdeLennon&McCartney, exceto *Russell-Vonei Harrison.


28 - CS Paperback Writer/Rain (06/66)Músicas de Lennon&McCartney.


29 - CD Nowhere Man (07/66)
-
Nowhere Man/Drive My Car/Michelle/You Won't See Me
 Músicas de Lennon&McCartney.


30 -  CS Eleanor Rigby/Yellow Submarine (08/66) Músicas de Lennon&McCartney.


31 - LP Revolver (08-66)
Lado A:
Taxman * / Eleanor Rigby / I’m Only Sleeping/ Love You Too * / Here, There and Everywhere / Yellow Submarine / She Said She Said
Lado B:  Good Day Sunshine / And Your Bird Can Sing / For no One / Doctor Robert / I Want to Tell You * / Got to Get You into My Life / Tomorrow Never Knows
Músicas de Lennon&McCartney, exceto * Harrison.


32 - CS Penny Lane/Strawberry Fields Forever  (02/67)Músicas de Lennon&McCartney.


33 - LP Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (06-67)
Lado A
: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band / With A Little Help From My Friends / Lucy In The Sky With Diamonds / Getting Better / Fixing A Hole / She's Leaving Home / Being For The Benefit Of Mr. Kite!
Lado B: Within You, Without You * / When I'm Sixty-Four / Lovely Rita / Good Morning, Good Morning / Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (reprise) / A Day In The Life / The Inner Groove
Músicas de Lennon&McCartney, exceto * Harrioson.


34 - CS Baby You're a Rich Man/All You Need Is Love (julho/67)Músicas de Lennon&McCartney.35 - CS Hello Goodbye/I Am The Walrus (11/67) Músicas de Lennon&McCartney.


36 -  CD (2) – Magical Mystery Tour (12/67)
Disco A
: Magical Mystery Tour / Your Mother Should Know / I Am The Walrus
Disco B: The Fool On The Hill / Flying* / Blue Jay Way **
Músicas de Lennon&McCartney, exceto * Lennon/McCartney/Harrison/Starkey e ** Harrison.


37 - CS Lady Madonna/The Inner Light (03/68) Músicas de Lennon&McCartney e Harrison

38 - CS Hey Jude/Revolution (08/68) Músicas de Lennon&McCartney.


39 - LP (2) The Beatles - "Álbum Branco" (11/68)
Lado 1: Back In The U.S.S.R. / Dear Prudence / Glass Onion / Ob-La-Di, Ob-La-Da / Wild Honey Pie / The Continuing Story Of Bungalow Bill / While My Guitar Gently Weeps* / Hapiness Is A Warm Gun
Lado 2: Martha My Dear / I´m So Tired / Blackbird / Piggies* / Rocky Raccoon / Don´t Pass Me By** / Why Don´t We Do It In The Road / Julia / I Will
Lado 3: Birthday / Yer Blues / Mother´s Nature Son / Everybody´s Got Something To Hide Except Me And My Monkey / Sexy Sadie / Helter Skelter / Long Long Long *
Lado 4: Revolution 1 / Honey Pie / Savoy Truffle* / Cry Baby Cry / Revolution 9 / Good Night
Músicas de Lennon&McCartney, exceto * Harrison e ** Starkey.

40 - LP Yellow Submarine (12/68)
Lado A: Yellow Submarine / Only A Northern Song* / All Together Now / Hey Bulldog / It´s All Too Much */ All You Need Is Love
Lado B (George Martin Orchestra): Pepperland** / Sea Of Time** / Sea Of Holes** / Sea Of Monsters** / March Of The Meanies** / Pepperland Laid Waste** / Yellow Submarine In Pepperland
Músicas de Lennon&McCartney, exceto  * Harrison e ** George Martin.
41 - CS Get Back/Don't Let Me Down (04/69) Músicas de Lennon&McCartney.


42 – LP Abbey Road (09/69)
Lado A: Come Together / Something1 / Maxwell´s Silver Hammer / Oh! Darling / Octopus´s Garden2 / I Want You (She´s So Heavy)
Lado B: Here Comes The Sun1 / Because / You Never Give Me Your Money / Sun King / Mean Mr. Mustard / Polythene Pam / She Came In Through The Bathroom Window / Golden Slumbers/Carry That Weight/ The End/ Her Majesty
Músicas de Lennon&McCartney, exceto 1Harrison e 2Starkey.
43 - CS The Ballad Of John and Yoko/Old Brown Shoe (05/69) Músicas de Lennon&McCartney e Harrison.
44 - CS Something/Come Together (10/69) Músicas de Harrison/Lennon&McCartney.


45 - CS Let It Be/You Know My Name (03/70) Músicas de Lennon&McCartney.

 
46 - CS Let It Be (05/70)
Lado A: Two Of Us / Dig A Pony / Across The Universe / I Me Mine1/ Dig It 2/ Let It Be / Maggie Mae 3
Lado B: I´ve Got A Feeling / One After 909 / The Long And Winding Road / For You Blue1 / Get Back Músicas de Lennon&McCartney, exceto  1Harrison e 2 Lennon-McCartney-Harrison-Starkey /3trad. arr.Lennon-McCartney-Harrison-Starkey.





Anexo 4
FILMOGRAFIA BRASILEIRA

A filmografia dos Beatles é formada por três filmes, um desenho animado para o cinema e um filme para a televisão.  Nos dias de hoje,  esse acervo pode ser encontrado em vídeo ou DVD.


- A HARD DAY’S NIGHT – em Preto e Branco, United Artists
No Brasil chamou-se “Os Reis do Ié-Ié-Ié”. Foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro e Melhor Música Instrumental (George Martin - “o quinto Beatle”). Esse filme marcou o início do “video clip”. Foi gravado na Inglaterra.
Lançamento no Brasil: fevereiro de 1965
Direção:  Richard Lester
Produção:  Walter Shenson
Roteiro:  Alun Owen
Elenco: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr e Wilfrid Brambell.
- Essa produção mostra como foi a Beatlemania na época, destacando  dois dias na vida de John, Paul, George e Ringo – Os Beatles. Em paralelo, na parte ficcional, o avô de “Pauly” (como Paul é chamado  por ele) havia sofrido uma desilusão amorosa e para distrair-se é levado para acompanhar os Beatles em uma viagem. Os fãs correm atrás dos quatro músicos o tempo todo e eles correm atrás do vovô para resolver as atrapalhadas que ele faz. Os rapazes e moças contratados para representar os fãs deram muito trabalho aos seguranças, pois levaram a representação sério demais!



- HELP! - Colorido, United Artists
No Brasil recebeu o título de “Socorro”. Foi premiado pelo Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 1966. Foi gravado na Inglaterra, na Áustria e Bahamas.
Lançamento no Brasil: abril de 1966 
Direção: Richard Lester
Produção:  Walter Shenson
Roteiro:  Marc Behn
Elenco:  Leo McKern, Leonor Bron, Victor Spinetti e Roy Kinnear
- Segundo filme dos Beatles, do gênero aventura de James Bond que era muito popular na época. Conta a história da fuga dos quatro rapazes dos fanáticos de uma seita que procuravam um anel de sacrifício. Esse anel deveria estar com a virgem a ser sacrificada que o havia dado a Ringo.
   



- MAGICAL MYSTERY TOUR – feito para  TV – Colorido, Apple Films Ltd.
Não foi exibido no Brasil. Foi transmitido em preto e branco pela TV britânica na véspera do Natal de 1967. Na época foi tido como um fracasso, hoje é considerado um clássico. Esse filme foi gravado na Inglaterra.
Direção e Produção:  John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr.
- Sem roteiro definido, todos tinham total liberdade de ação.



                                                                                       Capa da fita em VHS                            




                                               Cena de Magical Mystery Tour – Paul, George, John e Ringo/1967


-   YELLOW SUBMARINE - Apple Films Ltd. /King Features/United Artists)

Desenho Animado em Cores

- As vozes dos Beatles foram dubladas por outras pessoas. As vozes dos Beatles foram dubladas por outras pessoas.
Lançamento no Brasil: julho de 1969.
Direção: George Dunning
Desenhos: Heinz Edelmann
- Desenho animado que relata história dos Beatles,  que partem de Liverpool em um submarino amarelo na tentativa de salvar uma terra surrealista –  Pepperland - de um grupo de vilões, os “Blues Minies”. Lá encontram a banda do Sgt. Peppers. Os efeitos visuais são magníficos e a trilha sonora maravilhosa. 



                                                                                            Capa da Fita VHS    
                                                                   Ringo,  George, Paul e John  em Pepperland.                        




- LET IT BE – Colorido, Apple Films Ltd.

Lançamento no Brasil:  maio de 1970.
Direção: Michael Lindsay-Hogg.
- Documentário que registra as cenas de ensaio e gravação do penúltimo LP Let It Be,  nos estúdios Twickenham e  Apple. Os Beatles ganharam o Oscar de melhor trilha sonora original.

      

 

 

                                                                                           Capa da Fita VHS                                    

 

 

 

 

 

                                                                 Os Beatles nos estúdios gravando Let it Be – 1969




Anexo 5
A INFLUÊNCIA DOS BEATLES NO BRASIL
Atemporalidade - Pesquisa 2003

1) Qual seu nome, idade e profissão?
 - Meu nome é Samantha Zamboni Pinotti; tenho 14 anos e sou estudante do primeiro ano do EM no colégio das   irmãs de São José de Vacaria no Rio Grande do Sul.
2) Como e quando foi seu primeiro contato com os Beatles?
- Meu primeiro contato com os Beatles foi com um bolachão de "A Hard Day's Night" do meu pai amei todas as músicas mas principalmente “Tell me Why” e “I'm Happy Just to Dance With You”... amo o vocal do George e “Tell me Why” era bem dançável... foi assim que começou.
3) Os fab-four a influenciaram? De que maneira?
- Se influenciaram ???? e como ... no meu jeito de viver , vestir  pensar.. .sou muito feliz por isso... claro que se    deve extrair só o que é bom , sabendo fazer   isso esta tudo bem assim como eles , não como c    arne de  origem animal, adoraria conhecer a Índia., tenho um bom senso de humor , e tento ser autêntica nas minhas      respostas...   posso dizer que sem os Beatles não saberia o que seria de mim ....não me imagino curtindo modinhas. Paz e Amor
Local da entrevista: Vacaria-RS               E-mail:   s_lucyinthesky@zipmail.com.br                                   data: 18/10/2003


1)       Qual seu nome, idade e profissão?
- Marcos Tetsuo Rico Koseki, tenho dezesseis anos e sou estudante.
2)       Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Foi através de minha mãe (Lúcia). Foi desde sempre pois nem lembro quando foi.
3)  Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Influenciaram-me no meu jeito de ser (principalmente o John Lennon) e no desejo de estudar música e formar uma banda.
Local da entrevista: minha casa                                                                                                                   data: 17/06/2003


1)  Qual seu nome, idade e profissão?
- Igor Fediczko, 18 anos, estudante.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Nunca tive um contato “direto” com os Beatles. Sempre gostei de música, gostava de Legião, Raimundos, Charlie Brown. Quando tinha 16 anos, conheci uma menina na minha escola, que amava os Beatles, sabia todas as letras. Eu não sabia quem eram os caras... Me  apaixonei, ela era uma das coisas mais bonitas que eu já tinha visto. Comecei a escrever poemas para ela, comecei a tocar violão para ela. Terminei, infelizmente só lágrimas. O que eu podia fazer? Entrei na Internet e fui baixar uma música dos Beatles para lembrar dela. All my Loving, perfeita para a ocasião para a ocasião. Gostei da música, eu me lembrava dela. Peguei outra, Help, linda... Cada música que eu pegava eu lembrava mais dela. Até que comecei a gostar mais dos Beatles do que dela. Hoje os dois. O amor que tive e o amor que tenho...
3)       Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Com certeza os Beatles me influenciaram. Impossível ouvir “All You Need is Love” e não ser influenciado. Impossível ouvir “Twist and Shout” e não ficar alegre cantando. Tudo que eu escrevo, comparo com os Beatles, vejo se seria algo que John Lennon publicaria. E além de me influenciar, tento influenciar os outros, meus amigos ... Beatles é lindo!
Local da entrevista: São Paulo-SP                        E-mail:  Igor Fediczko                             data: 22/06/2003


1)  Qual seu nome, idade e profissão?
- Luana Neres de Sousa, 20 anos, Estudante de História – UFG.
2)  Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Meu primeiro contato com os Beatles foi na infância, ouvindo compactos de meu pai. Posteriormente, aos 13anos. Conheci uma banda cover de Goiânia, Bitniks e através do vocalista – Júnior – pude expandir meus conhecimentos sobre os fab através de revistas como Revolution, documentários, vídeos e fitasK7 que ele me deu. Logo após passei a comprar LPs, colecionar fotos e garimpar mp3 e sites na Net, Posso dizer que no meio onde vivo sou a pessoa mais apaixonada pelos Beatles que conheço e tudo o que diz respeito à banda me interessa.
3)  Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Fui influenciada pelos “fabs” no desejo de aprender a tocar violão. Aprendi sozinha a partir dos 15 anos no intuito de tocar beatlesongs.
Local da entrevista: Goiânia-GO                                     E-mail:  Luana Neres de Sousa                                data: 28/07/2003


1) Qual seu nome, idade e profissão?
- Meu nome é Ricardo Frota, tenho 28 anos, estudo economia e tenho uma banda de rock’n’roll. A banda tem músicas próprias, tocamos BEATLES, Roy Orbison, Beach Boys e outros...
2) Quando e como foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Meu primeiro contato foi desde nenem, meu pai gosta dos Beatles, o apelido dele era "Zé Brito" (The Beatles)... Diz a lenda que eu ouvia Hey Jude na Rádio e eu tentava cantar... Isso com uns 2 anos, talvez! Eu sempre assistia especiais de John Lennon e Beatles quando eu era garotinho, meu pai assistia e eu via junto, mesmo quando era bem tarde da noite... Eu pedia para ver e ele deixava. Eu não sabia muito de que era possível se comprar discos com música, certo dia eu fui no interior da Bahia (Iuiu) e ouví uma fita de uma prima... O lado A era Michael Jackson (na época eu gostei...) e no lado B era os BEATLES... Eu adorei! Ouvia “Help!”, “She Loves You”, “In My Life”... Eu tinha uma namorada em Salvador chamada Michelle e uma no interior chamada Mabel... Aí eu ouvia a fita e cantava... Michelle e Mabel... Hehehe... Acho que isso foi em 1981/82... E 82 eu pedí nos dias das crianças um disco dos Beatles e um de Michael Jackson... Meu pai comprou o de Michael no Natal... E ele me deu "The Complete Beatles Oldies"... Acho que esse era o nome... Um disco cinza metálico... Amei todas as músicas... Depois ele me deu de aniversário o Beatles 4 Ever... E gostei mais ainda... Isso foi em 1982... Eram os únicos artistas que eu conseguia ouvir o disco inteiro sem pular uma faixa sequer... Fiquei fã... Depois eu tive um amigo que o pai dele tinha todos os discos e eu ficava tardes e noites descobrindo cada música como se fossem coisas extraterrenas, eu me deliciava como se tivesse um sorvete de chocolate de uma tonelada... Cada disco me dava uma sensação diferente... Era mágico...
3) Os fab-four o influenciaram? De que maneira?

- Costumo culpar os BEATLES pela minha vida louca, pois hoje era para eu ser um doutor ou coisa parecida, mas os caras me pegaram pela perna, me deram uma rasteira e me disseram... Curta a música, os amigos... Estou quase me formando, mas eu me dediquei muito ao rock'n'roll... E ainda dedico, pois a minha bandinha resolveu ressurgir das cinzas! Minha guitarra é uma Rickenbacker, diversas vezes eu criei cabelo como Lennon... Já usei óculos escuros redondinhos e cabelos estilo "With the Beatles"... Tenho jaqueta de couro, uso botas... Já usei anel em todos os dedos... Adoro "brincar" de BEATLE... Acho divertido... Componho... E minhas canções tem algo de BEATLES, era inevitável! Sou beatlemaníaco, mas apesar de toda essa brincadeira, eu não me considero um lunático, colonizado ou qualquer outra coisa... É apenas amor por um som que realmente mudou a minha vida...Sou totalmente paz e amor...

Local da entrevista: Salvador-BA                 E-mail: badfinger@ig.com.br                                  data: 23/10/2003



1)  Qual seu nome, idade e profissão?
- Pablo Aluisio, 29 anos, Advogado.
2)  Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Foi através da coleção de discos de meu irmão mais velho, sempre ouvi Beatles em casa. Em suma cresci ouvindo Beatles desde o berço.
3)  Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Musicalmente eles moldaram meu gosto musical. Através dos Beatles eu cheguei a Elvis, The Doors, Pinl Floyd, etc. Em minha vida particular não foi tão forte, até porque em algumas músicas chegaram a incentivar o uso de drogas, posição que sou totalmente contra. Em suma, os Beatles devem ser admirados por suas melodias e não por algumas de suas mensagens.
 Local da entrevista: Via Internet                        E-mail:  pabloaluisio@yahoo.com.br                                   data: 20/07/2003


1)  Qual seu nome, idade e profissão?
- José Carlos Almeida Oliveira. Idade: 30 anos. Profissão: webdesigner.
2)  Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Quando o John Lennon morreu, em 1980, começou a tocar músicas dos Beatles em todos os lugares. As rádios tocavam direto, as pessoas cantarolavam, as TVs mostravam várias imagens. É essa a primeira lembrança que tenho dos Beatles. A partir de então, tudo que eu encontrava e sobre eles em revistas e jornais, recortava e guardava. Isso bem antes de comprar o primeiro disco (que por ironia é o último deles, “Abbey Road”). De lá para cá já são mais de 20 anos de fanatismo. Hoje, posso expressar minha adoração pelos Beatles através da criação e atualização do portal Beatles Brasil.
3)  Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Eles me influenciaram muito, em todos os sentido. Não só o musical, mas comportamental e filosófico também. Musicalmente, além de todos os seus discos juntos e solo, também. Musicalmente, além de todos os seus discos juntos e solo, também passei a gostar de vários artistas que, se têm nada a ver com eles, mas o bom gosto já havia sido despertado pelos garotos. Mas na minha opinião, a maior influência deles na minha vida éa quantidade de bons amigos que fiz, tendo eles como interesse comum.
Local da entrevista: Salvador-BA                          E-mail: georgeharrison@bol.com.br                               data: 26/07/2003


1)       Qual seu nome, idade e profissão?
-Meu  nome é Kyomi Iwasaki, tenho 33 anos e trabalho em um escritório de telefonia internacional em Tokio, Japão.
2)       Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Meu primeiro contato com os Beatles foi através de um disco (vinil) da minha prima “The Beatles 1962/1966”,isso em 1980, mas quando Jonh Lennon morreu, o contato foi mais profundo,
3)       Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Os  Beatles me influenciam tanto na música quando no convívio, que só tendo humor e alegria é a solução dos problemas.
Local da entrevista: Tokio-Japão                          E-mail: Eliane Kyiomi Iwasaki                               data: 11/08/2003


1) Qual seu nome, idade e profissão?
-          Meu nome é Gilberto Koji Miyake, tenho 39 anos  e sou chefe de Vendas em uma multinacional japonesa.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Meu primeiro contato com algo dos Beatles foi em 1973, quando meu irmão, Ricardo Koichi Miyake (que hoje é titular da cadeira de literatura portuguesa na UniFMU), que estava com 11 anos na época, mostrou-me  uma revista chamada “Vigu”(Violão e Guitarra, creio que era esse o nome) a música “If I Fell”. Naquela época eu não fazia idéia de quem eram ou quão importantes tinham sido os Beatles. Mas, fiquei com esse nome de música na cabeça e quando a ouvi pela primeira vez, fiquei impressionado. Daí, para a pesquisa, aprender a tocar, aprender inglês, foi um pulo. A dedicação quanto aos instrumentos utilizados por eles  acabou me levando até a adquirir uma guitarra Rickenbacker 360 V 12- a mesma que o George Harrison ganhou da fábrica e ele usou na gravação do álbum “A Hard Day’s Night”. Fiquei até impressionado de ver uma reportagem numa revista semanal quando um artista de peso do pop nacional, declaradamente Beatlemaníaco, comprou uma guitarra igual, dizendo “finalmente “ter realizado o grande sonho da vida dele...”  e eu já havia realizado este sonho 3 e 4 anos antes. 
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Os  Beatles me influenciam fortemente em minha formação. Ainda acabou ajudando muito no lado profissional, bastante voltado para o marketing, imagem e comportamento – Brian Epstein foi um verdadeiro mestre na arte da “mega-exposição” de. seu “produto”. É claro que, com o tempo, a febre não passou, pelo contrário. Passei a pesquisar as músicas, seus arranjos e letras e – como muitos – notei o estrondoso  crescimento em qualidade dos Fab Four. Não é exagero, então dizer: “Muitas bandas influenciaram a música. Somente uma revolucionou o mundo: The Beatles”..
Local da entrevista: SãoPaulo-SP                          E-mail: miyake@toyobo.com.br                              data: 23/06/2003


1) Qual seu nome, idade e profissão?
- Meu nome é Marcelo Scavazza Sanches, tenho 41 anos, sou formado em Sociologia pela FESP, estudei na Escola Municipal de São Paulo, fui proprietário de duas lojas de discos entre 1990 e 1996 (uma delas com o nome de “Rubber Soul”) e também produzi um programa de rádio chamado “A Hora do Rock” em São José do Rio Preto, entre 90 e 92. Depois, trabalhei na Rádio USP como locutor. Atualmente faço locução para a “Me Diz” – Gradiente e trabalho como narrador “free-lancer” de documentários para a TV, e estou começando a atuar como articulista de música para sites e revistas de música. Também componho canções e já toquei num grupo de rock dos anos      80.  
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Eu tinha 4 ou 5 anos de idade e minha família morava na cidade de Mirassol (SP) onde nasci, quando meu pai, Sr. Rubens Sanches, um grande admirador  de música e colecionador de discos, nos presenteou – a mim e ao meu irmão mais velho – com dois LPs: um do Roberto Carlos e outro dos Beatles,o “Rubber Soul”. Daí em diante os inglês passaram a realizar a trilha sonora da minha vida, até os dias de hoje. Minha filha de 4 anos, também é uma grande fã dos Fabs!!. 
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Os Beatles me influenciaram bastante,  claro. Em primeiro lugar, a música. A magia das melodias e dos arranjos (principalmente os posteriores ao “Rubber Soul”) soavam-me como estimulante da fantasia. Cada fase me evoca um tipo de sentimento, em ordem: 1) alegria, energia e inocência (62-65); 2) melancolia, tardes ensolaradas, introspectivas e solitárias, lembranças, saudades, fantasias (66/67) e 3) emoções mais fortes, amizades, maior ligação familiar, passeios com o meu pai pelas lojas de discos , escola, etc.(68/70). Tais sentimentos, persistem ainda hoje. As carreiras-solo me acompanharam na adolescência, juventude, namoros, casamento, morte de minha avó, minha filha nascendo, e a morte de meu pai em 2001 (ao som do mais recente disco de estúdio do Paul McCartney). As músicas que componho tem muito das estruturas harmônicas e melódicas dos Beatles, o estilo poético de Lennon depois da separação do grupo me fez literalmente a cabeça quando tinha 16, 17 anos (terapia do grupo primal, posições políticas, suas características de falar e seus mais profundos sentimentos e dores, sua fragilidade, enfim, tudo isso me fez sentir que havia algo mais que música. Muitos me atraíram também as características próprias de cada beatle. Paul, o romântico e otimista; George, o místico e discreto e Ringo, o engraçado e “bonzinho”. Acho que quando atuaram como grupo, esta diversidade de comportamentos acabou por estimular e despertar com maior amplitude nos fãs seus diferentes estados de espírito e sua mútliplas identidades. Isso tudo, claro, serviu como pano de fundo para a genialidade de suas singelas e bucólicas canções, que sempre possuíram o equilíbrio exato entre a doçura e a agressividade do rock & roll.
Local da entrevista: São Paulo-SP                          E-mail: mscavazza@ig.com.br                             data: 25/06/2003


1) Qual seu nome, idade e profissão?
- Mauro de Oliveira Vallim, 42 anos, Gerente Recursos Humanos.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Foi em 1966 (creio) em um rádio daqueles de válvula na casa onde eu morava com meu pai, mãe e irmã.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Muito. Foi da maneira de ouvir músicas, do gosto musical em si, do uso de roupas, do corte de cabelo, na forma de agir e principalmente na maneira de pensar e encarar a vida. Afinal, os Beatles foram e serão para sempre o que existe de melhor em termos  de musicalidade. 
Local da entrevista: Via Internet                         E-mail: vallimmauro@zipmail.com.br                             data: 23/06/2003


1) Qual seu nome, idade e profissão?
-          Ricardo Pugialli, 43, Biológo1.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Por intermédio de meus irmãos mais velhos, em 1966. Eles traziam discos, mostravam revistas, assistiam músicas na TV. Em 1968 eu já ouvia meus próprios compactos dos Beatles.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
-  Sim. Atitude, gosto musical, comportamento, humor, vestimenta, etc.
Local da entrevista: Rio de Janeiro                         E-mail: pugialli@tucunare.bio.br                            data: 18/08/2003


1)       Qual seu nome, idade e profissão?
- Carlos Eduardo Bernardes da Costa, 43 anos, comerciário (Gerente Adm. Fin.);
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Meus primos tinham um conjunto musical em Monte Alegre de Minas - MG, onde eu passava férias na casa de meus avós maternos. A banda chamava-se Tom Maior e tocava sempre Beatles. Eu na época contava com 6 anos e passei a achar que os Beatles eram eles. Aos poucos fui descobrindo quem eram realmente os Beatles, porém a identificação ficou como se os próprios Beatles fossem da família. Foi um lance meio que mágico para mim. Desde então nunca mais me distanciei das músicas e das notícias relacionadas aos Beatles. 
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Como ídolos e exemplos a ser seguidos me identifiquei mais com o Paul, desde criança, pelos desenhos animados (tenho vários episódios), onde me achava parecido fisicamente com ele, e, sabendo mais sobre cada um, pelo seu lado mais romântico. Influenciou-me então pelas letras  (sempre gostei de escrever) e pela maneira romantizada e suave de ver o mundo: respeito, carinho, paixão, amor. A própria criatividade, a presença de espírito e o fantástico humor dos quatro me influenciaram muito em várias situações na vida.
Local da entrevista: Goiânuia-GO                         E-mail:  georgeharrison@bol.com.br                          data: 21/07/2003


1)       Qual seu nome, idade e profissão?
- Vanderlei Mano – 45 anos – ex-cabeleireiro e baterista (agora aposentado).
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Por  volta de 1969 e1970 em bailinhos de rua.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Sim de tal maneira que me tornei músico profissional, chegando por várias ocasiões tocar com muito orgulho as músicas  dos Beatles. Por volta de1990 toquei com um músico que fez parte de um dos primeiros brasileiros a tocar Beatles, que eram os Beatniks.
Local da entrevista: Via Internet                          E-mail: vandermano@ig.com.br                             data: 26/06/2003


1) Qual seu nome, idade e profissão?
- Roger Rocha Moreira, 46, músico2.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- 1964, pelo rádio.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Influenciaram desde o meu comportamento até minha maneira de tocar. Usei (e uso) cabelos compridos, minha primeira banda era de cover dos Beatles, acho que desde que assisti o filme Help tive certeza de que queria ter uma banda.
Local da entrevista: Choperia do Sesc                                                                                                                                                           Data: 21/06/2003



1) Qual seu nome, idade e profissão?
-Beto Iannicelli- 46 anos- Músico/professor.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Meu primeiro contato foi em 1964, através do rádio, com a música “I want to Hold your Hand” que havia acabado de explodir no Brasil. De 10 rádios sintonizadas 9 estavam tocando IWTHYhand. Ou seja, sou um beatlemaníaco de 1ª hora e desde então, os Beatles fazem parte da minha vida, diariamente, ininterruptamente e irreversivelmente.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Os Beatles influenciaram o comportamento do mundo e comigo não poderia ter sido diferente. Eles não ditaram regras explícitas, mas despertaram ”atitude” nos jovens de todos o mundo, os quais deixaram de ser meros coadjuvantes, relegados a terceiro plano, para assumirem a frente de um movimento que contemplava a música, a alegria, energia, liberdade, irreverência e a quebra de paradigmas estabelecidos como  exemplos de “bom comportamento”. E tudo isso suportado por atitudes que seguiam, espontaneamente, um caminho frontalmente oposto ao que poderia ser chamado de comportamento de “bad boys”. As mensagens (implícitas ou explícitas) transmitidas pelos Beatles, sempre fizeram apologia a sentimentos nobres: paz, amor, não-violência, celebração, comunhão, e, certamente, esse legado perdura até hoje, mais vivo do que nunca. Alguém já disse: “Todas as pessoas que amam Beatles são pessoas melhores!”. Eu não afirmaria que são melhores (embora concorde) porém “mais felizes”, com certeza! Nunca deixo de agradecer a Deus por ter tido o privilégio de viver magia em toda sua plenitude. Não posso dizer que sou uma pessoa melhor (muito pretensioso) porém, inegavelmente, “Mais feliz”!!!  GOD BLESS THE BEATLES!
Local da entrevista: Via Internet                          E-mail: Beto Iannicelli                                                           data: 26/06/2003


1) Qual seu nome, idade e profissão?
- Mário Augusto Aydar (Mário Manga), 47, músico3.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- 1965. Pelo rádio.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Total. Hoje sou músico por causa dos 4 meninos de Liverpool. Posso dizer que George Harisson foi meu professor de guitarra.
Local da entrevista: Choperia Sesc Pompéia                                                                                                 data: 21/06/2003


1)  Qual seu nome, idade e profissão?
- Marco Antonio Mallagoli4, 50anos, sou músico, mas Beatlemaníaco de coração.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Por disco, foi em1963, quando um amigo do meu pai trouxe da Inglaterra o compacto simples da música ”She Loves You”... pirei na hora que ouvi, era o som que eu sempre quis ouvir na vida  e de repente o achei... e isso continua até os dias de hoje... graças a Deus. Os Beatles só viriam a aparecer no Brasil em meados de1964...foi uma longa espera até ouvir mais uma música...
Pessoalmente:
a) Com George Harrison em fevereiro de 1979, em São Paulo, no saguão do Hilton hotel, quando ele veio  a convite do Emerson Fittipaldi assistir o grande Prêmio de fórmula 1. Nessa ocasião estive com ele cerca de 9 vezes, mas todas duraram no máximo uns 5 minutos.
b) Com John Lennon, na porta do Edifício Dakota em New York, no dia 10 de outubro de 1980. Nós conversamos por uns quinze minutos e depois ele me mandou pelo correio de presente o disco de ouro  da música  “She LovesYou”.
c) George Harrison, no dia 25 de maio de 1988, passei uma tarde inteira com ele em Los Angeles, onde ele tocou guitarra para mim, me mostrou o clip da música “This is Love”, os demos da banda Traveling Wilburys - que até então era segredo e me contou várias histórias sobre os Beatles.
d) Ringo Starr – agosto de1989, em Saratoga Springs, New York, após um show dele, estive no camarim e tiramos uma foto juntos, mas nunca vi essa foto na vida.
e) Paul McCartney – em abril de1990, no Rio de Janeiro, onde por duas vezes estive no camarim dele, uma vez sozinho e na segunda levei minha esposa e filhos, a pedido dele.
f) Paul McCartney – dezembro de 1993, no camarim do show do Pacaembu, onde novamente levei minha família e ele e Linda se surpreenderam com o ”Tamanho das crianças”. 
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
Muito...por causa deles eu fui aprender inglês, viajei quase meio mundo à procura de material Beatles e deles mesmo, me aperfeiçoei em música – toco guitarra, violão, contrabaixo, teclados, bateria – enfim eles me deram os momentos mais felizes da minha vida e ainda dão. A música deles faz parte total da trilha sonora da minha vida, os fatos que eles viveram me influenciaram no meu modo de ser – com exceção das drogas – e as atitudes deles foram sempre um exemplo de vida para mim. Eles cantaram – All you Need is Love – entre tantas outras e as mensagens musicais deles são simples, singelas e maravilhosas, passando às pessoas o mais puro amor.Uma vez uma garotinha de 9 ou 10 anos de idade,  olhou para mim e disse – as pessoas que gostam dos Beatles são pessoas melhores...  e na hora eu entendi o que ela queria dizer, pois somos Mais felizes do que aqueles que não curtem a boa música dos Beatles.
Local da entrevista: São Paulo-SP                         E-mail: revolution@revolution9.com.br                       data: 25/06/2003

1) Qual seu nome, idade e profissão?
- Danilo Antonio Ferreira, 50 anos, sou responsável por todas as imagens digitais da revista Veja, Veja São Paulo e Veja Rio, sou supervisor do centro de tratamento de imagem, que vem a ser uma área de alta resolução dentro da redação.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Eu estava com 10 anos e meus primos estavam se preparando para assistir os Reis do Ié-ié-ié e eu não podia entrar, então armei o maior berreiro, porque já estava contaminado.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Os Beatles tiveram uma influência bem positiva na minha adolescência, na música sempre novidades uma fase de rock, uma fase mística, outra fase de baladas, mas a influência que causou mais trauma foi na área comportamental, porque enfrentei meus pais e não abri mão de usar cabelo comprido e no 1ºano do ginásio fui suspenso (acredite!!!!) porque estava usando botas iguais às dos Fab 4. Houve uma pressão muito grande por parte dos pais, professores e diretores com ameaças de retaliações para que voltássemos a ser os “bostas” que éramos, mas felizmente vencemos. Cara Maria eles tinham um bom marketing e bons assessores, porque os Fab4, estavam  perdidos nas drogas e não ficamos sabendo uma linha sequer sobre essas mazelas, portanto “façao que eu mando, e não faça o que eu faço”, mas como não sabíamos éramos inocente.
Local da entrevista: São Paulo-SP                    E-mail: Danilo Antonio Ferreira                             data: 23/06/2003


2)       Qual seu nome, idade e profissão?
- José Antonio de Souza Campagnolo – 51 anos –médico.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Meu primeiro contato com os Fab4 foi por volta  de 1965, na cidade onde moro Erechim-RS através do filme A Hard Day’s Night. Eu já havia ouvido falar de uns “cabeludos ingleses” que estavam fazendo sucesso na Europa e USA, com multidões assistindo aos seus concertos e comprando os seus discos, mas não fazia idéia do que era, pois como em toda cidade do interior, nos anos 60, Erechim era muito conservadora e as notícias demoravam para chegar. Acontece que o filme foi anunciado no cinema local com sessões contínuas das 14 às 22 horas (fato inédito na cidade) e resolvi ir ao cinema para ”estar na moda, ver o que era. O fato é que assisti às 5 sessões e, se tivesse mais eu assistiria, pois fiquei fascinado com a  “MÁGICA” que emanava do filme, algo nunca visto antes.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- A influência dos Beatles não foi só em mim, a influência foi um fenômeno de massa em que todos nós, jovens da época, fomos contaminados, iniciou-se um movimento mundial, silencioso (não em termo musicais), onde o inconsciente coletivo nos levou a tomar um novo rumo, com mudança de atitude frente ao “status quo” vigente. Sou de uma geração imediatamente pós-II guerra Mundial, onde a juventude estava procurando um caminho diferente daquele trilhado por seus pais e avós  (vide “ON THE ROAD”- Jack Kerouac 1946). Os Beatles foram catalisadores da rebeldia instaurada e instalada a partir de 1953 com a chegada do Rock’n’roll e os “rebeldes sem causa” proliferaram pelo mundo. Rebeldes Sem Causa era o que diziam os mais velhos que estavam acomodados a uma estrutura patriarcal, com a mulher submissa, os filhos sempre bem comportados e obedientes, podendo o homem mandar e desmandar sem ser contrariado.É uma História muito longa, que envolve múltiplas facetas, mas em resumo, os Beatles conseguiram fazer uma revolução musical, cultural e comportamental que transformaram o mundo e logicamente os seus contemporâneos que, por sua vez, transmitiram essas mudanças evolutivamente aos seus descendentes e eis que aqui ainda estamos por enquanto) para ouvir e reverenciar aqueles (infelizmente só restam dois) que partindo dos subúrbios de Liverpool ganharmos Mundo, mudando-o para melhor.
Local da entrevista: Erechim - RS                        E-mail: zemccartney@via-rs.net                             data: 25/06/2003


1) Qual seu nome, idade e profissão?
- Moacyr Ferreira, 51, Produtor de eventos musicais.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Sem querer. Entrei numa loja de discos na Av. São José pra  xeretar e a foto estampada na capa de um compacto simples me chamou a atenção. Pedi prá escutar e foi o suficiente. Aquele som diferente me hipnotizou. Isso foi no início de 1964.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Sim. De todas as maneiras. Roupas, calçados, cabelos e o interesse (quase que obsessão) por aprender a tocar instrumento. No início não houve muita preocupação em aprender o idioma inglês pois, assim como hoje em dia, eu também não me importava em entender o que eles cantavam, a melodia era mais que suficiente. Com o tempo as influências passaram a ser outras pois, não só passamos a receber mais informações, como também passei a entender o que cantavam e diziam.
Local da entrevista: São Paulo-SP                 E-mail: mrsanti@terra.com.br                           data: 29/06/2003


1) Qual seu nome, idade e profissão?
- Mara Gama Bezerra, 53,dona de casa.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Foi por meio do rádio, em1965, quando eu tinha 15 anos. Na época, eu morava numa fazenda no interior de São Paulo.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Na verdade, eles influenciaram apenas um período na minha vida, que foi a adolescência. O engraçado era eu, lá no mato, ouvindo, cantando e dançando as músicas dos Beatles e o meu pai falando: “Essa menina tá doida. Deve ser o sol quente na cabeça.”

Local da entrevista: São Paulo                                                                                                                     data: 23/06/2003



1) Qual seu nome, idade e profissão?
- Meu nome é Beatle Leci 54 anos (Paul tem 61, George vai fazer 61, John 63 e Ringo 63). Sou securitário.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Tomei conhecimento dos Beatles em1964 quando ouvi no rádio a música “She loves you”. Foi uma paulada, fiquei completamente maravilhado! Em estado de êxtase! Era a coisa mais incrível que eu já ouvira na minha vida.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Passei a estudar inglês intensamente para poder compreender tudo aquilo,   ia ver filmes, lia jornais ingleses, etc. e a coisa vem vindo desde então tenho uma coleção imensa de materiais Beatles discografia o oficial, boot-legs, carreira solo, carreira separada, fitas VHS, DVD, memorabilia, etc. Estive em Londres e Liverpool em 1995. Visitando todos os lugares ligados aos Beatles, visitei Strawberry Fields, Penny Kane, Cavern Club (casa de tia Mimi na Menlove Avenue 252,Woolton), casa do Paul  Forthlin Road 25 no bairro Allerton, casa do George, na Arnold Grove,12, no bairro de Wavertree, a tempo para ir a outros lugares...pelo que você pode ver continuo crazy pelos Beatles after all these days.
Local da entrevista: Via Internet                         E-mail: lecmac@globo.com.br                             data: 28/06/2003


1) Qual seu nome, idade e profissão?
- Meu nome é Olivete Bonfim, tenho 54 anos de idade ( tinha 15 anos quando ouvi, pela primeira vez, uma música dos Beatles); minha profissão: Biólogo.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Foi assim ... em 1964, eu ouvia, ao acaso, músicas comuns da época; um Frank Sinatra aqui, outro alí; um Elvis Presley aqui, outro alí, e assim a vida ia seguindo seu curso normal. Um dia, eu, minha tia e meu primo fomos a São Paulo, para visitar nossos primos. Ao caminhar pelo centro da cidade, notei, nos postes das avenidas e esquinas, fotos de 04 rapazes cabeludos ... mas, até aí, não tinha como saber do que se tratava. Nada aconteceu ! Dias depois, eu estava em casa, num sábado à tarde,um antigo cantor, que costumava se apresentar na Tv Record São Paulo, tinha um programa de rádio, onde ele apresentava músicas normais da época. Nesse sábado, março de 1964, ele anunciou que iria tocar uma música de um conjunto (hoje em dia, se diz grupo), inglês, o qual estava fazendo muito sucesso na Inglaterra e que o caso "deles" ( do grupo), havia chegado até o Parlamento Inglês, onde havia muita discussão sobre o grupo. Até aí, eu estava quieto, porque não tinha o que comentar. Chegou o grande momento, quando o apresentador do programa da rádio, colocou a famosa "I Want To Hold Your Hand" ... a gravação toda dura 03 minutos, aproximadamente. Veja: 1 minuto e meio, depois, eu já percebera, que se tratava de um grande e poderoso trabalho musical. Eu pensava comigo: "Meu Deus ! o que é isso ? que som estranho, é esse ? da onde saiu essa gente ? " Imediatamente, eu queria comprar uma cópia desse disco, com a música acima. Mas, nós estávamos em março de 1964, numa época em que o comércio fechava as postas ao meio-dia de sábado e só voltaria a funcionar na segunda, às 8:00h da manhã. Mas, até chegar essa segunda agora ... parecia que ia demorar um milhão de anos. E, realmente, demorou 10 milhões de anos até chegar a tal segunda-feira. Ainda tive que ir para o colégio, às 7:00h, da manhã, assistir ainda 05 aulas chatas, para sair do colégio, ao meio-dia, para, finalmente ir a uma loja de discos, para comprar uma cópia da música mencionada acima.
Naquele época, esse disquinho, era chamado de "compacto simples" por ter apenas duas músicas. No caso, vieram duas músicas: " I Want To Hold Your Hand" e do outro lado do disco, veio "She Loves You". Não preciso dizer que ouvi ambas as músicas, um milhão de vezes, sem parar. Os Beatles mesmo, se foram em Abril de 1970, mas suas obras ficaram em nossas mãos, para sempre.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
Sim os fab-four me influenciaram em muito, porque, a partir daquele momento quando conheci uma música deles, só tive olhos voltados para os trabalhos deles. Sabia um pouquinho de inglês, pelas aulas do colégio, mas aos poucos fui me "virando" para aprender um pouco mais de inglês, para que eu pudesse saber o que é que eles falavam nas letras das músicas. Hoje não sei tudo de inglês, mas o pouco que sei, dá pra conversar com o meu pessoal que mora lá. Como conseqüência também, comecei a ter uma vontade enorme, maior que o mundo, vontade essa de conhecer a Inglaterra que é a terra dos Beatles Eu estudei, trabalhei, guardei dinheiro e quando foi possível, fui visitar a velha Inglaterra, por duas vezes. Antes porem, em 1968, arranjei uma correspondente na Inglaterra - alguém que gostasse das músicas dos Beatles - com quem eu pudesse trocar notícias e informações sobre o quarteto de Liverpool. Quando fui para a Inglaterra, fui conhecer essa correspondente pessoalmente, juntamente com os filhos dela. Tornei-me amigos de todos - eles podem ser o que for, eu adoro todos eles, indistintamente - principalmente porque fui bem recebido no meio deles; eles me levaram pra conhecer muitos lugares; saíamos e almoçávamos sempre juntos. Comecei a ver a Inglaterra com outros olhos ... conheço boa parte de Londres - cidade velha, fria, meio cinzenta, mas eu amei a cidade. Um dia, ainda em 1964, John Lennon escreveu uma crônica sobre Liverpool, contando que " se tratava de uma cidade feia, velha, cinzenta, fria, mas que ele a amava muito..." - Aí, surgiu meu sonho de ir a Liverpool pra ver se Liverpool era da forma como John nos contou através de sua crônica ... Quando cheguei em Liverpool, a temperatura era de 03 graus negativos, muito frio, com vento gelado, chuva fina caindo, o ar estava cinzento e pude ver que partes da cidade eram velhas ... mas, eu também amei Liverpool !!!!! - da mesma forma como John nos contou !!! Ainda em 1968, quando a Rainha Elizabeth esteve em visita ao Brasil, eu fui à rua para vê-la passar. Estive a poucos metros dela. Admiro a Família Real, porque, vivemos em tempos tão dificeis hoje em dia, e no entanto a velha Inglaterra ainda preserva sua Rainha. Na Inglaterra, estive em muitos lugares, como por exemplo, próximo das bases militares americanas baseadas lá; estive no País de Gales, onde tudo se parece como um sonho pela beleza natural das matas, fazendas, rios e bosques. Em Liverpool, visitei o velho Cavern Club, atualmente reconstruído e preservado para sempre. Visitei as casas onde os Beatles nasceram e viveram, visitei o famoso portão de Strawberry Fields onde está localizada uma das escolas do Exército de Salvação onde John costumava brincar nos tempos de infância; estive em Penny Lane, que se tornou a famosa rua onde os Beatles viviam, etc. Visitei o Museu dos Beatles em Albert Dock; um lugar simples porém bonito e maravilhoso. Por causa dos Beatles, eu me apaixonei pela velha Inglaterra. Os ingleses são meio fechados, quase não dando bola pra ninguém ... é o que dizem !!! Mas, a partir do momento que a gente faz amizades com eles, pronto ... tudo fica mais fácil, porque todos conversam, riem, contam fatos, fazem perguntas, etc.;  é só uma questão de se fazer amizades !!!!
 Local da entrevista: Via Internet          E-mail: lordlancaster@bestway.com.br                         data: 14/09/2003

1) Qual seu nome, idade e profissão?
- Lilian Knapp5, Cantora e Compositora.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Meu primeiro contato com os Beatles, foi quando morei em Brasília, no ano de 1965 e ganhei de um    amigo, um compacto simples importado, com as músicas “From me to” e “Please please me”. Fiquei enlouquecida com os falsetes que faziam!.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Influenciaram a mim e toda a jovem guarda. A partir deles, comecei a compor em português.  A primeira letra que fiz profissionalmente, foi uma versão  de    “Ï’m Just Happy just to Dancing With You: (Sou feliz dançando com você)    que foi sucesso com “Renato e seus Blue Caps”.
Local da entrevista: Via Internet                     E-mail: lilianbarrie@yahoo.com.br                                data: 27/06/2003


1) Qual seu nome, idade e profissão?
- Meu nome é José de Jesus Souza, apelido: Zé Lennon6. Idade 59 anos. Profissão”: Produtor Cultural.
2) Como e quando foi o seu primeiro contato com os Beatles?
- Sou fã desde 1962. Eu ouvia todos os dias a Rádio BBC de Londres pelas ondas curtas. Em uma dessas vezes, em 1962, eles colocaram no ar uma música chamada “My Bonnie”, com Tony Sheridan acompanhado de um grupo de Liverpool, chamado “The Beatles”. Era só uma curiosidade, pois, nunca um grupo de Liverpool, havia gravado um disco em Hamburgo, Alemanha. Anotei o nome da música e dos músicos. Eu residia em Rio Grande (RS), cidade portuária semelhante ao Porto de Liverpool. Procurei com os  marujos estrangeiros esse disco em compacto simples e só fui encontrá-lo no final de 1962, em um navio alemão.Troquei-o por 5 LPs de músicas brasileiras, boleros e sambas.
- No Paul in Rio ele deu-me 3 ingressos para o show. Tenho autógrafo da Yoko e assisti 3 shows dos Beatles em 1965 nos Estados Unidos. Assisti aos dois shows dos Beatles no Houston (tarde e noite), o do Holywood  Bowl e o do Shea Stadium, num total de quatro.
3) Os “fab-four”  o influenciaram? De que maneira?
- Sim, os Beatles tiveram uma grande influência em mim e na minha família. Basta dizer que o meu filho Márcio Ricardo tem o nome Ricardo, em homenagem ao Ringo Starr, baterista dos Beatles, cujo nome verdadeiro é Richard Starkey Júnior. (Richard = Ricardo). E a minha filha que completou 7 anos no dia  23 de junho, chama-se Seane Lennon, ou seja, juntei os nomes de Sean Lennon (filho de John & Yoko), mais o nome de John Lennon. Imagino que a Seane seja a única pessoa no mundo que tenha esse nome. E a influência  dos Beatles não parou aí. Em 1989, registrei o domínio WWW.thebeatles.com.br, sendo o primeiro site de um fã clube, no Brasil. O Beatles Brasil por dois anos consecutivos ficou entre os dois melhores e mais votados sites do Brasil e ganhou certificados e troféus do iBest 2002 e 2003 (Categoria: Personalidades Fã Clube). No dia 06 de outubro de 1991 fundei o The Beatles Fun Clube que mais tarde tornou-se o The Official Beatles Fun Club Brazil. Em 25 de fevereiro de 2000 (domingo), juntamente com o meu amigo José Carlos, fundamos o Beatles Brasil – Portal. Esse site atualmente tem mais de 1000 links e brevemente completará 1.000.000 de acessos. A data foi em homenagem ao aniversário de George Harrison que nasceu no dia 25/02/1943. No mesmo ano, mas precisamente em 20 de novembro de 2000, fundei uma banda  masculina chamada: The Beatles Fun Club Band para representar o The Official Beatles Fun Club Brazil, nas festas e festivais promovidos pelo nosso Fun Club. Site da banda www.thebeatles.showz.com.br. The Beatles Fun Club tem um fã clube que veste as suas camisetas e prestigia a todos os shows com suas cativantes presenças. TBFCB – The Beatles Fun Club- The Official Fan Club http://br.groups, yahoo.com/group/tbfcb. Foi a única banda do Brasil que participou da primeira semana Beatle da Latinoamérica em Buenos Aires – Argentina,em Outubro de 2001. Convidada de Honra da 2ª Beatle Week 2002. Finalista do The Beatles Festival 2002, em PortoAlegre – RS.
Local da Entrevista: RS-Internet                          E-mail: Zelennon@yahoo.com.br                                     data: 30/06/2003






Notas

Autor, juntamente com Marcelo Fróes, do livro “Os Anos da Beatlemania”, Editora Jornal do Brasil, Rio deJaneiro,1992.

2 Líder da banda de rock nacional Ultrage a Rigor.

3 Músico formado pela USP e integrante do grupo Premê. Escreveu o prefácio de The Beatles Letras e Canções da Editora Leia Sempre, 2002.

4Presidente do Fã-Clube de São Paulo Revolution.

5 Ex-integrante da dupla de ié-ié-ié nacional Leno&Lilian

6 Presidente do Fã-Clube de Porto Alegre-RS,  The Official The Beatles Fan Club Band.




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Sites da Internet

Responsável: Sergius Gonzaga.

http://educaterra.terra.com.br./educação/

Responsáveis: Dr. Guilherme Pereira Neves; Dr. Humberto Fernandes Machado; Dr. Williams da Silva Gonçalves; Dra. Ana Maria dos Santos

Foto s/n – abertura do capítulo II
Foto 1 – The Beatles (1964)
Foto 2 - Quarrymen
Foto 3 – Cavern Club (1962)
Foto s/n – abertura do capítulo III
Foto 2 - Beatles nos estúdios Abbey Road
Foto 3 – Última sessão de Fotos

http://www.tucunare.bio.br/jovem_guarda.htm
Capítulo III - Foto 1 – Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa

Foto 4 - The Star Club
Foto 5 -  Beatles 1962
Discografia Brasileira
Discografia Inglesa
Filmografia

http://www.thebeatles.com.br/curiosidades-drummond-arma-quente.htm
Tradução de “Happiness is a warm gun”